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Crítica | “Live At The Regal” – B.B. King

por Handerson Ornelas
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Essa semana o mundo da música acordou um pouco mais triste: Riley Ben King – B.B. King – uma das maiores lendas da guitarra,  nos deixou aos 89 anos. O que já era indicado e temido desde alguns meses atrás acabou acontecendo. Desde o ano passado o rei do blues já vinha passando mal, chegou a sofrer desitradação em um show em Chicago, cancelar o resto de sua turnê e ficar internado devido a desidratação e diabetes. Pra piorar, ainda há rumores de que estava sendo roubado e sofrendo maus tratos de sua empresária. O artista foi encontrado por sua filha no dia primeiro de maio encarcerado em casa e necessitando de cuidados médicos: acabava de sofrer um ataque cardíaco. 14 dias depois a temida notícia sai.

Eric Clapton, outra lenda da guitarra e amigo de King, publicou um video prestando homenagem a seu mentor. De aparência nitidamente bastante triste, Clapton agradece por toda inspiração e apoio e o elogia ao máximo: “Não restam muitos que tocam daquela forma pura que B.B fazia”. Por fim, ainda sugere a todos que queiram conhecer melhor o artista pra ouvir Live At The Regal, disco que diz o ter inspirado bastante na música. O clássico recomendado por Clapton abre com um pedido de salva de palmas para o já chamado “rei do blues”. Gravado em 1964 no Regal Theater de Chicago, o disco é considerado tanto um dos melhores de King quanto do gênero blues. Já abrindo com uma das canções que o eternizou, Every Day I Have The Blues, você vê o poder da guitarra do rei logo de cara, emergindo triunfosa e melódica em meio aos metais da banda.

Um grande ponto do álbum é perceber o enorme carisma que o astro parece exalar no palco. B.B. King faz piadas, pede atenção para suas letras, faz diversos comentários e ainda dá conselhos pra homens e mulheres. E o resultado disso você vê nos gritos do público que parece ir a loucura em seus solos de Sweet Little Angel. Depois de um solo memorável ainda termina dizendo: “espero que lembrem dessa”. Você sente alí o garoto humilde, criado em uma fazenda no Mississipi com a avó e que usava seu violão para animar as noites sem energia elétrica em sua casa.

Veja a intensidade de sua voz em How Blue Can You Get e perceba como parece ser perceptível o real sofrimento amoroso cantado na letra. Fica difícil saber o que é mais expressivo, seu solo de guitarra inicial ou o quase dueto entre os instrumentos de sopro e sua voz. É interessante ver como a apresentação sabe ter seus diversos momentos. Depois de um lado bem dançante mesclando jazz e blues em You Upset Me Baby, por exemplo, se segue Worry Worry, que possui uma introdução dedicada exclusivamente a uma fantástica performance de King com sua guitarra. A canção se prolonga a um trecho introspectivo nos lamentos da voz do artista, uma conversa dele com o público e finaliza com o instrumental da banda em potência máxima.

É interessante como King termina seu show com Help The Poor, uma faixa de clima mais tranquilo, descompromissado e quase dançante como uma música latina.  Pode não ser impactante como Woke Up This Morning, mas parece ser a melhor escolha pra fechar o álbum. É com um pedido que “ajudem os probres sempre que precisarem” que então começa a derradeira faixa.

Se quer começar a conhecer melhor esse gênio da música, a dica de Eric Clapton é excelente. Live At The Regal mostra a essência do rei do blues e seu total carisma como artista.

Vida longa ao rei!

Aumenta!: How Blue Can You Get?
Diminui!:

Live At The Regal
Artista: B.B King
País: Estados Unidos
Lançamento: 1965
Gravadora: ABC
Estilo: Blues

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