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Crítica | Minions 2: A Origem de Gru

Um Gru criança!

por Luiz Santiago
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O sucesso de Meu Malvado Favorito gerou uma franquia que não parece dar sinais de que vai embora tão cedo, apesar de os produtos derivados do primeiro filme, que já não era uma obra-prima (apenas uma boa animação que foi decaindo de qualidade em suas sequências) não valeram muito o ingresso – exceto, talvez, para as crianças. Quando anunciaram Minions 2: A Origem de Gru, eu não esperava nada mais além do que já tivemos nessa saga, contando aí a qualidade questionável dos filmes. Todavia, saí satisfeito da sessão, ao perceber que, desta vez, os roteiristas não quiseram se levar a sério demais; fazer gracinha demais ou subestimar a inteligência de qualquer pessoa que fosse assistir ao filme. Já é um bom começo.

Gru é um personagem que demanda atenção. Ele é o tipo de vilão com metade do corpo do outro lado do alinhamento moral, o que faz com que muitas de suas ações sejam inesperadas e comicamente preciosas. É aí que um roteiro bem escrito com base nesse tipo de premissa ganha um número bem maior de espectadores, e Minions 2 consegue, ao menos uma parte do tempo, construir algo muito positivo com isso, especialmente porque elenca Gru ainda criança (com “11 anos e ¾”). Considerando quem é o personagem, dá para engolir as coisas “nada infantis” que ele faz, porque isso é a essência de sua persona: ele tem habilidades notáveis, mesmo sendo desengonçado e sem jeito para vilão. 

A interação desse Gru criança com os Minions se transforma aqui, passando por alguns perrengues e um período de aprendizagem do “malvadinho favorito” para o fato de que ninguém consegue fazer nada sozinho – este, na verdade, é o mote moral da fita. E para fazer com que esse aprendizado venha à tona, os diretores começam com a apresentação do Sexteto Sinistro (nossa, Sony, que vergonha, hein? Até uma animação dos Minions conseguiu juntar o seu sexteto e vocês ainda não!), utilizado bem uma trilha sonora setentista e criando uma ameaça aleatória (a Pedra do Zodíaco), em um recanto da Ásia, para gerar uma série de embates internos ao sexteto e, em momento mais avançado da trama, trazer alguns pesos pesados para a tela.

Formado por Donna Disco, Jean Garra, Irmã Chaco, Svengança, Punho de Aço e Willy Kobra, o Sexteto serve de mola narrativa para Gru e seus companheiros embarcarem em uma série de aventuras, que vão de uma maravilhosa fuga à la Essa Pequena é uma Parada, até uma hilária cena de avião à la Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu!. Do grupo original de vilões, Kobra tem uma jornada de quase redenção, servindo de guia espiritual para Gru e, ele mesmo, também aprendendo algumas coisas no meio do processo. A história em torno desses personagens funciona melhor nos momentos de grande intensidade, mas não traz nada de novo ou capricha na exposição a ponto de criar uma obra inesquecível. O filme é divertido, a batalha final com o quinteto transformado em criaturas do horóscopo chinês é muito boa, mas a direção parece não saber aproveitar o que tem de melhor, às vezes largando momentos excelentes da batalha ou não fazendo com que coisas importantes comecem se resolver ali.

A trilha sonora do filme é o seu aspecto impecável, aquele que o público adulto irá curtir bem mais que as crianças, e sem maiores reservas. Já o visual “anos 70” parece ganhar fôlego apenas em momentos muito específicos, mas traz coisas bem legais, que vão da direta referência ao clássico Tubarão até os figurinos e penteados dos personagens. Os desenhos para as naves do Sexteto Sinistro também merecem destaque, sendo um mais absurdo e criativo que o outra (a nave de Irmã Chaco me fez gargalhar) e a aparência dos vilões após receberem o poder da Pedra do Zodíaco também é digna de nota. Em um momento onde as animações procuram seguir um caminho menos besteirol e um tantinho mais reflexivo, Minions 2: A Origem de Gru ganha algum destaque – inclusive dentro da própria franquia – justamente por seguir a onda de seu tempo. É um filme rápido, divertido, até certo ponto, e que mostra um lado desse estranho narigudo que a gente ainda não conhecia. Vale pelo Gru criança.

Minions 2: A Origem de Gru (Minions: The Rise of Gru) — EUA, 2022
Direção: Kyle Balda, Brad Ableson, Jonathan del Val
Roteiro: Matthew Fogel, Brian Lynch
Elenco original (vozes): Steve Carell, Pierre Coffin, Alan Arkin, Taraji P. Henson, Michelle Yeoh, Julie Andrews, Russell Brand, Jean-Claude Van Damme, Dolph Lundgren, Danny Trejo, Lucy Lawless, Jimmy O. Yang, Kevin Michael Richardson, John DiMaggio, RZA, Michael Beattie, Will Arnett, Steve Coogan, Colette Whitaker, Raymond S. Persi
Duração: 87 min.

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