Home QuadrinhosArco Crítica | Monstro do Pântano #1 – 6: Gênese Sinistra (1972)

Crítica | Monstro do Pântano #1 – 6: Gênese Sinistra (1972)

por Luiz Santiago
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A edição #1, Gênese Sinistra, reapresenta a origem do Pantanoso. Aqui, ainda temos a indicação da fórmula biorrestauradora, o belo relacionamento do casal Alec e Linda Holland e a apresentação do Conclave, uma organização que pelo menos durante todo esse volume se mantém uma incógnita para o leitor. A origem mais técnica e menos sentimental narrada nessa edição tem mais a cara de uma aventura que pretendia ter vida longa (diferente da edição #0, o conto original que nasceu sem pretensão de ser uma publicação bimestral/mensal). Vários elementos externos são abertos na história, o que de cara permite que o roteiro se bifurque em intrigas e vá resolvendo isso ao longo das outras edições.

plano critico monstro do pantano edições 1 e 2 raízes

Em O Homem Que Queria a Eternidade parece pela primeira o mago/necromante Anton Arcane, além de suas criaturas sintéticas, os não-homens. Nesta aeição temos uma pegada de horror clássico e de “Filmes B”, com direito a personagens e situações bem cinematográficas dentro desse gênero, ilustrada com primazia por Bernie Wrightson e lembrando-nos muito o que conhecemos de histórias sobre o Drácula. O sentimento do Pantanoso é mais uma vez colocado em destaque por Wein, algo que seria o mote não apenas dessa, mas também das aventuras posteriores.

A história de O Homem Remendado começa a ficar mais intricada. Este curioso “homem remendado” é, na verdade, Gregori Arcane, irmão do mago/necromante e pai da bela Abigail Arcane. Aqui temos Matthew “Matt” Cable voando para os Bálcãs em busca do Pantanoso. Tenho a impressão que a forte amizade entre ele e os Holland foi criada após a primeira edição, porque no início não senti a tríade como sendo melhores amigos, nem mesmo diálogos expressivos entre eles havia naquela ocasião. De qualquer forma, Matt ainda não sabe que a pessoa a quem ele quer capturar é, na verdade, seu melhor amigo transformado…

Mais uma vez lembramos um filme de terror em O Monstro na Charneca, um daqueles filmes bem no estilo Jacques Tourneur. Matt e Abigail rumam em direção aos EUA num avião quadrimotor, mas caem na Escócia. É como se uma espécie de maldição os seguisse, porque eles são acolhidos pelos pais de um lobisomem que querem “destransformar” o filho. O Pantanoso, que pegou carona no avião (forçada de barra absurda, mas confesso que é bem divertida), está lá para ajudar. Essa é praticamente uma “edição de passagem”, ou seja, existiu para que a ida de um lugar a outro no amplo cenário que se tem para explorar não parecesse tão abrupta, o que foi um acerto de Len Wein, mas acabou apresentando uma história um pouco “menor” do que as suas edições anteriores.

plano critico monstro do pantano edições 3 e 4 len wein plano critico

Provavelmente meu top 3 de edições favoritas desse volume, A Última das Bruxas Ravenwind dá continuidade à saga. O Monstro do Pântano, após o perrengue com o lobisomem da família MacCobb, segue seu caminho, estranhamente diverso do que Matt e Abigail tomaram (estranhamente porque ele seguira o casal até ali e, do nada, deixou essa “perseguição” de lado). Em dado momento, o Monstro é descoberto em um navio e acaba se jogando na água. Sua chegada se dá na cidade de Divinity, no Estado do Maine, onde um verdadeira “caça às bruxas” está acontecendo. Tudo nessa edição é bacana, e tem uma ótima crítica social e exposição do papel da mulher numa cidade retrógrada e religiosa.

Por fim, A Mecânica do Terror. A história narrada nessa aventura é interessante, mas como está bastante desligada da sequência anterior, em sentido de continuidade, fica difícil se apegar tanto a ela. Apenas o início e o final, com a chegada do representante do Conclave (sim, o mesmo lá da primeira edição) temos uma conexão com a saga que acompanhávamos até o momento. Mas a maravilhosa arte de Bernie Wrightson supera qualquer coisa, e é impossível desprezar completamente essa história, ainda mais porque leva o Pantanoso para… Gotham City!

Com um roteiro bastante ligado ao ambiente do terror, Len Wein consegue contar uma saga macabra cheia de detalhes e intrigas das mais impossíveis. O autor não se furta em apresentar situações improváveis, o que dá maior sustentação à própria existência do Monstro do Pântano. Ainda não temos a ligação praticamente mística do Pantanoso com a natureza. Seus inimigos são homens ambiciosos, cientistas loucos, magos e outras criaturas ou fanáticos. A cada edição, percebemos que ele não vai ser deixado em paz nem tão cedo.

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Nestas e primeiras edições, as personagens foram bem delineadas e suas motivações, por mais neuróticas e um tantinho forçadas que sejam (refiro-me à postura de Matt Cable), são apresentadas com eficiência pelo autor. As coisas parecem convergir para os membros do Conclave. A organização está por trás de toda a história dos Holland, desde que se mudaram para um laboratório secreto no meio de uma região pantanosa em Louisiana.

A intriga parece que está apenas começando…

Clássicos DC / Monstro do Pântano – Raízes . Vol.1 – EUA, 2012
Lançamento no Brasil: Panini Comics, 2013
Contendo: Edições #1 a 6 da Monstro do Pântano Vol.1 (1972 – 1973).
Roteiro: Len Wein
Arte: Bernie Wrightson
Editoria: Joe Orlando
164 páginas

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