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Crítica | Max Steel (2016)

por Ritter Fan
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Filmes baseados em brinquedos não são novidade. Há desde trasheiras escancaradas como Mestres do Universo (He-Man), passando por jogos de tabuleiro improváveis como Os 7 Suspeitos (Clue ou Detetive) e Battleship: A Batalha dos Mares (Batalha Naval), até franquias caríssimas e extremamente bem-sucedidas como Transformers e outras caríssimas, mas não tão bem-sucedidas, como G.I. Joe. Portanto, não é absolutamente nenhuma surpresa que o bestseller Max Steel alguma hora fosse adaptado para as telonas, especialmente depois que o brinquedo original, que é um sucessor espiritual do Falcon, abraçou de vez o estilo sci-fi de ser e ganhou três séries animadas.

A surpresa vem mesmo ao nos depararmos com Maria Bello e Andy Garcia no elenco, atores consagrados por fantásticos exemplares da Sétima Arte como Marcas da Violência e Os Intocáveis. Ainda que ambos já tenham feito sua fatia de papeis questionáveis, sua presença – que não é pequena! – em Max Steel é um daqueles mistérios insolúveis. Falta de dinheiro? Falta de ofertas de trabalho? Alguma espécie de desafio pessoal? Perderam uma aposta com algum amigo muito sacana? Estavam bêbados ou drogados? Enlouqueceram? É complicado entender o processo pelo qual atores passam durante a escolha de seus papeis – Nicolas Cage que o diga! -, mas a leitura mesmo que perfunctória de duas ou três páginas do roteiro casada com a informação de que o orçamento total do filme (carregado de efeitos especiais) não passaria de 10 milhões de dólares, deveria ter feito o alarme dos dois soar bem alto. Mas, por razões que dificilmente saberemos, eis que Bello e Garcia vivem, respectivamente, mamãe-clichê-saudosa-e-preocupada-que-guarda-segredo-do-filho e industrial-amigo-da-família-com-voz-de-barítono-que-só-o-mais-inocente-dos-espectadores-não-percebe-que-é-o-grande-vilão-desde-o-primeiro-segundo-em-que-aparece.

Alguém interessando, neste ponto, em saber algo mais sobre o filme? Talvez a história? Então vamos lá.

Bem, o fiapo narrativo que carrega o filme lida com a volta de Molly (Bello) e Max McGrath (Ben Winchell, com a mesma expressividade do boneco que dá nome ao filme) à sua casa original 16 anos depois da trágica morte de Jim, marido de Molly e pai de Max. No momento em que Max coloca os pés na propriedade da família, o rapaz começa a ganhar poderes inexplicáveis que despertam Steel (reparam na esperteza: Max + Steel? genial, não?), um drone bio-mecânico insuportável (voz de Josh Brener), ou vice-versa, não sei. A partir daí, ele precisa entender o que raios está acontecendo, lutar contra o vento (sim!) e contra uma versão cospobre de algum vilão dos Power Rangers (sim!!!), além de namorar uma garota que dirige a única coisa realmente agradável de se ver na projeção: um Ford Bronco clássico.

O roteiro é, sendo muito direto, completamente sem vida, apático mesmo. Algo costurado no automático pelo assistente do estagiário do roteirista que provavelmente acha que tudo pode ser resolvido com alguns efeitos especiais aqui e ali e dois nomes famosos no elenco. E o resultado é um filme que jamais – e eu repito em caixa alta, JAMAIS – poderia sequer imaginar ser uma obra para lançamento no cinema. No máximo, Max Steel seria um não mais do que razoável piloto de uma pretensa série live-action da linha de brinquedos para o Disney Channel.

Na seara dos efeitos especiais, se imaginarmos a obra como um piloto de série de TV, o que vemos é aceitável, com uma computação gráfica condizente com o orçamento nos três ou quatro momentos em que ela é usada de verdade, já que o Max Steel mesmo, de armadura, só aparece efetivamente no terço final da fita, como de praxe em obras assim, digamos, feitas com a xepa da feira da última semana. Mas, justiça seja feita, o drone Steel é surpreendentemente bem trabalhado em seus efeitos que misturam bem organicidade com tecnologia, quase parecendo algo digno de aparecer em um longa para o cinema (mesmo assim, o filme não ganha nem meia estrela…).

Com uma direção burocrática e sem nenhuma imaginação do incipiente Stewart Hendler, a obra é uma sucessão de sequências-padrão que poderiam ser resumidas a planos gerais de paisagens intercalando constrangedoras sequências que insistem em tentar provar que Winchell pode ser classificado como ator, mas que falham fragorosamente. O diretor carrega fortemente em vícios de televisão, quase que “desmascarando” a verdadeira natureza do filme, ao insistir em establishing shots típicos de séries de TV dos anos 80 e 90, que didaticamente passam a informação ao espectador sobre o local onde a ação se passa, além de doses cavalares de drama juvenil-boboca de “amorzinho” entre jovens bem-apessoados.

Mesmo considerando que nenhum longa-metragem baseado em brinquedos é verdadeiramente bom, Max Steel chega a um nível especial de ruindade. É um daqueles filmes que revolta o espectador meramente pelo fato de ter a audácia de ocupar preciosas telas em que filmes mais relevantes poderiam estar. Jamais imaginaria que diria isso, mas, brinquedo por brinquedo, é melhor ficar com a franquia Transformers

Obs: Para saber que brinquedos nós realmente gostaríamos de ver adaptados para as telonas, cliquem aqui.

Max Steel (Idem, Reino Unido/EUA – 2016)
Direção: Stewart Hendler
Roteiro: Christopher Yost
Elenco: Ben Winchell, Josh Brener, Maria Bello, Andy Garcia, Ana Villafañe, Mike Doyle, Phillip DeVona,  Billy Slaughter
Duração: 92 min.

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