Home TVEpisódio Crítica | Legends of Tomorrow 1X08: Night of the Hawk

Crítica | Legends of Tomorrow 1X08: Night of the Hawk

por Luiz Santiago
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estrelas 2,5

Obs: Há spoilers. Leiam as críticas dos demais episódios de Legends of Tomorrow, aqui.

Era uma vez, em Harmony Falls, Oregon, 1958, um psicanalista (Freudiano? Junguiano?) tinha uma ala proibida em um hospital. Uma inteiramente destinada a experimentos pouco usuais. Ele transformava pessoas em “gaviões” com a aguinha azul de um meteoro a fim de criar um poderoso exército — de gaviões??? — para atacar alguém ou alguma coisa. Eis que viajantes do tempo chegam a esta bela cidade (adicionem aqui muitas referências ao longa A Vida em Preto e Branco) e tentam encontrar um poderoso vilão que… adivinhem só… é o tal psicanalista fazedor de gaviões-gárgula.

A primeira pergunta que aparece é: qual a funcionalidade desse plot geral dentro de Legends of Tomorrow? E vejam, a meu ver, não estamos falando de um episódio ruim. Os 2,5 da avaliação apontam para um episódio mediano (medíocre, no sentido original da palavra), e creio que entre o charme da abordagem para os anos 1950 e o fortalecimento de algumas relações entre os personagens, tivemos realmente um número maior de coisas interessantes e boas ao longo dos 42 minutos do capítulo, que — e este é um dos motivos por ele ser apenas regular — copia toda a dinâmica já mostrada em Fail-Safe, com personagens agindo em tramas individuais que se afunilam para um final com batalha de aparência épica. Certo, já vimos isto fora da série e dentro da série, então a criatividade em escolher bases de enredo inexiste aqui. Mesmo assim, as coisas funcionam parcialmente bem. O episódio diverte, em partes. Mas ainda manca com o seu calcanhar de Aquiles: o foco e a coerência.

A chegada dos viajantes em 1958 após a luta contra os piratas espaciais em Marooned (outra saída estranha que serviu como um tiro no pé) teve uma motivação e um sentido. Gostando deles ou não, lá estavam e não adianta muito reclamar disso agora. Partindo daí, se o espectador compra o ponto de partida, fica difícil não se sugado para o desenrolar da história, que tem graça e até joga bem com os preconceitos da época, como sexismo, segregação racial e homofobia — nada assim tãaaaao diferente de 2016, hã? Isoladamente, diríamos até que temos uma boa história de outsiders (em vários sentidos) chutando baldes e bundas no meio do século XX, mas aí percebemos que fica muito fácil cotar em alta nota um episódio analisado isoladamente. Já experimentaram ver as coisas fora de contexto? Ou elas parecem boas demais ou ruim demais, não é mesmo? Mas esta não é a verdadeira avaliação sobre a coisa em questão, não é mesmo? Então…

Dessa forma, contextualizando o roteiro de Sarah Nicole Jones e Cortney Norris, temos bons diálogos abordando preconceitos de época, temos uma instigante — embora repetitiva — sequência de parcerias isoladas cujas ações se completam aos poucos (a montagem é boa no início do episódio, mas depois cai de nível) e temos, pelo menos no início, uma boa “desculpa” para a localização e encontro do vilão. Contudo, as coisas desandam à medida que vemos a inutilidade prática dos gaviões-gárgula de Vandal Savage, o Psicanalista; a super elevação das tramas paralelas, sendo que o objetivo final acabou caindo nas mãos de uma pessoa só; e a repentina e já torturante mudança de rumo para… imaginem vocês… voltar a matar o vilão — todos se lembram que a série inverteu sua linha de abordagem para ATRASAR o moço, não é mesmo? Pois bem, agora eles quiseram voltar atrás e só porque tinham a adaga-dos-milagres-imortais, pareceu uma boa ideia todo mundo mandar Kendra sozinha brincar de Viúva Negra (a aranha, não a heroína, sem bem que…) com o barbudo imortal e apunhalá-lo. E então você se pergunta, com os olhos revirados até a nuca: por quê isso, Senhor?

Se precisasse escolher um ponto em que o episódio funciona sem tropeços, certamente eu diria que é o trabalho da figurinista Vicky Mulholland em sua melhor caracterização para a série até o momento, capturando muito bem tendência da época e escolhendo cores e modelos que couberam perfeitamente em cada um dos personagens. Disparado, os figurinos são a melhor coisa desse episódio. E talvez como bônus, uma melhor colocação de Kendra na história, pelo menos antes do final, e uma atuação suportável (com pontinhos de — pasme! — ternura) de Caity Lotz. Também convenhamos que o episódio não esteve mal de direção, afinal, estamos falando do diretor que assinou Gremlins (1984) e Viagem Insólita (1987), não é mesmo? E de fato, Joe Dante faz o que pode para tornar a história palatável e instigante e consegue um bom resultado, para os padrões da série, especialmente se considerarmos a trinca de episódios anteriores…

O final é mais do mesmo, com algo ruim atrapalhando os planos e forçando a partida da nave. Nesse momento, nos decepcionamos com a completa e inaceitável relutância de Stein em se juntar a Jax para “não destruir a nave” (bullshit, eles não “explodem” quando se transformam!); a entrada de Chronos no melhor estilo “bicho piruleta doido, babando verde” e a decolada que deixa três pessoas para trás — pelo amor de Tempestade, de onde veio aquela neve toda? Eu perdi alguma coisa? Tem uma “versão do diretor” que explique aquilo, produção? Novamente, fomos pegos pela curiosidade. E as respostas só virão no dia 31/03/2016, porque a série vai entrar em uma mini-mid-season até lá. Sim, porque a CW tem a melhor dinâmica de exibição para suas séries incríveis, não é mesmo?

Nota nº1: o que vocês acharam da baita ignorada e enigma pelo que aconteceu com o Onda Térmica? Acham que ele está vivo ou que o Snart matou ele mesmo?

Nota nº2: qual foi a reação de vocês ao saberem que LoT foi renovada?

Nota nº3: vocês mergulham batatinhas fritas no milk-shake?

Legends of Tomorrow 1X08: Night of the Hawk (EUA, 2016)
Direção: Joe Dante
Roteiro: Sarah Nicole Jones, Cortney Norris
Elenco: Victor Garber, Brandon Routh, Arthur Darvill, Caity Lotz, Franz Drameh, Ciara Renée, Amy Pemberton, Wentworth Miller, Casper Crump, Ali Liebert, Melissa Roxburgh, Laura Mennell, Daryl Shuttleworth, Levi Meaden
Direção: 42 min.

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