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Crítica | Liga da Justiça: Crise em Duas Terras

por Guilherme Coral
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À beira da conclusão da série animada Liga da Justiça, pouco antes do lançamento de Liga da Justiça Sem Limites, foi elaborado o roteiro de uma animação a ser lançada diretamente para vídeo, que preencheria a lacuna entre as duas séries. Abandonado, esse texto foi resgatado anos mais tarde em Liga da Justiça: Crise em Duas Terras, que, também, baseia-se no one-shot de Grant Morrison e Frank QuitelyLJA: Terra 2, publicado no ano 2000. Evidente que, por ter sido retrabalhado como um novo projeto, o longa animado não faz parte da continuidade dos dois seriados acima mencionados.

A trama tem início com a Liga já formada, construindo sua nova base na Lua. No meio da construção, eles são surpreendidos pelo pedido de ajuda de Lex Luthor de uma realidade paralela, que decidiu recorrer aos heróis para ajudar o seu mundo, que vive sob a supremacia do Sindicato do Crime, liderado por um grupo de seres com poderes, todos funcionando como paralelos aos famosos heróis da DC Comics. Relutantes, de início, a Liga decide ajudar e parte para a outra Terra, onde devem impedir o Sindicato antes que eles terminem a construção de sua gigantesca bomba, que irá, enfim, solidificar seu poder sobre o planeta.

Com apenas setenta e cinco minutos de duração, Crise em Duas Terras dedica bastante tempo a brigas entre os heróis e suas versões dessa realidade paralela. Ainda que a maioria das lutas sejam bem conduzidas – nada fora do comum, mas nos livrando de cortes excessivos – não há como não se cansar desse excesso, especialmente quando todas seguem pelo caminho mais óbvio: com os heróis tendo de lidar com suas exatas contra-partes (velocista x velocista e assim por diante). Tal aspecto transforma esses curtos minutos em horas e mais horas, dilatando nossa percepção da duração total e, no fim, perdendo nosso interesse na narrativa.

Na mesma linha, temos a insistência do roteiro de Dwayne McDuffie em explorar subtramas completamente desnecessárias, como o interesse romântico de J’onn J’onzz, que simplesmente surge, sem qualquer construção – em dado momento ele diz que está conectado a uma mulher quem acabara de conhecer e no outro já estão se beijando (ou o equivalente marciano dessa demonstração de afeto). O mesmo vale para a decisão inicial de Batman em continuar em sua dimensão, somente para ser forçado a cruzar para o outro lado posteriormente – desdobramento da trama totalmente desnecessário, que serve apenas para criar mais conflitos entre os heróis e vilões, trazendo, inclusive, a participação de outros heróis da DC Comics, como Aquaman.

A animação em si, pelo menos, soa fluida, com pontuais momentos mais travados, em geral quando os personagens estão andando mais lentamente. Durante os combates percebemos um cuidado maior, especialmente quando os diretores Sam Liu e Lauren Montgomery optam por planos mais longos, esses sim efetivamente conseguem captar nosso interesse. Já o traço segue pelo caminho da pasteurização, meramente cumprindo sua função sem efetivamente encher nossos olhos – em dado momento ou outro a ausência de sombras chega a incomodar nosso olhar, mas nada que se repita constantemente durante a projeção.

No fim, Crise em Duas Terras é uma obra que consegue levemente nos divertir, mas sua trama simples, mais focada nos combates do que efetivamente na construção de enredo ou personagens, prejudica o aproveitamento geral da obra – mas, se tudo o que você quer é ver a Liga da Justiça lutar contra vilões, então esse será um prato quase cheio. Digo quase pois certos problemas dos traços e da animação em si causam certa estranheza, mas nada capaz de estragar a obra por completa, apenas de fazer que a enxerguemos como um produto falho e feito às pressas.

Liga da Justiça: Crise em Duas Terras (Justice League: Crisis on Two Earths) — EUA, 2010
Direção:
 Sam Liu, Lauren Montgomery
Roteiro: Dwayne McDuffie
Elenco (vozes originais): William Baldwin, Mark Harmon, Chris Noth, Gina Torres, James Woods,  Jonathan Adams,  Brian Bloom, Bruce Davison, Josh Keaton, Vanessa Marshall, Nolan North
Duração: 75 min.

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