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Crítica | Liga da Justiça: A Legião do Mal

por Guilherme Coral
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Baseado em uma das histórias mais famosas da Liga da Justiça, A Legião do Mal adapta o icônico Torre de Babel, no qual vilões roubam os planos de Batman para acabar com cada um dos membros da Liga caso eles fossem para o outro lado. Ainda que adaptações não precisem seguir à risca a proposta original, precisando manter somente a alma da obra na qual fora baseada, esse longa animado acaba desperdiçando muito do que tal premissa poderia oferecer, mantendo-se na rasa velha história de heróis contra vilões, sem levantar questionamentos mais pertinentes ou até mesmo um bom drama entre os membros da Liga.

Podemos observar isso na pouca atenção que o roteiro dá para a reação dos heróis quando descobrem que os planos utilizados contra eles são de criação do Homem-Morcego. Pouquíssimas palavras são trocadas e, de imediato, eles já partem para combater  Vandal Savage e seu plano para lá de inacreditável, para não dizer sem sentido: destruir metade do planeta Terra a fim de dominar a outra que sobrou e guiar a raça humana como seu soberano. Exagerada, tal ambição do antagonista mais soa como uma jornada de A para B da maneira mais complicada possível e sua visão de que a Liga é a única coisa capaz de impedi-lo entra em conflito com toda a construção desse universo, já que inúmeros outros heróis (inclusive o Ciborgue, que aparece aqui) são simplesmente ignorados. Vale lembrar que A Legião do Mal funciona como sequência direta de Crise em Duas Terras, que, por sua vez, apresentara heróis como o Aquaman, dentre outros.

Ligada a suspensão de descrença, porém, podemos, mesmo que minimamente, aproveitar a narrativa desse longa animado – isso é, não fossem seus outros nítidos problemas. O primeiro deles pode ser identificado logo nos minutos iniciais: a obra conta com um extenso prólogo, que, no fim, não faz a menor diferença para a história geral – podendo ser excluído ou encurtado. Claramente sua presença no filme funciona para trazer mais sequências de ação, mas essas já aparecem em grande quantidade, a tal ponto que nos cansamos de ver os mesmos heróis lutando de novo, de novo e de novo. Aliás, esse é um defeito recorrente das animações da DC Comics (inclusive as de LEGO), problema, naturalmente, herdado dos próprios quadrinhos de heróis (aqui incluo as duas grandes editoras), que, na grande maioria das vezes, opta pela saída mais fácil e rasa do que histórias efetivamente profundas.

Outro ponto negativo é a completa falta de urgência da narrativa. Desde cedo sabemos que a Liga conseguirá sair dessa situação, já que o texto insiste em transitar entre os diversos personagens, mostrando alguns deles já com esperanças de se livrar do seu próprio problema. Isso não só quebra nossa imersão, como prejudica  o andamento da obra, visto que a montagem burocrática de Christopher D. Lozinski pula incessantemente de personagem em personagem não possibilitando que qualquer suspense seja criado. O pior de tudo é que nenhuma interação entre os indivíduos retratados soa minimamente bem escrita, tudo mantém-se na superficialidade, sem qualquer informação que, de fato, acrescente em algo quando se trata do desenvolvimento desses personagens.

Dito isso, A Legião do Mal, mesmo sendo baseada em uma ótima revista da Liga da Justiça, não foge do entretenimento barato, do arroz com feijão que é o bem triunfando sobre o mal, sem qualquer perda. Cansativo e pouco envolvente, sem falar incapaz de gerar qualquer sensação de urgência, esse longa animado meramente diverte momentaneamente, sem gerar boas memórias ou incitar profundos questionamentos sobre a natureza e relação desses heróis. Uma bela prova de premissa desperdiçada.

Liga da Justiça: A Legião do Mal (Justice League: Doom) — EUA, 2012
Direção:
 Lauren Montgomery
Roteiro: Dwayne McDuffie
Elenco: Kevin Conroy, Tim Daly, Susan Eisenberg, Nathan Fillion, Carl Lumbly, Michael Rosenbaum, Bumper Robinson, Carlos Alazraqui,  Claudia Black
Duração: 75 min.

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