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Crítica | Mayans M.C. – 4X09: The Calling of Saint Matthew

Uma proposta irrecusável?

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Quando Miguel retorna de verdade para a série, espreitando a casa de Álvarez, somente para o líder dos Mayans o pegar de “surpresa”, não soube muito bem o que pensar. Claro, houve uma elipse temporal entre aquele final do episódio anterior em que é revelado que ele fora sequestrado por Soledad, mas confesso que não esperava que ele, ato contínuo, aparece ao lado da irmã de El Banquero já com uma proposta sólida de parceria com os Mayans de Santo Padre, querendo, para todos os efeitos, restaurar aquela relação de subordinação entre o cartel e o clube de motoqueiros.

O conceito de se retornar ao antigo status quo me fez coçar a cabeça em dúvida. Por um lado, era uma maneira de convergir as duas linhas narrativas principais da série mais uma vez, mas, por outra, era, basicamente, começar de novo da mesma maneira que no começo da série, o que, para mim, não deveria acontecer por estarmos em uma “outra fase”, por assim dizer. Mesmo com Miguel e EZ aparentemente mostrando maturidade e sabendo enterrar as questões pessoais entre eles em prol de um potencialmente muito lucrativo acordo, alguma coisa ainda estava fora do lugar, talvez por tudo parecer fácil demais. Mas meus medos foram apaziguados – pelo momento – quando Álvarez leva o assunto ao clube e, mesmo com a concordância imediata de quase todo mundo à proposta de Miguel e Soledad, diz que não a aceitará.

Eu não sabia o que queria ver, mas, quando o roteiro de Gerald Cuesta e Sara Price transformaram a nova proposta de conexão do clube com o cartel em uma maneira de criar uma divisão interna ainda maior, percebi que era justamente isso que a temporada precisava. Enquanto antes a cisma interna tinha em Álvarez uma figura apaziguadora, agora o líder e fundador, ao que tudo indica, está completamente isolado, com EZ, seu protegido, sendo seu maior opositor. Creio que estamos próximos de uma moção radical pelo novo vice-presidente do clube, tentando afastar Álvarez da presidência e tomar a chefia do grupo, de forma a reestabelecer a conexão. Se isso acontecer, mesmo que o resultado prático seja o retorno de Santo Padre ao jugo do cartel, creio que terá valido a pena. Vamos esperar.

E esperar é preciso, pois nada será tão simples assim. Como um leitor cantou a pedra em comentários anteriores, Kody está trabalhando para a polícia como agente infiltrado. Mesmo que ela, no último segundo, deixe seus sentimentos aparentemente genuínos por Creeper tomarem conta de si, o que leva à revelação ao pé do ouvido, longe das gravações, o estrago já foi feito. Da mesma maneira, o retorno do sempre ameaçador e cada vez mais desequilibrado Potter, desta vez fazendo uma proposta que Adelita não pode recusar, e que, mesmo não sabendo dos detalhes, tem o potencial de destruir a “vida de casinha” que ela tão brevemente vive com Angel, parece inaugurar um novo capítulo na temporada, capítulo esse que parece vir tarde demais, já nos estertores do quarto ano – sem sinal ainda de renovação, diga-se de passagem -, ainda que Elgin James mereça nosso voto de confiança para pelo menos trazer os arcos a um fim razoável em apenas mais um episódio.

Mesmo com o tanto de coisa acontecendo, ainda houve tempo para um retorno à Letty e sua tristeza pela perda do pai (repararam como só agora vimos off camera o corpo dele, quatro episódios após sua morte em Death of the Virgin?), o que é sem dúvida uma maneira madura de se lidar com o fim de um personagem importante, e também para Gilly e seu drama com a família de seu colega de guerra, ainda que esse lado da história, agora, não esteja mais me agradando, por parece solto demais. Até Bishop teve seus dois minutos de felicidade no boliche com a “avó” apresentada pela esposa de Álvarez! Além disso, vemos Emily em fuga e, ao que tudo indica, a morte de sua irmã, o que certamente revirará seu mundo e que coloca ainda mais coisa no prato do showrunner para lidar em muito pouco tempo.

Diria, no final de The Calling of Saint Matthew, que o que realmente fica com o espectador é o quanto EZ, agora, é outro homem. A forma quase efusiva com que ele abraçou a proposta de Miguel e Soledad, ao ponto de opor-se abertamente a Álvarez lá no Templo, e a maneira como ele enfrenta seu pai, mostrando-se ainda mais monstruoso do que alguém que fora um monstro em outra vida faz de EZ um personagem pesado e complexo, ainda que sua precipitação para esse lado mais do que sombrio tenha vindo muito rapidamente demais nestes últimos episódios. Agora, só resta saber se a temporada acabará com ele sentando-se na cabeceira de Santo Padre, em controle absoluto de seu clube, sob a guarida do novo cartel formado por antigos rivais.

Mayans M.C. – 4X09: The Calling of Saint Matthew (EUA – 07 de junho de 2022)
Showrunner: Elgin James
Direção: Brett Dos Santos
Roteiro: Gerald Cuesta, Sara Price
Elenco: J.D. Pardo, Clayton Cardenas, Sarah Bolger, Michael Irby, Richard Cabral, Raoul Trujillo, Danny Pino, Edward James Olmos, Emilio Rivera, Jimmy Gonzales, Greg Vrotsos, Grace Rizzo, Carla Baratta, Joseph Raymond Lucero, Vincent Vargas, Frankie Loyal, Manny Montana, Justina Adorno, Guillermo García, Lex Medlin, Gino Vento, Selene Luna, Ray McKinnon
Duração: 50 min.

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