Home QuadrinhosArco Crítica | Liga da Justiça Internacional #8 – 13: Quem é Maxwell Lord? (1988)

Crítica | Liga da Justiça Internacional #8 – 13: Quem é Maxwell Lord? (1988)

por Luiz Santiago
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Ainda na onda de adaptação dos membros da Liga da Justiça Internacional ao novo status, à proteção, financiamento da ONU e à uma dinâmica de grupo que boa parte do time ainda não está acostumada, temos neste arco uma jornada de aventuras majoritariamente insossas, duas delas nos dando a impressão de que nem se tratava de uma revista da Liga da Justiça, mas de outros grupos ou personagens. Por mais que o roteiro de Keith Giffen e J.M. DeMatteis tente compensar essa sequência fraca com piadas — e sim, muitas delas funcionam bem no decorrer da narrativa, mas não são o bastante para segurar uma revista de 24 páginas, tampouco um arco inteiro! –, no final, o leitor se pergunta onde está o senso de união, respeito e elementos heroicos da equipe. E por que a dupla de escritores colocou a história dos heróis para ser completada na edição #13 do Esquadrão Suicida Vol. 1. Ou por que o Batman precisava sair da Liga de uma maneira tão infantil.

No começo desta fase, as coisas até que vão bem em termos de história. A edição #8 apresenta a mudança dos heróis para Embaixadas nos EUA, URSS e França e notamos um ótimo uso do humor para representar os lados fortes de fracos desses seres incríveis, justamente em momentos mais comuns de suas vidas. O Besouro Azul e o Gladiador Dourado continuam mantendo o lado mais simpático da narrativa, assim como fizeram em Um Novo Começo, e, embora isso não seja algo ruim, demonstra que os autores não sabiam como escrever ou relacionar os outros personagens, talvez por isso a maioria das piadas venham de um único lugar e boa parte delas tenham o mesmo tom de brincadeira com coisas do cotidiano. Não é ruim, mas cansa pela repetição.

Neste ponto, fica difícil não citar Guy Gardner. Desde que tomou um murro do Batman no arco anterior, acordou e passou por algum tipo de trauma, ele mudou completamente de atitude. No começo, a rapidez e dimensão da mudança foram estranhas, mas aqui, já acostumados com o “Good Guy”, aprendemos a rir e gostar desse lado afetado do personagem. O final da história, especialmente no crossover com o Esquadrão, dispõe esse comportamento com grande exagero, mas na maior parte do tempo, ele diverte.

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Aquele tipo de choque que funciona.

Se a intenção principal aqui era fazer com que os heróis tivessem maior convivência e passassem a atender aos chamados de salvamento da Terra, ao menos em um primeiro momento, isso funcionou. O roteiro passa de problemas de confiança entre EUA e URSS (Batman encontra escutas no prédio onde a Liga irá se instalar), colocando impasses políticos entre as nações líderes da Guerra Fria, para cenas do Capitão Átomo fazendo trapalhadas logo em seu primeiro dia de Liga ou para a estadia em Paris do Gladiador Dourado, que tenta paquerar a chefe da embaixada local (Catherine Cobert) e se dá muito mal, colocando o Besouro Azul para rir por pelo menos dez páginas. Essa parte do relacionamento entre os heróis é bem representada e acende o interesse do leitor à medida que alguns mistérios vão aparecendo, especialmente nos “Contos B” que aparecem no final de cada edição.

No primeiro desses contos há uma excelente exploração da situação dos Guardiões Globais, grupo de heróis que é desalojado de seu prédio oficial (The Dome), agora um espaço destinado à LJI. Fogo-Fátuo (Jack O’Lantern) não leva isso muito bem e sai irado do lugar. Ele tem um discurso que diz muito sobre a situação política vigente. A Liga tem contatos entre pessoas poderosas nos países ao redor do mundo, via Maxwell Lord, e conseguiu expulsar um grupo que já há algum tempo fazia o trabalho de defesa da Terra. É o tipo de visão de desprezo daquilo que não serve mais. Muito triste e um dos poucos assuntos paralelos bem colocados no roteiro do arco.

A partir da edição #9, com o crossover com a saga Millennium, as coisas mudam, e não para melhor. Os eventos passam a se referir mais à saga externa do que à própria Liga — que não tem praticamente nenhum papel em sua própria revista! Tanto no cruzamento de linhas com a saga Millennium quanto na péssima e desnecessária junção com o Esquadrão Suicida, os desvios narrativos do arco só servem mesmo para irritar o leitor. Se houvesse algum tipo de compensação artística, até que seria interessante, mas não há. Kevin Maguire (exceto na edição #13) e Al Gordon são responsáveis pela arte aqui e fazem um trabalho correto, mas sem nada que seja aplaudível. Se a edição #10 tivesse um roteiro melhor, não entregando toda a ação a uma eventualidade externa, o trabalho com os espaços ali talvez pudesse ser melhor apreciado, mas não chega a tanto.

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Um encontro que era melhor não ter acontecido.

É só entre as edições #11 e 12 (considerando que a #13 é perdida, uma vez que coloca o resgate de Gênesis na URSS e expõe o Batman em um comportamento que mais parece ser do Robin) que temos um flashback mostrando quem é Maxwell Lord. Primeiro temos grandes suspeitas, mas depois as coisas vão se revelando. A entrada de Metron serve como um susto tardio e tem um impacto parcialmente positivo, assim como a explicação da história de Lord, embora fique difícil engolir a ascensão praticamente sem empecilhos e a sua aproximação em relação aos heróis e ao controle da Liga, algo que fica ainda pior no final.

Algumas vezes é possível entender que a intenção dos autores foi chocar, tirar o leitor de sua zona de conforto. Mas existem muitas formas de se fazer isso e, descaracterizando ou mal aproveitando personagens não é a melhor dessas formas. O trabalho de Giffen e DeMatteis aqui tem sua graça pontualmente, mas carece de criatividade na condução das histórias. Em vez disso, os autores optaram por um atrito entre heróis. Como se precisássemos desse tipo de coisa logo agora. As engrenagens definitivamente não vão bem para a Liga da Justiça Internacional.

Justice League International Vol.1  #8 -13 (EUA, dezembro de 1987 a maio de 1988)
Roteiro: Keith Giffen, J.M. DeMatteis
Arte principal: Kevin Maguire (#9 a 12), Keith Giffen (#13)
Arte da segunda história: Al Gordon (#8), Keith Giffen (#9 a 10), Kevin Maguire (#11)
Arte-final: Al Gordon
Cores: Gene D’Angelo
Letras: Bob Lappan (#8 a 10, 12 e 13), John Workman (#11)
Letras da segunda história: Bob Lappan (#8), Augustin Mas (#9 a 10), John Workman (#11)
Capas: Kevin Maguire, Steve Leialoha, Al Gordon
Editoria: Andrew Helfer
24 páginas (cada edição)

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