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Crítica | Metroid: Samus Returns

por Guilherme Coral
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Por muito tempo os fãs da franquia Metroid ficaram órfãos do estilo clássico da série, cuja última entrada foi Metroid: Zero Missionremake do original de 1986. A ênfase nos jogos da série Prime era evidente e, ainda que eles sejam, em sua maioria, excelentes, não há como não sentir falta do velho side-scroller que tornou Samus uma das personagens mais icônicas dos videogames. Veio como uma grata surpresa, portanto, o anúncio de Samus Returns, mais um remake, dessa vez do segundo game da franquia, Return of Samuslançado originalmente para o Gameboy, em 1991. Um certo receio, contudo, foi despertado, já que o game seria desenvolvido pela Nintendo em parceria com a MercurySteam, responsável pelo irregular Castlevania: Lords of Shadow – Mirror of Fate.

Assim como essa obra da série sobre os BelmontSamus Returns mescla elementos 3DS com a jogabilidade em 2D dos clássicos Metroid, fazendo bom uso das capacidades gráficas do Nintendo 3DS, inclusive do modo tridimensional que pode ser ligado ou desligado. Já adianto que essa função, se ativada, garante inúmeros detalhes adicionais à cada cenário, transformando toda a experiência não somente em algo imersivo, como visualmente intrigante, com nítida profundidade de campo, que revela todo o cuidado com detalhes demonstrado pela equipe de desenvolvedores.

A trama mantém-se a mesma do jogo original e cronologicamente o jogo se situa entre a série PrimeSuper Metroid. Na história, Samus é enviada pela Federação ao planeta de origem dos metroids, SR388, para erradicar esses perigosos parasitas. Lá ela descobre que esses seres estão sofrendo mutações, absorvendo as características das criaturas devoradas, crescendo, com o tempo, em tamanho. É interessante observar como a premissa, de forma imediata, já afeta o gameplay, visto que, desde o início, vemos um contador, no inferior da tela, de quantos metroids restam, constante lembrete do objetivo principal do jogo.

Assim como na versão original, cada vez que matamos tais criaturas, novas áreas tornam-se disponíveis – dessa vez capturamos o DNA desses bichos e oferecemos determinada quantidade a estátuas Chozo (importante parte da mitologia da franquia), que drenam certas áreas, repletas de um líquido tóxico/ ácido, para possibilitar nossa progressão. Nesse sentido, Samus Returns é bastante linear, visto que o mapa é dividido em setores e um cenário imediatamente nos leva ao próximo, como em fases bem divididas. Claro que sempre podemos retornar a lugares previamente explorados, mas não chega a ser necessário revisitar os setores prévios, embora isso seja recomendado, visto que os upgrades obtidos podem abrir novas portas.

E por falar nessas melhorias e habilidades obtidas, o game, na mesma linha de Zero Mission, traz praticamente todos os upgrades de armadura introduzidos ao longo da história da franquia, desde a morph ball, até o grapple beam. Esses itens, claro, dialogam diretamente com o level design da obra, fazendo de cada sala um verdadeiro puzzle, especialmente se essa contar com um item a ser resgatado. Esse aspecto do jogo, porém, jamais tira a fluidez da jogabilidade, com desafios colocados na medida certa, impedindo que o jogador fique travado no mesmo lugar por horas e horas, ponto que quebraria sua imersão. Aliás, é importante notar como a trilha, mais discreta que obras como Zero Mission, faz um bom trabalho em criar a atmosfera da narrativa, somente destacando-se nos cenários de temperatura elevada, que faz bom uso do tema de Magmoor Caverns, de Metroid Prime.

Samus Returns, contudo, não é um mero compilado de tudo o que veio antes, ele também introduz novos elementos e aqui a mão da MercurySteam aparece mais claramente. Embora seja um side-scroller com estrutura bastante similar aos games anteriores da série, a ação em si é bastante diferente. Primeiro, os inimigos movimentam-se mais livremente, podendo alterar suas velocidades, não apenas seguindo aquela trajetória básica (alguns, sim, fazem somente isso). Eles podem disparar na direção do jogador, que, por sua vez, pode interromper tal ataque desferindo um golpe com o canhão de Samus na hora certa (o bom e velho parry, presente em tantos jogos por aí). Essa nova adição, de imediato, gera certa estranheza no jogador, especialmente porque se faz necessário com certos inimigos e facilita matar outros. Conforme progredimos, contudo, e melhor nos habituamos com a mecânica, ela se torna tão intuitiva quanto o simples atirar para o lado.

Além disso, a obra possibilita que disparemos para qualquer direção e não somente em sentidos pré-definidos, ponto que garante um bom dinamismo ao jogo. Infelizmente, os controles, muitas vezes, são confusos demais e requerem um bom tempo até que nos sintamos confortáveis com eles, visto que, inúmeras vezes, faz-se necessário que muitos botões sejam apertados de uma vez. Característica, essa, que se faz mais evidente durante as batalhas contra os diversos chefes, que, aliás, provam ser bastante repetitivos, com algumas honrosas exceções. O que salva é o crescente grau de dificuldade desses, possibilitando que enxerguemos tais encontros como algo mais dinâmico.

Samus Returns, portanto, não chega a ser exatamente o clássico Metroid que tanto esperávamos e sim o passo em direção a um novo caminho a ser trilhado pela franquia. Misturando elementos 3D com o a icônica jogabilidade em plataforma da série, o jogo introduz ótimas novas mecânicas, enquanto captura a essência dessas aventuras de Samus. Alguns defeitos, como os controles, por vezes, confusos e a repetitividade dos chefes, são evidentes, mas nada que estrague essa experiência, que acabou de vez com nossos temores em relação à participação da MercurySteam no desenvolvimento da obra. De fato, Samus retornou.

Metroid: Samus Returns
Desenvolvedora:
Nintendo, MercurySteam
Lançamento: 15 de setembro de 2017
Gênero: Plataforma, ação, aventura
Disponível para: Nintendo 3DS & 2DS

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