Home QuadrinhosArco Crítica | Máquina do Tempo: O Segredo da Mona Lisa e O Segredo de Napoleão

Crítica | Máquina do Tempo: O Segredo da Mona Lisa e O Segredo de Napoleão

As duas primeiras aventuras de uma grande saga através do tempo.

por Luiz Santiago
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Neste compilado estão as duas primeiras histórias de Máquina do Tempo, a subsérie (que também pode ser chamada de saga ou arco, fica a gosto do leitor) da Disney nos quadrinhos. Como o próprio nome indica, trata-se de uma abordagem de ficção científica somada à ficção histórica, que se propõe levar Mickey e Pateta para o passado, a fim de resolverem enigmas históricos ou conhecerem de perto algum evento ou personagem marcante. Ambas as histórias dessa postagem foram lançadas em 1985, e ambas tiveram roteiro de Bruno Concina e arte de Massimo De Vita. Você já leu essas aventuras? O que achou delas? Confira as críticas abaixo e deixe o seu comentário ao fim da postagem!

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O Segredo da Mona Lisa

A introdução do Professor Zapotec em uma história do Mickey, em 1979, foi um passo interessante para a equipe editorial da Revista Topolino pensar em um jeito mais orgânico de, periodicamente, mandar Mickey e Pateta para algum momento passado da História, fazendo-os viver aventuras com personalidades importantes, conhecer grandes acontecimentos da humanidade e presenciar os marcos que empurraram a humanidade para o lugar onde ela se encontra hoje. Em 1985, o roteirista Bruno Concina e o desenhista Massimo De Vita (criador de Zapotec) conceberam O Segredo da Mona Lisa, uma história que coloca os protagonistas da revista em contato com uma das personagens mais enigmáticas da História da Arte e, claro, com um dos maiores gênios que a humanidade já conheceu: Leonardo Da Vinci.

Falamos aqui do início da subsérie/saga Máquina do Tempo, que também traz pela primeira vez o Professor Marlin, amigo de Zapotec e que aqui já aparece trabalhando com ele, mexendo na máquina e plenamente familiarizado com Mickey e Pateta, embora não tenhamos visto um único contato deles antes desse momento. Infelizmente não é uma boa apresentação. A verdade é que a “origem de tudo”, ou algo perto disso, iria acontecer apenas no 4º capítulo desse grande arco, numa trama intitulada Os Enigmas do Tempo. A meu ver, esta sim deveria ser a história introdutória, uma vez que traz a base para o leitor aproveitar mais (e melhor) a viagem, a relação de Mickey e Pateta com Zapotec e Marlin e as próprias regras da viagem e da invenção, que são colocadas aqui apenas como inferências. A gente entende o que está acontecendo, mas perde bastante do necessário ar de novidade que esse tipo de enredo eventualmente nos causaria.

E o mesmo problema que temos com a máquina, temos com Marlin. É uma pena, porque Zapotec teve uma introdução tão interessante em O Enigma de Mu, e Marlin, aqui, apenas brotou, jogado no colo do leitor. Pelo menos a viagem para o ano de 1505 é instigante. É impossível negar o quanto esse tipo de aventura nos captura, nos faz prestar atenção dobrada ao que está acontecendo. E a estadia de Mickey e Pateta no tempo de Da Vinci não é de se jogar fora. O roteiro opta pelo simples, não elenca grande variedade de lugares ou de problemas. Algumas situações cômicas, um pequeno suspense de alguns quadros e logo o texto embarca em algo objetivo novamente, ou seja, mostra coisas relacionadas à vida do famoso pintor e inventor e desvenda para o público “o que há de especial” na Mona Lisa. Finalmente descobrimos o verdadeiro motivo por trás do enigmático sorriso que tanto intrigou a humanidade!

À parte os já citados problemas de roteiro, eu não gosto nada como De Vita escolheu desenhar Da Vinci e a Gioconda. O propósito por trás dessa escolha, é óbvio: Leonardo e Mona Lisa, ao contrário de todos os outros personagens, não são caricaturas ou animais antropomórficos, mas humanos, e seus rostos são “reproduções” de seus retratos. Todavia, essa escolha simplesmente não funciona — e pior, é muito feia. Há momentos em que o rosto das duas figuras histórias tornam-se um borrão medonho de traços indefinidos, uma coisa feia mesmo. Para a primeira história de uma saga que teria tanta coisa incrível no decorrer dos anos, O Segredo da Mona Lisa é um começo tímido e medíocre, pontuado por raros bons momentos, e trazendo a tiracolo um gigante potencial.

O Segredo da Mona Lisa (Topolino e il segreto della Gioconda) — Itália, 15 de setembro de 1985
Código da História: I TL 1555-A
Publicação original:
Topolino (libretto) 1555
Editoras originais: Mondadori, Disney Italia, Panini Comics
No Brasil: Almanaque Disney 239, Disney Big 28
Roteiro: Bruno Concina
Arte: Massimo De Vita
Capa original: Marco Rota
32 páginas

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O Segredo de Napoleão

6 de julho de 1805, Troisvilles, França. Este é o tempo e o espaço para onde Pateta e Mickey são enviados pelos professores Zapotec e Marlin, a fim de desvendar um mistério envolvendo Napoleão Bonaparte: por que o grande líder francês aparece nos retratos com a mão por dentro do casaco? Depois de um claudicante início de saga em O Segredo da Mona Lisa, a dupla Bruno Concina e Massimo De Vita volta para produzir outra aventura, agora com um princípio narrativo bem mais azeitado, com um início cuidadoso em termos de apresentação do tema para o leitor e com uma escolha acertada de representação visual para as figuras históricas — nada de tentar fazer retrato renascentista e tornar o rosto dos personagens modelos para um filme de terror.

Infelizmente ainda não temos explicações de nenhum tipo sobre o professor Marlin: de onde ele vem, quem ele é, como conheceu Zapotec e como construiu ou se apossou da máquina do tempo, mas o incômodo dessa vez é muitíssimo menor, talvez porque a apresentação seja feita de forma orgânica, com Zapotec fazendo as honras da casa e levando a dupla de viajantes do tempo para a sala da máquina, que está em um lugar escondido no Museu de Patópolis. Gosto bastante dos dois tempos da história aqui, introduzindo o “problema a ser resolvido” e tratando desse problema de forma divertida e instigante ao longo da estadia dos viajantes na França napoleônica.

O que pegou na história foi o fato de o “grande segredo” ser algo banal demais, infantil demais, bobo demais para o nível de enredo que ela própria já tinha apresentado. A corrida desesperada de Mickey e Pateta, o tratamento muito bem feito em flashback e o retorno à sala do Museu de Patópolis para entregar a resposta que tanto esperávamos são muito bons! Todavia, a sensação que temos é a de que falta uma boa compensação para tudo isso. O texto dá a entender algo grandioso, mas acaba não cumprindo essa promessa. Ainda assim, O Segredo de Napoleão está solidamente acima da média e é uma história que mostra o quanto as viagens do arco Máquina do Tempo podem ser criativas, malucas e gostosas de se ler. É a prova de que, muito cedo, os criadores do projeto e a editoria da revista Topolino conseguiram endireitar as coisas que pareciam fora dos trilhos.

O Segredo de Napoleão (Topolino e il segreto di Napoleone) — Itália, 13 de outubro de 1985
Código da História: I TL 1559-A
Publicação original:
Topolino (libretto) 1559
Editoras originais: Mondadori, Disney Italia, Panini Comics
No Brasil: Disney Juvenil 1, Clássicos da Literatura Disney 9 e Disney Big 33
Roteiro: Bruno Concina
Arte: Massimo De Vita
Capa original: Marco Rota
38 páginas

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