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Crítica | Lilith – Vol. 2: A Bandeira do Rei Morte

por Luiz Santiago
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Esta segunda aventura de Lilith começa na Ilha de Hispaniola, na metade dos anos 1600. A protagonista faz um salto temporal em elipse e aqui a vemos logo após receber as instruções locais através do miriápode e se juntar aos bucaneiros que fugiam dos lanceiros espanhóis. É um início bastante tenso e que nos mostra muito dos dois lados. A ação de Lilith também recebe a aura de “entrada triunfal” e é basicamente essa a posição que ela assumirá ao longo de todo o volume, enfrentando piratas e comandantes velhos de jogo até conseguir o que quer: esmagar mais uma fixação do parasita na linha do tempo da humanidade.

Tornando as coisas ainda mais divertidas, Luca Enoch nos brinda com dois saltos temporais aqui, sendo o segundo para o Atlântico Central, no início do século 18. Nos dois blocos narrativos o roteiro é bem afiado e mantém ao mesmo tempo uma sequência interessante no que diz respeito à presença de Lilith naquele local, interagindo com aquelas pessoas, matando, vivendo aquele período histórico; e também no que diz respeito à procura pelo triacanto, seja no sucesso ou nas falhas para conseguir destruí-lo. E nessa jornada vemos as duas coisas acontecerem.

Pela primeira vez tivemos uma explicação e exploração visual para os cardos, mostrados em sua forma morta em O Sinal do Triacanto. O ataque que empreendem aqui contra Lilith e Escuro é visualmente marcante, assim como todas as cenas de violência que Luca Enoch desenha. A provocação feita pela protagonista a um cardo segundos antes de esmagar o triacanto é o indicativo de que ao longo da série veremos essas duas forças se encontrarem diversas vezes e cada uma procurar ganhar terreno e vencer batalhas sobre a outra.

Mas o que mais me deixou de olhos arregalados nesta edição foi a sequência em que Lilith e Escuro conversam sobre as ações da personagem na linha do tempo da humanidade. Na crítica do volume passado eu realmente acreditava que haveria um consciente cuidado do autor com essas mudanças, mas não é isso que ele propõe aqui, e essa outra base de ação me agradou bastante. Sem precisar respeitar a História, a personagem pode agir mais livremente e o leitor pode imaginar as muitas possibilidades que as interferências de Lilith podem trazer para a humanidade. Um novo dilema ético-moral surge a partir daí. Escuro deixa claro que não interessa o que acontece com a humanidade, o que as mudanças de Lilith podem gerar. O que interessa é que o triacanto seja morto na base de sua árvore genealógica, antes de começar a se multiplicar de maneira exponencial pelos homens.

A convivência de Lilith entre os piratas deu uma cara diferente ao andar da narrativa. Descobrimos mais da personagem e o do tipo de intervenções e até brincadeiras que ela pode fazer para conseguir o que quer. A Bandeira do Rei Morte é certamente uma das histórias mais interessante desse gênero de exploração marítima, pilhagem e códigos que transitam entre um tipo estranho de democracia e a anarquia, como bem denomina o autor no texto de abertura da edição. Mais uma acertada navegação de Luca Enoch pela vida de sua cronoagente.

Lilith – Vol. 2: A Bandeira do Rei Morte (Il Vessillo di Re Morte) — Itália, junho de 2009
Roteiro: Luca Enoch
Arte: Luca Enoch
Capa: Luca Enoch
Editora: Sergio Bonelli Editore
No Brasil: Red Dragon Publisher, 2019
128 páginas

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