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Crítica | Maldito Feliz Natal

As confusões de uma família que não se entende nesta comédia natalina clichê, mas divertida.

por Leonardo Campos
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O argumento é mais que batido e a proposta se desenvolve sem muita criatividade, mas ainda assim, diverte. Maldito Feliz Natal nos apresenta o de sempre: um protagonista errante, com passado traumático, a viver contemporaneamente repetindo padrões de sua infância, uma história que envolve o pai nada exemplar, irmãos caricatos e irritantes, sobrevivência angustiante e penosa, em suma, memórias que pretende esquecer completamente, mas é impedido, em especial, diante das obrigatoriedades dos festejos natalinos, época de troca de presentes, perdão, gratidão, reencontros e coisas do tipo. Em linhas gerais, instantes de hipocrisia, mesclados com sentimentos genuínos sublimados por muito rancor e dificuldade de lidar com as situações resolvidas erroneamente. Ao longo dos 88 minutos da produção, breve, tempo necessário diante da falta de conteúdo suficiente para um algo mais, a narrativa nos faz contemplar casais ressignificando as suas relações, solteiros encontrando um novo amor e pais e filhos renovando votos próximos ao encerramento de um ciclo que abre portas para outro.

Dirigido por Tristam Shapeero, tendo como direcionamento, o roteiro escrito por Phil Johnston, Maldito Feliz Natal nos apresenta a trajetória de Body (Joel McHale), um jovem homem com a vida estabelecida num grande centro urbano, casado e com filhos, a gozar dos privilégios de uma casa, carro e conta bancária sofisticada. O seu relacionamento com as crianças é bastante cuidadoso, pois o personagem teme ser para as crianças, o que seu pai foi como referência em sua juventude. A preocupação em manter o segredo sobre a existência do Papai Noel para o caçula é algo quase que ritualístico, mesmo que em alguns momentos, evidências demonstrem para o pequeno que o bom velhinho talvez não exista, como afirma veementemente o patriarca da família. No casamento, no entanto, as coisas seguem mornas. Apesar de manter o respeito e a consideração pela esposa, Luan Mitcher (Lauren Graham), as chamas da paixão parecem brasas prestes a apagar, pois ambos não aquecem a cama há tempos.

Tudo, por sua vez, está prestes a ganhar novos rumos. É a magia do Natal, não é mesmo? Época de promessas e votos que muitas vezes, se perdem assim que o novo ciclo se inicia. Estressado constantemente e assoberbado com tanto trabalho, Body vai rever os seus conceitos quando precisa se deslocar com a família para o batismo de seu sobrinho, marcado inconvenientemente na véspera do Natal. Será lá a ocasião de reencontro com Mitch (Robin Williams), o seu pai ranzinza, ainda com desdobramentos comportamentais do passado, a ironizar a educação e os modos do filho e a maneira como ele se relaciona com os filhos. Confusões adicionais se iniciam quando Body percebe que esqueceu os presentes natalinos em casa e precisará viajar urgentemente para resgatar o material e chegar ainda em tempo para a celebração regida por presentes, em especial, para o filho mais novo, crente no Papai Noel.

Ao retornar, juntamente com o irmão e o pai, eles atravessam as estradas e passam por diversos desafios, dentre eles, o atropelamento de um Papai Noel, interpretado pelo sempre ótimo Oliver Platt, momento da trama ideal para reflexões sobre valores, família, amor, dentre outros. Acompanhamos a jornada cheia de passagens divertidas, porém muito caricatas, situações que lembram bastante o também irregular Sobrevivendo ao Natal, história com questões muito próximas ao enredo de Maldito Feliz Natal. Para nos contar esta fábula de reconciliação e magia natalina, lançada em 2014, os realizadores contaram com a direção de fotografia de Giovani Lampassi, design de produção de John Collins, setores responsáveis pela visualidade que se mantém amena, sem muitas luzes vibrantes, comuns ao período em questão, mas funcionais para a estrutura dramática desenvolvida. Na condução musical, Ludwig Goransson insere os temas natalinos tradicionais, reinterpretados por aqui com graça, mesmo que a narrativa em si seja pouco engraçada e, em muitos momentos, irritante, mesmo que tenha como qualidade, ser melhor que a maioria das bobagens do tipo lançadas anualmente para celebrar o Natal.

Maldito Feliz Natal (A Merry Friggin’ Christmas, EUA – 2014)
Direção:  Tristram Shapeero
Roteiro: Phil Johnston
Elenco: Joel McHale, Lauren Graham, Clark Duke, Oliver Platt, Wendi McLendon-Covey, Tim Heidecke, Candice Bergen, Robin William, Pierce Gagnon, Bebe Wood, Ryan Lee, Amara Miller,Mark Proksch
Duração: 88 min

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