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Crítica | “Medicine at Midnight” – Foo Fighters

por Kevin Rick
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Foo Fighters

If you want to
I’ll make you feel something real just to bother you
Now I got you
Under my thumb like a drug, I will smother you

Com 25 anos de carreira e muito sucesso mainstream, Foo Fighters se estabeleceu como uma banda de renome bastante popular no rock, sendo um dos poucos grupos do gênero antes do século XXI a fazerem uma transição de rock alternativo e hard rock dos anos 90 para utilizar o mais prestigiado pop rock dos últimos anos, porém, de certa forma, mantendo uma familiaridade com o som grunge, famoso em meados dos anos 80 e 90. O fato de Dave Grohl ser um entusiasta por todo o “espectro” do rock contribuiu para esta mescla musical da banda, que em seu 10º álbum, Medicine at Midnight, tenta fazer de tudo um pouco que sua discografia já criou, provendo um curioso paradoxo na experiência musical, em uma espécie de estranheza com repetição.

E a própria longevidade da banda é um tanto incomum, pois apesar de sempre tentar algo novo aqui e ali nos seus álbuns, ela nunca foi verdadeiramente inovadora. Ela simplesmente é confiável e segura com seu som “dad rock” como o próprio Dave gosta de dizer, fazendo sucesso com singles e mantendo uma fiel base de fãs para preencher estádios e sellout álbuns. E diferentemente do recente Power Up, do AC/DC, que propõe aquele mais do mesmo habitual da banda australiana, mas funciona como uma homenagem e uma revitalização dos (quase) centenários, o último álbum do Foo Fighters representa o lado ordinário do grupo. Uma mistura do classicismo do rock mascarado como alternativo, com injeções de pop que se tornaram esperadas da banda. É meio bagunçado, simples, repetitivo e divertido.

Como disse, Medicine at Midnight é uma grande mistura; temos uma melodia mais minimalista em Shame, Shame, remetendo-se à época de Nirvana do vocalista, mas com uma pegada sintetizada no pop. O teor mais intimista e contemplativo é revisitado em Waiting on a War, melancólico, e até me lembrando – bem pouco – folk em algumas notas. Mas aí temos faixas derivativas e feitas no intuito de alegrar arenas como No Son of Mine Holding Poison; músicas que lembram disco como Love Dies Young e até uma balada que lembra Beatles em Chasing Birds. E a falta de uma construção coesa, e, honestamente, uma falta de identidade da obra, propõe um ritmo bizarro ao álbum. Têm-se várias escolhas e ramificações, mas nada ambicioso, memorável ou arrojado.

O 10º álbum assume uma proposta comercial fingindo ser progressista; é quase como se a banda quisesse agradar o máximo possível de fãs, com um resgate ao clássico com uma pegada pop moderna, e uma estranha inclusão de grooves disco. Existe uma clara falta de inspiração em um álbum facilmente esquecível, mas, como disse, o famoso “dad rock” do Dave consegue divertido, um tanto pela estranheza da divergência melódica, mas também pela facilidade pela qual o Foo Fighters transforma o habitual em uma experiência musical simplória e confortável, especialmente para fãs da banda.

Medicine at Midnight pode até parecer “diferentona” na superfície, por trabalhar tantas áreas do rock e navegar em faixas tão opostas da unidade musical do álbum, mas é só na superfície mesmo, pois no cerne da obra, temos o corriqueiro som da banda que não concebe nada novo, nem almeja ser ousado. Sequer tentam fazer o lugar-comum de modo revitalizado, apresentando faixas que soam preguiçosas. É Dave Grohl e Foo Fighters confortáveis em seu elemento que continua fazendo sucesso comercialmente. Tem muitas ideias boas, muitos estilos diferentes, mas é só “mais um” álbum de rock por aí. Um divertimento passageiro ordinário.

Aumenta!: Chasing Birds
Diminui!: Holding Poison

Medicine at Midnight
Artista: Foo Fighters
País: EUA
Lançamento: 05 de fevereiro de 2021
Gravadora: RCA, Roswell
Estilo: Rock, Rock Alternativo, Hard Rock, Power Pop

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