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Crítica | Mayans M.C. – 4X10: When the Breakdown Hit at Midnight

Fechando algumas portas, escancarando outras.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Sejamos justos com Elgin James. No alongado episódio de encerramento da quarta temporada de Mayans M.C., ele foi capaz de fechar algumas importantes linhas narrativas. A mais importante, claro, foi a que fez EZ chegar ao posto mais alto dos Mayans, primeiro livrando-se violentamente da ponta solta que era Jay Jay, depois destronando Marcus Álvarez com a cláusula killswitch que foi abordada lá atrás como uma bem cultivada Arma de Tchekhov e, finalmente, traindo Bishop ao atraí-lo para o seu lado sob a falsa promessa indireta de colocá-lo como presidente, somente para elevá-lo ao cargo de segundo em comando. Depois, tivemos finalmente a revelação, diretamente da boca de um derrotado e profundamente melancólico Felipe que ele é o pai de Miguel Galindo, o que faz de EZ e Angel seus meio-irmãos. Falando em Miguel, temos seu efetivo retorno “à vida”, com a recuperação de seu filho e a fatídica ligação para Emily, exigindo que ela volte. Finalmente, mas não menos importante, tivemos Creeper entregando-se à polícia e assumindo a culpa exclusiva por tudo que seus irmão fizeram e o enterro de Coco que leva Letty a jogar a culpa do ocorrido nos ombros dos Mayans e, ato contínuo, depois de aceitar de volta o carro verde-limão (ou chartreuse, se você for besta), resgata Hope da beira de seu retorno ao vício, mostrando que ela tem toda a intenção de endireitar sua vida agora que perdeu tudo.

No entanto, apesar de ter feito tudo o que descrevi acima muito bem, especialmente a jogada de EZ que inclui não mais aceitar a divisão dos Mayans em diferentes capítulos, algo que certamente aumentará a tensão, James não chegou nem próximo de se contentar e parar por aí. Muito ao contrário, o showrunner arregaçou as mangas e tratou foi de abrir duas portas para cada uma que fechava. A própria ascensão de EZ ao poder absoluto do tipo “se você não está comigo, está contra mim” é uma gigantesca e escancarada porta mesmo que o último momento em que o vemos no episódio emule inteligentemente o clássico final de O Poderoso Chefão, com a porta  do Templo fechando-se com um novo líder sendo festejado e Angel, de longe, vendo no que seu irmão se tornou. Afinal, unificar os capítulos em si já é missão próxima do impossível sem demonstração de força e toda essa força vem do gigantesco carregamento de drogas oferecido por Soledad e Miguel no episódio anterior que, como vimos bem ao final, torna-se uma enorme fogueira de Festa Junina (Miguel? Isaac? Alguém mandado por Álvarez ou por Potter?).

Isso já seria muito, mas o escancaramento de portas continua em When the Breakdown Hit at Midnight, primeiro com a ponta de Tig no início que quase mata Terry por ele ter começado a guerra e, depois, tem uma conversa de “inevitabilidades” com Álvarez e, depois, com o ressurgimento de Isaac, em um momento WTF? que eu realmente não esperava. Calma, calma. Eu mais do que esperava que ele estivesse vivo dada a velha regra que diz “sem corpo, sem morte” (que vale também para a irmão de Emily, só para ficar claro), ainda que eu desgoste profundamente desse retorno em razão da morte – essa sim bem morrida – de Coco e a conexão que existia entre os dois. Meu problema maior, porém, é que Isaac é revelado como um membro do Sons of Anarchy, patrocinador de Terry e, vamos lá, irmão mais novo de Les Packer que, como sabemos, está morrendo de câncer (provavelmente porque a produção não quer mais pagar o cachê de Robert Patrick). E tudo isso em uma cena que descarta, sem cerimônia – ou com cerimônia, se pensarmos no fogo… – um personagem novo com enorme potencial, Manny, que chegou a admirar EZ em determinado ponto, mas que, com a morte de Canche passou a desconfiar de algo de podre no reino de Santo Padre. Eu gostava de Isaac, mas essa reviravolta me pareceu consideravelmente sem sentido…

Tudo isso e eu nem falei de Adelita que, agora, trabalha para Potter que, por seu turno, parece querer ajudar Soledad em seu plano de dominação da região, ou, talvez, usá-la para derrubar de vez os Mayans em algum ponto. Como o sujeito tem uma forma de pensar no mínimo tortuosa, ainda não está muito claro qual é seu jogo de longo prazo e como todas essas peças móveis serão encaixadas, se é que serão. Afinal, essa é outra porta escancarada nesse encerramento que, se pensarmos bem, mesmo considerando os fechamentos que abordei, quase parece recomeçar a série, estabelecendo ou uma nova e completamente diferente fase ou apontando para um final turbulento em eventual quinta temporada.

E é aí que queria chegar. Sons of Anarchy durou mais tempo do que deveria mesmo que a legião de fãs da série não concorde com isso e Mayans, que sofreu com a saída de Kurt Sutter primeiro e, depois, com a compra da Fox pela Disney que não é lá muito afeita a obras que fazem o protagonista matar a sangue frio sua ex-namorada, fazendo a renovação para a quarta temporada um pequeno milagre. O que precisamos, agora, é de outro milagre igual e que Elgin James use uma possível (isso sou eu pensando positivo) nova temporada para, aí sim, fechar todas as pontas em um belo de um banho de sangue daqueles que jorram pela tela da TV.

Mayans M.C. – 4X10: When the Breakdown Hit at Midnight (EUA – 14 de junho de 2022)
Showrunner: Elgin James
Direção: Elgin James
Roteiro: Elgin James, Sean Varela
Elenco: J.D. Pardo, Clayton Cardenas, Sarah Bolger, Michael Irby, Richard Cabral, Raoul Trujillo, Danny Pino, Edward James Olmos, Emilio Rivera, Jimmy Gonzales, Greg Vrotsos, Grace Rizzo, Carla Baratta, Joseph Raymond Lucero, Vincent Vargas, Frankie Loyal, Manny Montana, Justina Adorno, Guillermo García, Lex Medlin, Gino Vento, Selene Luna, Kim Coates
Duração: 75 min.

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