Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Monstro do Pântano: Twin Branches (2020)

Crítica | Monstro do Pântano: Twin Branches (2020)

por Luiz Santiago
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Eu sempre achei o Monstro do Pântano o personagem ideal para protagonizar narrativas de transformação. Desde a sua chegada aos quadrinhos, num pequeno conto gótico da House of Secrets #92, o personagem encarnou muito bem a possibilidade de vida em pelo menos duas distintas formas, uma noção que se tornaria ainda mais forte e rebuscada na linha do tempo do personagem a partir da revolução feita com ele do arco A Saga em diante.

Nesta graphic novel intitulada Twin Branches, a roteirista Maggie Stiefvater e a artista Morgan Beem criam a sua própria versão para a origem do Pantanoso, e fazem isso de uma forma familiar, emotiva e até lírica, contando a história de dois irmãos gêmeos (Alec e Walker Holland). O leitor precisa ter em mente que se trata de uma história alternativa do Monstro do Pântano e que o caráter da trama é majoritariamente humano. O que a autora faz é introduzir desde muito cedo a relação de um dos personagens com as plantas e, ainda na primeira metade, marcar a presença do Verde, a força da flora que conecta e move todo vegetal do planeta.

Nesse sentido, o livro nos faz refletir sobre a força de algumas ações em nossas vidas, sobre os relacionamentos, sobre aquilo que conhecemos ou não conhecemos das pessoas que amamos e, por fim, a surpresa da vida que está oculta de nossos olhos. Ver como as brigas, o amor e a convivência desses irmãos se desenvolve aqui é como ver a vida de dois indivíduos muito próximos (e não precisa ser de laço sanguíneo) passar diante dos olhos, até que chega o momento da separação. Como estamos falando de uma história envolvendo uma força incontrolável da natureza, essa passagem de um estágio para outro é doloroso e visualmente medonho, mas sua intenção e sua ação pela defesa de quem se ama é absolutamente marcante.

Alec e Abby.

Morgan Beem cria um ambiente visualmente marcado pela presença vegetal e adota inúmeros caminhos para mostrar a progressiva ligação de Alec com o Verde, uma progressão de proximidade que vemos ser abordada também com muitos detalhes pelo colorista Jeremy Lawson, especialmente na segunda metade da história. Gosto muito do trabalho que ele faz com o pássaro, com os cachorros e depois com Alec, o mesmo valendo para a fantástica arte nesses momentos, dando características vegetais às mais diversas formas animais.

Twin Branches é um conto de ligação de um indivíduo com uma força maior que ele, e a capacidade de usar dessa ligação para salvar quem se ama. Em dado momento da história a autora adiciona um plot de lembranças que acaba ficando reticente demais no fim, e eu lamentei um pouco o fato de a aproximação com mais elementos clássicos do Monstro do Pântano não tenha acontecido mais vezes. Ainda assim, trata-se de uma história bonita e com um belo tom de esperança no final.

Swamp Thing: Twin Branches (EUA, 13 de outubro de 2020)
Roteiro: Maggie Stiefvater
Arte: Morgan Beem
Capa: Morgan Beem
Cores: Jeremy Lawson
Letras: Ariana Maher
Editores: Alex Carr, Diego Lopez
190 páginas

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