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Crítica | Max – Fidelidade Assassina

Conheçam Max, um cão mastim tibetano geneticamente modificado... e mortal!

por Leonardo Campos
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Quem viveu a cultura televisiva dos canais abertos como uma das únicas opções de entretenimento na década de 1990 aqui no Brasil deve lembrar como Max – Fidelidade Assassina era anunciado com estardalhaço em sua semana de exibição. Uma narração frenética, os melhores takes do filme e a expectativa estava semeada. Na ocasião, o senso crítico e o faro para a compreensão dos mecanismos que engendram a linguagem cinematográfica não estavam ainda muito apurados, então o olhar era mesmo do entretenimento, demanda devidamente atendida. Visto hoje, com mais distanciamento e senso crítico, o filme se revela mais pecaminoso e irregular, mas ainda assim, muito divertido e até sagaz nalgumas estratégias críticas que se propõe a fazer, eclipsadas pelo excesso de clichês que não atrapalham a diversão, mas o transforma num filme menor do que poderia ser. Lançado em 1993, a história do cão assassino geneticamente modificado é um horror ecológico urbano, focado no animal tido como “maior amigo do homem”.

Desta vez, o cão perigoso não é o costumeiro pastor alemão, mas um mastim tibetano. Esta espécie, utilizada como guarda de gados no passado, funciona hoje como um símbolo de status para quem o detém. Considerada uma das raças mais raras e difíceis de encontrar fora da China, consta em documentação que foi trazido para os Estados Unidos pelo presidente Eisenhower na década de 1950, espécie também conhecida por ser um símbolo de companhia e por seu status, sofisticação para o dono. Em Max – Fidelidade Assassina, ele é um transformado num monstro perigoso e mortal, criado pelas mesmas mentes que empreenderam Chucky, o Brinquedo Assassino. Ao longo de seus 87 minutos, acompanhamos a repórter Lori (Ally Sheedy) em busca de uma matéria sobre a crueldade no tratamento com animais no Instituto de Pesquisa EMAX. Ao entrar clandestinamente, ela descobre uma realidade super desagradável e acaba se afeiçoando por Max e o libera, um cão aparentemente dócil, mas que na verdade é uma fera assassina perigosa, modificado geneticamente e com características de outros animais em seu DNA.

O Dr. Jarret (Lance Henriksen), responsável pela pesquisa, juntamente com a polícia, tenta encontrar e deter o cão que se oferta como uma ameaça perigosa, bem diferente da fofura que aparenta. O resumo da trama é o seguinte: após a situação, Lori leva Max para casa e um reinado de horror de estabelece. Fiel, o cão é todo cuidadoso com a repórter, mas não podemos dizer o mesmo de qualquer outra pessoa que tenta se aproximar ou ameaçar a sua estadia. Sob a direção e escrita de John Lafia, Max – Fidelidade Assassina mescla elementos de humor para promover o alívio cômico diante de alguns momentos de pura tensão. Mediana, a narrativa possui alguns bons momentos, mesmo que o resultado final seja genérico demais. Nada de surpreendente, mas também não chega a ser um desperdício de filme. Dentro das estruturas que regem uma trama sobre um cão perigoso geneticamente modificado, a produção cumpre adequadamente a sua função. Dentre os principais clichês, temos os algozes de Max, desprezíveis que morrem e não promovem catarse, pois são seres humanos desprovidos de qualquer tom de nobreza.

A polícia, como já é de se esperar, não cumpre adequadamente o trabalho que precisa exercer e impede que as coisas sejam resolvidas da maneira que precisam ser. Lance Henriksen adota o estilo cientista louco de seu personagem, outro ponto basilar para a maioria das narrativas do segmento. O final, cheio de cenas de perseguição e embate entre os humanos e o cão encerra a trama com bastante energia, mas com uma sensação de que tudo poderia ter sido ainda melhor se houvesse um texto dramático um pouco mais forte nos diálogos e situações. Ah, como destaque, não podemos deixar de lembrar da cena em que Max estupra uma cadela da vizinhança. É algo bem anos 1990, hoje, talvez, não creio que seria recepcionado sem polemizar. Ademais, Mark Irwin faz um trabalho adequado na direção de fotografia, empregando a câmera subjetiva em alguns momentos, referenciando outros clássicos do horror ecológico, numa narrativa que conta com a também genérica trilha sonora de Joel Goldsmith e Alex Wikinson, além dos efeitos visuais convincentes da equipe de Scott Phillips e Peter Webb.

Em Max – Fidelidade Assassina, o melhor amigo do homem se torna a sua maior ameaça! É o que diz a campanha de divulgação e, no decorrer da ação, o próprio filme.

Max – Fidelidade Assassina (Man’s Best Friend, EUA – 1993)
Direção: John Lafia
Roteiro: John Lafia
Elenco: Ally Sheedy, Lance Henriksen, Robert Costanzo, Fredric Lehne, John Cassini, J.D. Daniels, William Sanderson, Rick Barker, Bradley Pierce, Cameron Arnett
Duração: 97 minutos

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