- Há spoilers! Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série.
common This is like a bad reality show. – Zari Tarazi*
Se Paranoid Android focou bastante em sua função primária de nos apresentar os antagonistas e suas caricaturas violentas de bad guys, explicando o plano maléfico de Gideon do mal para a história de reapresentação da temporada, Lowest Common Demoninator é um exemplar bottle episode, uma espécie de episódio ainda mais episódico, quando necessita de mais criatividade pela limitação explícita do cenário, personagens, etc.
Os dois capítulos apresentam fatores concretos que os relacionam: primeiro, eles tem histórias que não progridem a série diretamente, utilizando o tempo de maneira mais estática, seja para introduzir algo (Paranoid Android) ou fechar alguns dramas de alguns personagens que eram secretos para os outros (Lowest Common Demoninator); segundo, porque ambos trabalham com caricaturas dos Legends que conhecemos, mesmo que um mude a personalidade e outro evidencie para fora gestos íntimos exagerados para um reality show. Com essas semelhanças as diferenças de qualidade aparecem ainda mais, ainda assim pode haver o questionamento: por que um episódio pode ser tão melhor que o outro, afinal?
Foi em sequência, após o hiato, que assistimos esses dois episódios tematizando individualmente suas aberturas, mudando a logo da série e os estilos nos decalques de apresentação dos nomes dos atores, fora as vestimentas dos personagens, que dessa vez não envolve disfarces para perambular por uma época específica na viagem no tempo. Embora isso não seja novidade para nós que acompanhamos a série, essa diferenciação modifica os Legends com conexões ao formato da TV. Os androides tinham uma motivação de caricatura associada a recontar a 7ª temporada e Nate (Nick Zano) ser uma comparação com John Cena na propaganda televisa do Pacificador no final de Paranoid Android, enquanto Lowest Common Demoninator insere a caricatura motivada por uma maldição para revelar os romances da equipe.
Apesar do primeiro exemplo se tornar superficial na comédia, estabelece os vilões antecipadamente e serve ao segundo exemplo acontecer , pois quando Ava (Jes Macallan) vai repensar as linhas temporais e o que eles fizeram na temporada, o episódio anterior já cobriu isso. Talvez seja por cauda disso que a caricatura dos personagens nesse nono episódio tem uma motivação mais livre, cômica e íntima do que se preocupar tão fortemente com a burocracia de nos explicar o que está acontecendo ao redor dos Legends, focando nas pontas soltas das relações entre os personagens não concluídas. Então, de certa forma, comparar os dois episódios pode ser injusto, já que um ajuda o outro a ser melhor?
Depois das perguntas, vamos as respostas! Independente da posição de cada episódio dentro da temporada, e da função de cada, ambos, em geral, empurram a bola de neve de problemas sem a Waverider praticamente no mesmo ritmo – recomeçando após o hiato. Porém, Lowest Common Demoninator estrutura melhor sua motivação isolada e os incrementos divertidos envolta da própria linguagem televisiva que se comenta e homenageia: os reality shows. Fica muito evidente para nós que o episódio gira em torno de si mesmo, se diferencia sem depender do anterior – não sendo injusta a comparação -, sendo engraçado e bastante empolgante de se assistir na mesma medida que vemos os nossos personagens se desvendarem.
Quem não havia pensado que o fato de Nate estar apaixonado por Zari Tomaz (Tala Ashe) não poderia ser um conflito dele conviver com Zari Tarazi por tanto tempo, quando ambas são praticamente iguais fisicamente? Quem não se sentiu minimamente assustado ou constrangido com a ideia de um alien travestido de humano (Gary – Adam Tsekhman) transar com Gideon (Amy Louise Pemberton), a nossa Gideon que se tornou um super computador humano? E a treta de casamento entre a capitã e co-capitã? Claro que Ava sempre pareceu mais materna diante dos Legends, não é mesmo? E se Behrad (Shayan Sobhian) sempre foi neutro, sempre aparentemente à parte dos grandes dramas, e antes do hiato da série o seu romance com Astra (Olivia Swann) tinham dado as caras, como não ser mais real o personagem explodir, lembrando ainda de sua morte, algo bem recapitulado no centésimo episódio?
Essas respostas são com vocês, porque comigo o episódio mostrou que tudo estava estranhamente no meu subconsciente e colocou à tona paulatinamente, como o inferno de um reality show mostrando todos os meus pecados mentais como espectador. E isso está bastante conectado com o aprendizado de Gideon, a personagem que ainda está aprendendo a ser humana, fechando mais um passo disso nesse episódio com outros dramas questionados no parágrafo anterior. Sobra, assim, o fio moral que os Legends sempre discutem: podemos mudar o tempo? Eles tem feito isso durante toda a temporada, e Paranoid Android deu a dica de que não fazer isso é bastante não humano. Logo, Gideon propõe o gatilho para a bola de neve de problemas rolar mais rápido: salvar o Arquiduque Franz Ferdinand, uma baita mudança temporal para Primeira Grande Guerra.
Por fim, o argumento comparativo de Lowest Common Demoninator com Paranoid Android é importante na medida que Legends of Tomorrow experimenta de tudo, mas nem sempre vai acertar com os mesmo moldes. Quando o oitavo episódio é engraçado soa superficial se comparado ao uso da comédia nesse nono. O que importa são episódios episódicos incríveis como esse da semana, que se passa apenas na Mansão de Constantine, tendo incrementos criativos que se envolvam na função de desenvolver os personagens, assim como aproveitou os reality show, que só vivem dos conflitos mais dramáticos, para encerrar conflitos. Se a série quer explicar algo, ou até fechar pontas soltas, que seja inventivo como esse episódio: dando respostas e terminando com uma pergunta literal – porque a bola de neve de problemas não vai parar.
Legends of Tomorrow – 7X09: Lowest Common Demoninator – EUA, 12 de janeiro de 2022
Direção: Eric Dean Seaton
Roteiro: James Eagan, Emily Cheever
Elenco: Caity Lotz, Tala Ashe, Jes Macallan, Olivia Swann, Adam Tsekhman, Shayan Sobhian, Lisseth Chavez, Amy Louise Pemberton, Nick Zano, Matt Ryan, Dylan Archambault, Giles Panton, Anna Barker
Duração: 42 min.
