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Crítica | Loki – 1X04: The Nexus Event

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Depois de um episódio que, mesmo sendo bom, deixou a desejar em termos de ritmo, Loki retorna para a programação normal começando com um “bombástico” epílogo em Lamentis, o planeta lilás, em que o suprassumo do narcisismo parece acontecer: o Loki de Tom Hiddleston demonstra ter sentimentos amorosos pela Lady Loki de Sophia Di Martino, resultando em um evento nexus sem precedentes que acaba fazendo com que o pessoal da TVA os salve antes do apocalipse. É, no mínimo, um começo peculiar para The Nexus Event, que faz com que a ação retorne para o quartel-general da repartição pública temporal, desencadeando revelações atrás de revelações, ou seja, basicamente o oposto do que não aconteceu em Lamentis.

Na verdade, lá no fundo, não são exatamente revelações que vemos ao longo do capítulo, pois já havia ficado mais do que estabelecido que a TVA era uma organização para lá de esquisita, com os tais Guardiões do Tempo parecendo exatamente o que eles acabam sendo, mais falsos do que notas de três reais, em uma sequência na linha do final de O Mágico de Oz. Não há, portanto, grandes surpresas aqui, o que, como sempre digo, é ótimo, pois mostra que há uma lógica interna clara na obra pelo menos no que se refere às pistas que foram sendo largadas sobre a agência em si. No entanto, se a dúvida plantada em Mobius por Loki decorre organicamente da conexão hesitante e divertidíssima que os personagens demonstraram ter em Glorious Purpose e The Variant, não sei se consigo dizer o mesmo de B-15, já que sua epifania aconteceu, no que nos diz respeito, muito rapidamente demais, ainda que haja uma lógica para essa aceleração, que foi causada pelo momentâneo encantamento de Sylvie sobre a caçadora. O problema é que a personagem de Wunmi Mosaku, no pouco que ganhou desenvolvimento, teve uma e apenas uma característica ressaltada: a lealdade cega e absoluta aos preceitos da TVA.

Essa situação acima apenas sublinha o quanto o episódio anterior teria se beneficiado de um equilíbrio entre as sequências no planeta com Loki e Sylvie e outras na própria TVA, de forma que pudéssemos ser brindados com um pouco mais de B-15 e até mesmo da relação entre Mobius e Ravonna, especialmente porque esta última ganha bom e decisivo destaque em The Nexus Event que, aliás, começa justamente com ela levando a pequena Loki (Cailey Fleming) de Asgard e inclementemente apagando a linha temporal dela. Seja como for, a convergência das tramas paralelas dos dois Lokis com seus respectivos guardiões ou interrogadores, com a confirmação de que os funcionários da TVA são eles próprios variantes e que os Guardiões do Tempo são robôs, deixando Ravonna, ao que tudo indica, como a única que pode explicar quem raios está por trás da agência, funciona muito bem para estabelecer o mistério a ser revelado nos dois episódios finais.

Claro que ajuda muito que o tempo de The Nexus Event seja bem dividido e bem empregado entre a tortura de Loki na prisão de loop temporal apanhando de Lady Sif (Jaimie Alexander retornando ao UCM) que demonstra mais uma vez o quão autoconsciente Loki é sobre quem ele é, a germinação da dúvida em Mobius que culmina em uma aliança genuína entre ele e Loki e as sequências de ação muito bem trabalhadas pela direção de Kate Herron, com direito a surpresas, como a “poda” tanto de Mobius quanto do próprio Loki, deixando Sylvie sozinha. E o melhor é que a demonstração de sentimentos nunca e tratada de maneira exagerada ou novelesca. Muito ao contrário, Herron faz o que precisa fazer e apoia-se na performance de seus atores, extraindo o melhor deles. Seja a reação de Loki pela poda de Mobius, seja a decepção de Mobius com Ravonna ou o momento em que Loki e Sylvie se reconectam, tudo depende exclusivamente dos atores, particularmente Hiddleston que dá um show de sutileza e elegância sofrida e torturada aqui.

No entanto, agora a série chegou ao seu ponto de tábula rasa, ou seja, tudo aqui que achávamos que sabíamos sobre a TVA foi desfeito e tudo pode acontecer daqui para a frente. Isso é de certa forma ruim porque “apaga” os episódios anteriores, mas, por outro lado, mostra ousadia na aposta de recomeço, mesmo considerando o tempo apertado que haverá para novas explicações e novos contextos. Afinal, será no mínimo curioso entender como aquela cena marota nos créditos em que vemos Loki acordando da poda no que parece ser uma Nova York destruída e sendo recepcionado por nada menos do que outras quatro versões suas, uma delas mais para Thor do que para Loki, ainda que seja creditada como Loki, será efetiva e organicamente encaixada no todo.

P.s.: Independente de qualquer outra consideração, desde já venho dizer que eu quero uma animação do Loki Jacaré passeando pelo multiverso ao lado de Howard, o Pato e talvez até Throg!

Loki – 1X04: The Nexus Event (EUA, 30 de junho de 2021)
Criação e desenvolvimento: Michael Waldron
Direção: Kate Herron
Roteiro: Eric Martin
Elenco: Tom Hiddleston, Sophia Di Martino, Owen Wilson, Gugu Mbatha-Raw, Wunmi Mosaku, Eugene Cordero, Tara Strong, Sasha Lane, Cailey Fleming, Jaimie Alexander, Richard E. Grant, Jack Veal, DeObia Oparei
Duração: 48 min.

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