Home FilmesCríticas Crítica | Monster Hunter

Crítica | Monster Hunter

por Rodrigo Pereira
6,3K views

A franquia Monster Hunter é bastante famosa dentro do mundo virtual e já possui algumas dezenas de jogos lançados, desde os consoles até os smartphones. Criado em 2004, o game se passa em um mundo fantástico repleto de monstros dos mais variados, onde o jogador controla um caçador que deve derrotar esses adversários para se desenvolver e conseguir enfrentar as mais poderosas criaturas. A adaptação cinematográfica segue a mesma lógica, mas para por aí.

Dirigido por Paul W.S. Anderson, famoso por adaptar para o cinema, entre outros jogos, a franquia Resident Evil, o filme traz de volta a parceria do diretor com Milla Jovovich no papel principal, interpretando a patrulheira Artemis, líder de uma equipe do exército estadunidense que vai até um local de jurisdição da ONU para verificar o desaparecimento de uma outra equipe. Ao começar a busca na localização indicada, o grupo é pego de surpresa por uma tempestade misteriosa, que os transporta para um mundo paralelo ao nosso. O mundo de Monster Hunter.

É nessa parte, quando estamos começando a nos acostumar aos personagens, que os desafios começam a aparecer e, um a um, todos os integrantes da equipe são mortos, restando somente Artemis. Chega a ser difícil de entender o porquê o diretor nos apresenta aos personagens, iniciando uma dinâmica interessante entre o grupo através do companheirismo e de suas reclamações acerca do trabalho, se todos são mortos e completamente descartados em seguida. Isso sequer chega a ser um spoiler, já que acontecem antes de trinta minutos de projeção. Talvez seja uma forma sem sentido de ligar aos minutos iniciais da obra, em que vemos uma embarcação navegando por um vasto deserto e com uma tripulação bastante peculiar e aparentemente interessante, mas que é atacada por um dos monstros e, com exceção do caçador interpretado por Tony Jaa, reaparece somente no último ato.

A partir desses acontecimentos, passamos a maior parte da fita acompanhando o desenrolar do relacionamento entre Artemis e o caçador, que parte de algo hostil para uma amizade entre guerreiros, criando o provável único ponto positivo de todo filme, ainda que se torne um pouco cansativo pela demora da direção em seguir em frente com a história. Até vejo uma tentativa de engrandecimento dos guerreiros e seus atos ao colocá-los em perspectiva ao gigantescos monstros e ao cenário em si, com planos abertos demonstrando o minúsculo tamanho humano perante a imensidão do deserto e de suas rochas. No entanto, são tão poucas e breves sequências sem continuidade que parecem perdidas em meio à narrativa, criando imagens sem grande significado.

Sem falar da terrível edição, principalmente durante os combates. A utilização de vários cortes é amplamente aplicada em sequências de ação para dar dinamismo ao combate e, assim como qualquer recurso cinematográfico, pode gerar cenas incríveis (ou nem tanto). Paul W.S. Anderson abusa tanto desse recurso, principalmente nas lutas de Artemis e seu amigo caçador, que cheguei a ter uma leve tontura durante alguns combates, criando sequências em que só queria o final da luta para acabar com todo seu confuso frenesi. Já nos enfrentamentos com as monstruosas criaturas, apesar de melhores, também são cenas pouco animadoras, onde temos a percepção que os guerreiros vencerão a fera de qualquer maneira, mesmo com uma ou outra pequena adversidade.

Ao final, Monster Hunter consegue ser um emaranhado de nada. Seus combates, quando não causam náuseas na plateia, não acrescentam grandes momentos à obra. Com exceção das personagens de Jovovich e Jaa, o resto dos integrantes dos dois grupos são praticamente inexistentes, fazendo com que sequer nos importemos caso vivam ou morram. Nem mesmo a personagem de Ron Perlman, que passa a impressão de só ter algum destaque por ser interpretado por um ator famoso, chega a nos cativar de alguma forma. Paul W.S. Anderson, como mostra a cena que encerra a obra, parecia mais importado em criar algo já pensando em sua sequência que entregar um filme minimamente interessante. Melhor que tivesse deixado esse universo somente para os games.

Monster Hunter — Alemanha, China, Estados Unidos, Japão, 2020
Direção: Paul W.S. Anderson
Roteiro: Paul W.S. Anderson, Kaname Fujioka
Elenco: Milla Jovovich, Tony Jaa, T.I., Ron Perlman, Diego Boneta, Meagan Good, Josh Helman, Jin Au-Yeung, Jannik Schümann, Hirona Yamazaki, Nic Rasenti, Nanda Costa, Aaron Beelner, Schelaine Bennett, Adrián Muñoz
Duração: 104 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais