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Crítica | Liga da Justiça: Máquinas da Extinção (Renascimento)

por Luiz Santiago
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Para esta Liga da Justiça da fase Renascimento DC é preciso que o leitor tenha o mínimo de informações sobre os acontecimentos envolvendo o Superman, que basicamente podem ser colocados assim: o Nutella Embuste Superman dos Novos 52 morreu em Os Dias Finais do Superman e existe um “novo-velho” Superman (o pré-Flashpoint) ainda em dúvidas sobre voltar ou não à ativa. Para maiores informações é indicado que você leia Superman: Lois & Clark (2015), Action Comics: Caminho da Perdição (2016) e Superman: O Filho do Superman (2016) a fim de se acostumar com toda essa bagunça infernal, típica da DC Comics. A questão, porém, é que essas são informações adicionais para que o leitor não tenha dúvidas sobre quem é quem e sobre o que está acontecendo com esse conjunto. Todavia, é possível seguir sem grandes problemas apenas com a leitura do presente arco.

O arco As Máquinas da Extinção, publicado nos Estados Unidos em 2016, traz a Liga da Justiça ainda em momento de se (re) formar. Como ficou claro, o time está desfalcado, sem o Superman, mas quando uma criatura chamada “Ceifador” invade a Terra, essa situação começa a mudar. O arco propriamente dito começa apenas na edição #1 do título mensal, mas o leitor precisa ler a one-shot intitulada Fear the Reaper para entender os primeiros momentos dessa nova fase da Liga. Como é uma edição à parte, farei os breves comentários no box azul abaixo e sigo adiante com a crítica para As Máquinas da Extinção.

O Terror do Ceifador

Esta one-shot começa com dois caminhos distintos. De um lado, a Liga da Justiça em ação, aparecendo na TV, lutando a luta do dia. Do outro, o Superman e sua esposa Lois Lane conversando sobre este “novo mundo” (ela se refere ao fato de termos de novo um Multiverso, depois dos acontecimentos da saga Convergência) e a carinhosa insistência dela para que Kal vá ajudar a “Liga sem Superman” que está lutando contra uma pseudo-barata-molusco-besouro-carrapato-gigante chamado Ceifador.

O flerte do roteirista Bryan Hitch com a clássica Starro, o Conquistador é interessante. A criatura aqui solta uns “esporos-pseudo-facehuggers” que lembram um pouco a dominação de Starro, especialmente em tramas que ele e suas estrelas grudam nas pessoas (no rosto ou pescoço) e as tornam zumbis, tal qual vimos, inclusive atingindo os próprios heróis, em LJA: Arquivos Secretos e Origens (1997). A luta inicialmente não tem nada demais e a Liga praticamente não faz nada de impressionante porque não conhece a ameaça e demora algumas páginas para a ordem de se reagrupar e assumir outra estratégia de luta. 

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Um arremedo de grupo.

Ainda relutante, Kal vai até o grupo — que está no cérebro do Ceifador — e coordena um ataque já com os dois Lanternas Verdes (Jessica Cruz e Simon Baz) presentes no local. Não existe nada de realmente interessante aqui e, para piorar um pouco, há uma absurda e desnecessária cena no Satélite Torre de Vigilância, onde o grupo lamenta a morte do amigo Superman (dos Novos 52) e Batman, sempre desconfiado, fala em chamar o “novo” Superman para fazer parte do grupo e então mantê-lo por perto, sob vigilância. É entre a desorganização e uma ação não necessariamente empolgante que temos um arremedo de grupo aparecendo, com uma ameaça clichê mas que, pasme, consegue manter a curiosidade do leitor acesa.

É diferente, por exemplo, da grandeza de Geoff Johns em Origem, que por mais “ok” que fosse o final, não empolgava de verdade. Aqui, embora a qualidade geral da história seja no mesmo nível, o enredo consegue encontrar um melhor caminho de comunicação com o público. Não é nem de longe o ideal, mas pelo menos é alguma coisa. O que não tira o fato de serem justas as muitas classificações de “decepcionante” para esta HQ. 

Ficha Técnica

Justice League: Rebirth – Fear the Reaper (One-shot) — EUA, 2016
No Brasil:
Universo DC – Renascimento: Liga da Justiça, encadernados #1 a 3 (Panini, 2017)
Roteiro: Bryan Hitch
Arte: Bryan Hitch
Arte-final: Daniel Henriques, Scott Hanna
Cores: Alex Sinclair
Letras: Richard Starkings, Comicraft
Capas: Tony S. Daniel, Tomeu Morey
Editoria: Brian Cunningham, Amedeo Turturro
24 páginas

Pois bem. Enquanto a one-shot O Terror do Ceifador apresentava uma trama minimamente interessante, o arco principal da Liga-Renascimento, As Máquinas da Extinção, é tão morno e sem graça que certamente fará muita gente escantear o título até ganhar coragem para novamente seguir com a leitura. E não sem motivos.

Já havia ficado claro que não teríamos uma “história de origem” — ou “história que permitiu o grupo se juntar” — nesse início de série. Talvez a DC esteja guardando essa informação para um anual ou edição #0, porém, não importa. É perfeitamente possível assumir a Liga já formada e trabalhando, só que sem a presença do Superman que eles conheciam, dilema igualmente apresentado na one-shot. O impasse aqui é que o mundo está sob desastres naturais sem precedentes. Terremotos e tsunamis são cada vez mais frequentes e tão intensos que ultrapassam as escalas de medida.

Sem saber o que causa e sem um Superman ao lado, a Liga precisa arrumar um jeito de impedir que a Terra seja destruída por essas forças invasoras, que de maneira muita confusa se mostra em várias vertentes, tendo a Estirpe como vilã principal mas havendo diversas outras manifestações vilanescas dentro e fora da Terra, sem contar os Cristais do Zodíaco que entram em contato com o Aquaman e ajudam a vencer uma parte da batalha, além dos esforços do Superman no núcleo externo da Terra (isso mesmo que você leu)… dois momentos que o roteiro não consegue levar adiante com clareza e que por mais que o leitor tente colocar alguma razão sobre quem fez o quê, simplesmente não consegue. No final, a impressão é que tudo fez parte de um esforço conjunto, mas a maneira picotada de narração indicava o oposto desde o começo da história, logo, fica difícil não olhar torno para Bryan Hitch e seu texto truncado.

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A-do-le-ta… Le peti peti polá […]”

Já em relação à arte, não temos problemas. Funcionando bem melhor sob o lápis de Tony S. DanielJesús Merino (na edição #4) do que no de Hitch, como foi na one-shot, os desenhos de Máquinas da Extinção trazem um bom espetáculo visual de destruição e dominação. Claro que todo o possível assombro que a arte causaria se o roteiro não fosse megalomaníaco (sempre é bom lembrar de Grant Morrison, que tomou o mesmo caminho a partir de Nova Ordem Mundial, foi extremamente criticado pelos adoradores da Liga da Justiça Internacional — ou Liga cômica; mas pelos menos ele fez uma história boa para acompanhar toda a “maluquice & grandeza”, o que não é o caso aqui) é diminuído pelo roteiro que nos faz engolir uma luta intensa, com vilões gigantes (literalmente) e uma ameaça que obviamente não acaba aqui, o que não sei se é exatamente uma boa estratégia para primeiro arco. A despeito do óbvio cliffhanger, seria boa a sensação de completude da fase, mas isso não ocorre.

O esforço dos heróis para vencerem a Estirpe e a dominação muitas vezes em seus corpos chama a atenção e, de certa forma, traz simpatia para a saga. O mesmo vale para as cenas na fazenda dos Kent, com Lois sendo a maravilhosa e o fofíssimo Jon oferecendo cookie pro Batman. Esses momentos mais pessoais — somados à desconfiança do Batman em relação a este Azulão — nos tiram brevemente do caos e nos prendem um pouco mais à leitura, porém não conseguem fazer Máquinas de Extinção avançar para fora da mediocridade. Sendo a principal equipe de heróis da DC, era de se esperar um maior zelo no título. Talvez se eles paparicassem menos os títulos mensais do Batman e percebessem que o público também gosta de ler outras coisas, a história fosse por um caminho diferente.

Liga da Justiça: Máquinas da Extinção (Justice League Vol.3 #1 – 5 – Rebirth + Rebirth #1: One Shot) — EUA, 2016 – 2017
Roteiro: Bryan Hitch
Arte: Tony S. Daniel (#1 a 3, 5), Jesús Merino (#4)
Arte-final: Sandu Florea (#1 a 3, 5), Andy Owens (#4), Jesús Merino (#4)
Cores: Tomeu Morey
Letras: Richard Starkings, Comicraft
Capas: Tony S. Daniel, Tomeu Morey, Mark Morales, Sandu Florea, Fernando Pasarin, Brad Anderson
Editoria: Brian Cunningham, Amedeo Turturro, Diego Lopez
120 páginas

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