Depois da comicidade de Um Novo Começo e de sua transformação em Liga da Justiça Internacional Vol.1; depois de todas as iniciativas intermediárias de fazer da Liga um grupo fortemente presente na grade de publicações da DC Comics (e aqui podemos citar séries como Liga da Justiça Europa; Liga Trimestral; Liga da Justiça Extrema e Força-Tarefa Liga da Justiça), um novo grupo foi formado na minissérie Pesadelos de Uma Noite de Verão (1996), fazendo com que a editora encerrasse os títulos anteriores, que estavam em queda de vendas, e utilizasse dessa nova equipe para dar início a uma Nova Era da Liga, agora pelas mãos de um escritor queridinho do público, Grant Morrison; e com a competente arte de Howard Porter e ótima finalização de John Dell.
A LJA Vol.1 chegou às bancas nos Estados Unidos em janeiro de 1997, com a promessa de “se ater ao básico”, começando pela ideia de fixar OS SETE GRANDES (ou os sucessores do hepteto que estruturou a Liga em sua aventura de estreia, na Era de Prata: Starro, o Conquistador). Ao longo do tempo, a proposta era que houvessem heróis no “time rotativo”, parar tornar as aventuras dinâmicas, mas estes sempre estariam aliados à equipe principal, gerando a seguinte configuração:
- Aquaman
- Batman
- Caçador de Marte
- Flash (Wally West)
- Lanterna Verde (Kyle Rayner)
- Mulher-Maravilha
- Superman
Como é comum nos roteiros de Grant Morrison, o espaço para a introdução é pequeno e a ação aparecem logo nas primeiras páginas da revista. Aqui o autor preferiu dar um ar de urgência no bloco da Terra e visitar alguns espaços heroicos, já abrindo as portas para o que viria trazer a destruição do então atual QG da Liga, O Refúgio, um “satélite” que na verdade era uma cápsula de escape da nave do Overmaster, com quem a Liga lutara em Justice League America #0, de 1994. Na ocasião, a Mulher-Maravilha visitou o local, ficou espantada com o grande espaço e sugeriu que a equipe utilizasse daquela cápsula como Quartel General (é importante lembrar que O Satélite, da Era de Prata, fora destruída em Crise nas Infinitas Terras). Pois bem, nesta saga, com a aparição dos conterrâneos do Caçador de Marte, O Refúgio é destruído em uma cena tocante, com o sacrifício (ou o que quer que tenha sido aquilo) do Metamorfo.

Senhoras e Senhores, com vocês, o Hyperclan. Ou… quem disse que só tem gente verde em Marte?
A impressão que nós temos é que o autor não se importa muito em maltratar os coadjuvantes (Xeque-Mate, Fogo, Nuklon, Dama de Gelo — aqui, a primeira, Sigrid Nansen — e Manto Negro). Seu interesse principal é chegar a um status de perigo geral em direção ao planeta e, a partir daí, reunir mais uma vez os heróis desta Liga novata, ainda cheia de particularidades e momentos de timidez, como Kyle sem jeito ao falar com Diana (“é como sair com os Beatles!“); como as desconfianças do Flash em relação a este “novo Lanterna” e a tentativa do Aquaman em marcar de maneira brutal seu território marítimo, separando-o o quanto puder do contato com a Terra, inclusive chegando a apontar o braço com arpão para uma velha conhecida como a Mulher-Maravilha.
Nova Ordem Mundial tem alguns ingredientes interessantes sobre ações sociais e planetárias que supostamente deveriam ser feitas pelos heróis e que futuramente veríamos melhor problematizadas na saga Justiça (2005 – 2007), de Alex Ross e Jim Krueger. Aqui, essa discussão é secundária e serve para colocar os Sete Grandes juntos, em uma batalha contra marcianos que inicialmente posam de benfeitores da humanidade e depois mostram sua verdadeira face. A reflexão final do Superman sobre o quê ele e os de sua espécie devem fazer (e saber onde parar) para melhorar o mundo é uma ótima reflexão sobre a carreira heroica, quase a visão que as pessoas mais pé no chão têm de Deus.
Essa visão humanista e a construção da Torre de Vigilância ao fim da história dão rapidamente um ar de grandeza para o enrendo, aproximando-se igualmente de um punição dura e ao mesmo tempo perigosa aplicada por Ajax aos seus primos. Com novo time, novos humanos na Terra, novo QG e novos laços a serem formados, o título do arco, Nova Ordem Mundial, não poderia ser mais propício. O nível das ameaças, a forma como a população se envolve e é afetada pelos perigos; a presença da mídia e uma série de responsabilidades governamentais, pessoais e sociais dos heróis marcam este novo momento que ganha uma jornada muitíssimo bem ilustrada e um texto que, apesar de começar cheio de manias de grandeza, se encerra muito bem, dando o tom certo de apresentação de mais esta nova fase para a Liga da Justiça da América.
Liga da Justiça da América: Nova Ordem Mundial (JLA Vol.1 #1 — 4) — EUA, janeiro a de 1997
DC Comics
No Brasil: Os Melhores do Mundo #9 a 12 (Editora Abril, 1998)
Roteiro: Grant Morrison
Arte: Howard Porter
Arte-final: John Dell
Cores: Pat Garrahy, Heroic Age
Letras: Ken Lopez
Capas: Howard Porter, John Dell
Editoria: Ruben Diaz
24 páginas (cada edição)
34 comentários
Li esse quadrinho recentemente, assim como Rock of Ages, Strengh in Numbers e posso dizer que me sinto decepcionado com Grant Morrison. Eu simplesmente não consigo gostar das histórias dele da Liga.
Eu decidi ler o Universo DC em ordem cronológica, mas somente as melhores histórias consideradas por reviews. No momento estou em DC Um Milhão, que também é do Morrison, e também não estou gostando. Sei lá, parece que ele sai jogando um monte de coisas loucas nas histórias, eu cheguei a ver uma dentadura gigante numa dessas histórias dele. Eu sinto às vezes que estou lendo quadrinhos dos anos 50, 60.
O Homem Animal por exemplo, na minha opinião, é uma maravilha. Foi uma ideia sensacional e contida, sem nada espalhafatoso. Também gostei da reformulação da Patrulha do Destino, que é bem louco, mas em PDD a loucura se encaixa muito bem.
Pra mim, ele é um cara com muitas ótimas ideias, que traz conceitos novos e interessantes, mas pelo menos na minha opinião, às vezes são muito mau executadas. Eu achava que ele era do mesmo nível do Alan Moore ou do Neil Gaiman e posso mudar de opinião quando chegar em histórias posteriores dele, mas até aqui como um todo, me sinto um pouco decepcionado.
Eu entendo o seu raciocínio e partilho parcialmente dele. No todo, parece que gosto mais do autor que você, mas vira e mexe eu acabo vendo esses pontos negativos no desenvolvimento de grandes ideias. Homem Animal (que tem criticado inteirinho aqui no site, depois dá uma passada pelos arcos lá!) ele teve grande liberdade pra fazer o que fez. Patrulha parece que teve menos, mas ainda assim foi um run interessantíssimo. Mas aí a gente começa a ver certos desenvolvimentos dele para algumas histórias e fica… “ué!”. HAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHA
HAHAHAAHAHHAHHA ri demais no começo do teu comentário!
Mais pra frente teremos mais críticas dessa fase que você gosta por aqui, viu!
Nossa, eu não acho essa a melhor liga em todos os tempos não hehehehehe. Mas concordo com você que é uma vergonha a Panini não ter esse material na grade. Isso era algo que deveria ter e pronto. Nosso mercado de quadrinhos é uma piada de mal gosto…
Qual, na sua opinião, seria melhor, Luiz? Ñ vai dizer q vc acha a fase cômica! Acompanhei na época e teve sua graça mas depois d uns 2 anos a coisa c arrastou c/1 historinha ou arco legal aki e ali mas fora disso… me lembro q colecionava o formatinho da Abril q tinha no mix Esquadrão Suicida e ñ foram poucas as vezes em q terminava a leitura e me pegava achando a HQ secundária deles bem + bacana do q as da Liga(América e Europa)
Nah, eu acho bem bacana o começo da Liga Cômica, mas depois foi perdendo a graça. Na minha opinião, é aquela que começa com O Rastro do Tornado, do Brad Meltzer. Mas isso não quer dizer que eu não goste dessa Liga hahahahahaha Liga e SJA eu amo, não tem jeito.
Rapaz, dessa fase o q eu mais gostava mesmo era das belas bund*…er, poses d perfil das moças da Liga no belo traço do Edilbenes. Mas fecho contigo q Liga e Sociedade são os Melhores em qq versão
É vergonhoso q essa fase q é d longe a melhor da Liga em todos os tempos nunca tenha sido devidamente encadernada e lançada integralment no Brasil. A Panini lançou as primeiras histórias em capa dura há quase 1 década e como ñ teve o retorno q esperavam engavetou como + outra série q ñ passou do nº 1. Esperava q c/o hype do filme isso mudasse mas pelo visto…
Essa fase da LJA é que deveria ser transposta para o cinema. Foi assim com a animação no início dos anos 2000.
Sim! Tem um monte de elemento incrível aqui que dá pra colocar perfeitamente nas telonas!
Roteiro ruim em quadrinhos é desculpa esfarrapada. São mais de 75 anos de histórias, Superman e Batman, por exemplo, onde a única mídia que tem vários exemplos de histórias boas e ruins. Para o cinema, é só ver quais as melhores histórias que o público e crítica gostaram e levar aos cinemas. Sei que por mais que sejam mídias diferentes, as HQs podem servir de boa base para os filmes, desde que os envolvidos queiram mesmo entregar bons filmes ao público. Seria bilheteria certa.
Com certeza. Existem ideias maravilhosas (e já com a ajuda da parte visual) para orientar os produtores nessa parada. Mas parece que eles vão continuar com essa coisa de “livre adaptação” mesmo….
Não sou contra a livre adaptação, porque olhando os filmes da Marvel, nenhum deles é realmente “fiel” aos quadrinhos (exceto, talvez, o primeiro filme do Capitão América). Mas eles pegaram a essência de seus personagens e adaptaram bem aos cinemas, coisa que a Warner/DC não fez no novo Universo cinematográfico. A Mulher-Maravilha e o Homem de Aço foram as exceções, na minha opinião. O restante parece um colcha de retalhos, onde temos algumas cenas extraordinárias, mas se juntar tudo ficam horríveis porque não tem história. Parece que na Warner não tem ninguém que realmente sabe o que esses personagens significam para o seu público. Nesse ponto a Disney/Marvel, por mais que ainda meta a “colher” em alguns filmes (não podemos esquecer que os heróis são produtos de empresas e elas fazem o que querem com eles), ainda assim eles colocaram um cara que sabe o que os fãs querem e conduz muito bem todos os filmes, diretores, roteiristas e atores/atrizes – Kevin Feige. Se ele trabalhasse para a Warner, tenho certeza absoluta que ia promover a modificação que nós fãs queremos. Mas agora é esperar e ver o que acontece.
Eu concordo com você. Foi nesse sentido que comentou do formato “livre”. A junção de elementos completamente díspares ao longo de todo o processo dá nisso. É beeeem complicado porque às vezes são coisas de se o roteiro não relaciona devidamente, fica uma bagunça só. E a pior parte dessa toada é a descaracterização dos personagens.
Não sou contra a livre adaptação, porque olhando os filmes da Marvel, nenhum deles é realmente “fiel” aos quadrinhos (exceto, talvez, o primeiro filme do Capitão América). Mas eles pegaram a essência de seus personagens e adaptaram bem aos cinemas, coisa que a Warner/DC não fez no novo Universo cinematográfico. A Mulher-Maravilha e o Homem de Aço foram as exceções, na minha opinião. O restante parece um colcha de retalhos, onde temos algumas cenas extraordinárias, mas se juntar tudo ficam horríveis porque não tem história. Parece que na Warner não tem ninguém que realmente sabe o que esses personagens significam para o seu público. Nesse ponto a Disney/Marvel, por mais que ainda meta a “colher” em alguns filmes (não podemos esquecer que os heróis são produtos de empresas e elas fazem o que querem com eles), ainda assim eles colocaram um cara que sabe o que os fãs querem e conduz muito bem todos os filmes, diretores, roteiristas e atores/atrizes – Kevin Feige. Se ele trabalhasse para a Warner, tenho certeza absoluta que ia promover a modificação que nós fãs queremos. Mas agora é esperar e ver o que acontece.
Com certeza. Existem ideias maravilhosas (e já com a ajuda da parte visual) para orientar os produtores nessa parada. Mas parece que eles vão continuar com essa coisa de “livre adaptação” mesmo….
Sim! Tem um monte de elemento incrível aqui que dá pra colocar perfeitamente nas telonas!
realmente, se fosse bem adaptado, só imagina o super man aparecendo todo esquisito no final do primeiro filme que nem na novel.
realmente, se fosse bem adaptado, só imagina o super man aparecendo todo esquisito no final do primeiro filme que nem na novel.
Excelente texto, e foi assim que começou a melhor fase da LJA nos gibis.
Muito obrigado, @kamendriver:disqus!
Pretendo visitar os outros arcos dessa fase. Sempre recebo ótimas indicações sobre ela!
Gosto muito desse início da fase do Morrison, que voltou a colocar a Liga da Justiça no centro do Universo DC, além de reunir a trindade toda na mesma formação, algo que salvo engano, não acontecia desde antes da Crise. Gosto do senso de grandiosidade que o Morrison dá a essa história, ao mesmo tempo em que é uma aventura muito simples e básica no fim das contas.
Tenho um carinho especial por essa fase não só por ter sido o meu primeiro contato com a equipe, como também pela influencia que esse período (junto com a fase satélite) teve na fantástica série animada da Liga exibida no início dos anos 2000.
Curioso que eu acho que o Morrison funciona muito mais quando se atêm ao simples (mesmo que o simples grandioso) do que quando começa a “despirocar” mais, como ele faria no fim de sua fase em frente a equipe, e mais tarde, no fim de sua fase frente ao Batman.
Para quem já estava de saco cheio da Liga cômica (percebi que tem uma porrada de gente que simplesmente morre de amores por eles) esse retorno foi uma bênção. Eu já tinha lido esse arco há muito tempo, mas voltei e gostei, no geral, do que reli. Não era nada do que eu lembrava haahahahahha.
E concordo contigo, o elemento mais “simples” do Morrison funciona mais. Veja o que ele fez com o Homem Animal. Só pra citar uma coisa foda e “simples” dele. As coisas grandiosas dele meio que… são demais pra mim ahhahhaha.
Só eu que achei essa hq parecida com filmes que se você piscar você perde uma informação importante?!
É bem por esse caminho. Porque a ação está o tempo inteiro mudança. Tipo, o pessoal em guarda no “Satélite” no início, a destruição do negócio, o “problema” com o Metamorfo e depois a introdução da Liga… é tudo muito rápido mesmo.
Por Sansão, olha o cabelinho emo do sujeito que não gosta de pedras verdes na imagem principal… Vergonha alheia…
Abs,
Ritter Coiffeur
HAHHAHHAH pior que isso só quando ele começa a usar aquele uniforme azul elétrico…. que coisa horrorosa!
Não lembra disso não, Luiz! Dá calafrios!
Dá mesmo! A grande pergunta é: POR QUE a DC achou que aquilo foi uma boa ideia, por algum motivo? Misericórdia!
Realmente, o Superman elétrico é imbatível em termos de ideias imbecis…
Abs,
Ritter.
Eu tô gostando dessa fase do morrison, esse uniforme é a única coisa que me incomoda.
Essa fase é muito boa. Meu arco preferido é Rock of Ages
Não nesse Especial, mas na sequência dele, no futuro das nossas publicações da Liga, pretendo criticar a série toda.
Opa