Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Martin Mystère – Vol. 3: Operação Arca

Crítica | Martin Mystère – Vol. 3: Operação Arca

por Luiz Santiago
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Uma história mais curta que as anteriores e, por isso mesmo, estruturalmente mais simples, Operação Arca consegue aglutinar uma interessantíssima aventura detetivesca com “temática impossível” junto a um drama político de espionagem, sendo Java e Martin Mystère utilizados, sem saberem, como peões da CIA e do FBI para localizarem sinais de atividade radioativa na região do Monte Ararat; local icônico para o cristianismo e para o judaísmo, pois foi neste monte que, segundo essas tradições, abarcou a Arca de Noé após o dilúvio.

Alfredo Castelli nos traz uma boa linha ação desde o início, colocando em cena os Homens de Negro e criando uma ligação engajante com as aventuras passadas da série. O leitor até estranha a coincidência do evento que coloca Martin Mystère na pista desse possível enigma arqueológico na Ásia, mas em pouco tempo os eventos no parque nos são explicados e ficamos sabendo de algo que o protagonista ainda não sabe, decisão do autor ajuda a criar uma forte sensação de conspiração. Aliás, este é o ingrediente que de fato permeia toda a narrativa daí para frente, sendo o real movimentador das peças no tabuleiro, levando o famoso detetive do impossível e seu parceiro neandertal até a Turquia, em busca de algo que possivelmente não existe. Ou será que existe?

Histórias de espionagem temperadas com elementos históricos e com teorias da conspiração tendem a trazer boas surpresas, num encadeamento do enredo ao sabor de “trama dentro de trama“, muitas vezes piorando a situação já difícil em que os mocinhos da vez se encontram. Castelli insere bem a ação do piloto que decide tomar partido de seu povo e juntar-se ao movimento pró soberania administrativa da Armênia, e este é justamente o momento da aventura em que o roteiro dá uma pausa na cadeia de ações propriamente políticas e começa a dar respostas, a juntar pontas em diversas camadas e a nos preparar para a grande surpresa de Operação Arca.

Crítica à forma como os Estados Unidos guia as suas investigações e como tratam os seus agentes — muitas vezes utilizados apenas como peças descartáveis “para um bem nacional” — e o jogo com a perspectiva dúbia do personagem principal dão o tom do encerramento do volume. Assim como tivemos em A Vingança de Rá, o autor lida com possibilidades aqui, dando brechas para que o leitor entenda à sua maneira o que de fato aconteceu — de minha parte, achei a ideia da arca real mas puramente tecnológica, algo maravilhoso. Os últimos quadros, porém, deixam claro que pelo menos alguma coisa eles encontraram ali no Ararat. Algo que Java certamente está muito feliz em guardar para si mesmo, enquanto Martin Mystère volta à angústia de não ter certeza de nada sobre esse assunto.

Os Grandes Enigmas de Martin Mystère, o Detetive do Impossível #3
Operazione Arca (Itália, junho de 1982)
Editora Original: Sergio Bonelli Editore
No Brasil: Globo, abril de 1987 / Record, outubro de 1990 e fevereiro de 1991
Roteiro: Alfredo Castelli
Arte: Angelo Maria Ricci
Capa: Giancarlo Alessandrini
65 páginas

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