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Crítica | Lucky Luke – Vol.3: Arizona

Onde tudo começou.

por Luiz Santiago
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Arizona é o terceiro álbum original de compilação das histórias de Lucky Luke, o hilário personagem de Morris criado no ano de 1946. Publicado pela editora Dupuis em 1951, o presente volume conta com três aventuras curtas do personagem: Arizona 1880 (1946), Lucky Luke vs. Cigarette Cesar (1949) e Lucky Luke e Seu Cavalo Jolly Jumper (1947), todas elas escritas e desenhadas por Morris. Todas também apareceram pela primeira vez na revista Spirou.

O álbum anterior a este foi Rodeio, originalmente publicado em 1951. O álbum posterior será Sob o Céu do Oeste, originalmente publicado em 1952. Você já leu essas histórias? Gostou delas? Conhece esse famoso personagem dos quadrinhos fraco-belga, com uma abordagem divertida para o Velho Oeste? Deixe o seu comentário! 

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Arizona 1880 e Lucky Luke e Seu Cavalo Jolly Jumper

Lucky Luke - Arizona #55 (2015) - plano critico arizona 1880 plano critico

Morris tinha apenas 23 anos de idade quando escreveu e desenhou esta primeira história de Lucky Luke, publicada no ano de 1946 em um Almanaque Especial do Jornal Spirou. Na trama, somos apresentados a um pai e um filho no comando de uma diligência que é atacada por dois bandidos. Os desenhos amplamente sinuosos, com finalização mais grossa para as linhas pretas e composição em menor escala de humanos, animais e cenários evocam desde cedo a impressão infantilizada e cômica pretendida pelo autor, causando uma excelente interação com a temática mais forte do período histórico retratado — que aqui, vai do roubo do ouro carregado por uma diligência até os já esperados tiroteios entre mocinho e bandidos.

Depois da apresentação, não demora muito para que cheguemos a um Saloon da cidade de Nugget City, onde Lucky Luke será praticamente “jogado pelo destino” na cola dos bandidos, gerando uma perseguição que o leitor acompanha com olhos atentos e um largo sorriso no rosto. Como era de se esperar, existem alguns “erros de continuidade” nos desenhos e o roteiro eventualmente abusa demais das eventualidades, mas para uma estreia com essa premissa cômica e infantil, não temos muito do que reclamar. A história, porém, jamais perde o pique. Estamos o tempo inteiro entretidos pela perseguição de Luke ao bandido Cheat, chefe do bando de Big Belly.

Ligando humor e as constantes situações de histórias de western, Morris consegue fazer um trabalho muito bom de apresentação de seu personagem em um Universo que já conhecemos tão bem, mas que sob outras cores e traços — e com esse tipo de abordagem despreocupada, no bom sentido –, se mostra quase inteiramente novo. Um bom começo para uma longeva, admirada e aplaudível série.

E aqui vai uma nota sobre a história Lucky Luke e Seu Cavalo Jolly Jumper. Publicada nas edições #503 e 504 do Le Journal de Spirou, em 1947 — logo na sequência de Dick Digger –, essa pequena história de duas páginas (e com dois temas diferentes) entrou como complemento do álbum Arizona, da Dupuis, em 1951. Na primeira trama, temos Lucky Luke domando um cavalo impossível, alimentando-o bem, mas com Jolly Jumper dando o troco por não ter sido bem alimentado pelo dono. Na segunda, vemos o personagem exausto, chegando ao Hotel Eldorado. É noite de neve intensa. O artifício que Luke usa para conseguir uma cama no lugar lotado é dos melhores, embora eu tenha ficado confuso do por quê o texto dá a entender uma ação de Luke e de seu cavalo, quando na verdade ele protagoniza a trama sozinho, com Jolly aparecendo apenas no primeiro quadro.

Lucky Luke: Arizona 1880 + Lucky Luke et Son Cheval Jolly Jumper (França, Bélgica, 1946 – 1947)
Publicação original: Le Journal de Spirou: Almanach 47 / #503 e 504
Encadernado original: Dupuis (Álbum: Arizona, 1951)
Roteiro: Morris
Arte: Morris
22 páginas

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Lucky Luke vs. Cigarette Cesar

Publicada na Spirou entre 30 de junho e 20 de outubro de 1949, Lucky Luke vs. Cigarette Cesar mostra pela primeira vez o protagonista do título visitando o México, no encalço do bandido Cigarette Cesar, que acabou de escapar da prisão e que cruzou a fronteira mexicana. O vilão é acusado, entre outras coisas, de assalto à mão armada e assassinato. No México, o bandido luta para se livrar de seu perseguidor, que sempre consegue encontrá-lo. Morris explora a chegada antecipada de Luke aos lugares onde que Cigarette Cesar vai, utilizando esse fator surpresa até o momento certo, sem enjoar o leitor com o mesmo tipo de piada visual ao longo de toda a história.

Em dado momento o bandido consegue se disfarçar, se armar e encontrar um cúmplice, um atirador de facas mexicano. Este envia a Lucky Luke uma mensagem na porta de seu quarto, assinada por Cigarette Cæsar. Um encontro é marcado para o dia seguinte, às 17h, na praça da cidade. Nesta segunda metade da história há uma integração entre a perseguição de Luke e uma tourada (ou algo parecido) que também nos diverte e serve para justificar a passagem do tempo (à la Matar ou Morrer), durante o qual nosso cowboy espera pacientemente pela chegada de seu oponente.

Em cada uma das duas partes da trama, Morris procurou arranjar um ponto humorístico que não fossem apenas as trapalhadas que ocorrem entre os dois personagens centrais. Vale um grande destaque ao fantástico quadro amplo com a dupla passando a cavalo por uma vila mexicana e deixando todos enraivecidos; um daqueles quadros de plano geral, com ângulo de cima, que o autor tanto gosta de fazer. Sem contar o humor um tantinho mais ácido à medida que nos aproximamos do final da aventura, onde depois de várias idas e vindas, o mocinho consegue entregar o bandido às autoridades e então segue o seu caminho cantando solitariamente.

Lucky Luke Contre Cigarette Cæsar (França, Bélgica, 1949)
Publicação original: Spirou #585 a 601
Encadernado original: Dupuis (Álbum: Arizona, 1951)
Roteiro: Morris
Arte: Morris
22 páginas

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