Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | LJA: Arquivos Secretos e Origens (1997)

Crítica | LJA: Arquivos Secretos e Origens (1997)

por Luiz Santiago
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A primeira história do volume Arquivos Secretos e Origens (1997) apresenta uma nova luta da Liga da Justiça contra Starro, o Conquistador Estelar, o mesmo vilão que o grupo enfrentou em sua aventura de estreia, na Brave and the Bold #28 (1960). Formada por Aquaman, Batman, Flash (Wally West), Lanterna Verde (Kyle Rayner), Caçador de Marte, Superman e Mulher-Maravilha, esta versão da Liga não é a Liga oficial do momento e nem tem muito o que fazer com seus poderes aqui.

A invasão de Starro é muito bem pensada desta vez e, logo no começo da trama, com um policial que se parece com Stan Lee nos anos 70, temos o Flash a par da tomada de Blue Valley. O velocista, no entanto, não consegue impedir nada, pois logo é tomado pela estrela-esporo-facehugger e não está mais consciente. Sua fala é a de Starro. Sobra para os colegas de grupo a missão de impedir a invasão, livrar o velocista e expulsar o Conquistador. Mas o Espectro aparece com más notícias. Se tentarem impedir esta invasão usando seus poderes, Starro vai vencer, e da pior maneira possível. Dominando seus hospedeiros, o vilão terá força suficiente para tomar planetas pelo Universo afora. Não é uma bela visão.

O roteiro de Grant Morrison e Mark Millar faz bem o jogo do “apocalipse”, pelo menos no começo. Aos poucos, porém, a trama perde força. Sem poderes, o grupo deve enfrentar os esporos de Starro, mas isso não tem apelo nenhum para o público que, embora não chegue a se chatear (a história é curta, então nem dá muito tempo), não tem o gosto de ler uma trama real da Liga. É uma batalha sem ânimo, vencida rapidamente pela esperteza do Batman e ação do Flash, então livre da dominação, mas nada há além disso. A devolução dos poderes aos heróis, no final, tem o mais amargo sabor de anticlímax, o que também não ajuda na nossa avaliação final da história.

Star-Seed serve como o retorno nostálgico de um vilão e tem uma ótima apresentação, mas seu desenvolvimento e finalização não empolgam. Uma daquelas histórias de potencial desperdiçado.

Star-Seed (JLA Secret Files and Origins Vol.1 #1) — EUA, 1997
Roteiro: Grant Morrison, Mark Millar
Arte: Howard Porter
Arte-final: John Dell
Cores: John Kalisz
Letras: Ken Lopez
Capa: Howard Porter, John Dell
Editoria: K.C. Carlson, Frank Berrios, Peter Tomasi, Dan Raspler
22 páginas

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Lost Pages: The ‘New’ Superman Meets the JLA!

Ah, os quadrinhos dos anos 90 e suas bizarrices. Ler essas histórias é como ouvir um grito de socorro ecoando pelo cosmos, seguido de uma amargurada pergunta: O QUE ELES ACHAM QUE ESTÃO FAZENDO??? Pois é. Este é o momento em que o Superman ganhou o seu uniforme elétrico azul (e como se não bastasse, ele também seria dividido em dois, o do uniforme azul seria o mais cerebral e o do uniforme vermelho seria mais dado a combates físicos e ações impulsivas) e esta história sem graça de Mark Millar apresenta o último filho de Krypton mostrando o seu novo traje e suas novas habilidades para os colegas da Liga.

plano critico superman Electric Red and Blue

Muito barulho… por algo bem ruim.

A história é simples e tenta evocar a dinâmica de entrada de novos membros na Liga na Era de Prata, elencando testes de habilidades e tudo, mas aqui a coisa simplesmente não funciona. Primeiro, porque a despeito do que o azulão diga, ele é ainda o Superman (por isso que Batman nem perde tempo com bobagens: “é claro que ele está dentro! Ele é o Superman! Não me incomode mandando detalhes. Desligo.“) e não faz sentido essa bobagem de novos testes para ver se ele poderia entrar na Liga ou não. Se o roteiro apresentasse isso como um simples teste de habilidades ou colocasse, nem que fosse de maneira didática, mas orgânica, as novas funções, a impressão seria outra. Não é o caso, porém.

O leitor deve fingir que está diante de um novo herói. Alguns podem até tomar isso como necessário, mas só por capricho mesmo. Em um momento, na brincadeira de velocidade guiada pelo Flash, a narrativa ganha ares divertidos, mas é algo bem pontual e que, infelizmente, dura pouco. O bom de tudo é que são apenas 4 páginas, então não é uma longa chateação.

Roteiro: Mark Millar
Arte: Don Hillsman
Arte-final: Don Hillsman
Cores: Tom McCraw
Letras: Albert DeGuzman
Editoria: K.C. Carlson, Frank Berrios, Peter Tomasi, Dan Raspler
4 páginas

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Day in the Life: Martian Manhunter

Muita gente considera o Caçador de Marte um personagem “seco” e “sem personalidade” porque tem “poderes demais” por isso parece blasé a tudo. Besteira. Entender a origem do herói, suas motivações, sua forma de encarar o mundo e sua vontade de experimentar reações e problemas humanos faz dele um existencialista silencioso, um herói objetivo, cujo código de honra (ligado a posturas pessoais na hora de encarar os problemas) é bem mais interessante do que o da maioria dos heróis da Liga, até porque sua perspectiva também é outra. Ele não tem laços que o prendem e está em poucos círculos sociais, o que o coloca em uma posição distanciada, muitas vezes observando coisas que humanos ou aliens mais envolvidos não percebem.

caçador de marte liga origens plano critico

J’onn J’onzz, o incrível.

Não significa, porém, que ele seja totalmente desapegado. Para quem já leu a história onde ele perde um parceiro da polícia com quem trabalhou bastante tempo ou alguns outros exemplos de convivência que ele teve em seu período civil na Terra, sabe que o marciano tem um compromisso, até uma forma diferente de afeto em relação a essas pessoas. Nesta história, temos uma série de coisas que o Caçador faz durante o período em que não está trabalhando na Liga. E é incrível. Talvez porque não temos tantas histórias assim… ou porque o personagem é misterioso, mas o impacto de suas ações é grande, quase como se o conhecêssemos pela primeira vez. De todas as pequenas histórias deste volume, esta é certamente a melhor.

O restante da revista apresenta uma linha do tempo da Liga da Justiça pós-Crise e traz muitas páginas com biografias dos personagens nas principais séries do grupo desde a década de 1980.

Roteiro: Mark Millar
Arte: Don Hillsman
Arte-final: Don Hillsman
Cores: Tom McCraw
Letras: Albert DeGuzman
Editoria: K.C. Carlson, Frank Berrios, Peter Tomasi, Dan Raspler
5 páginas

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