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Crítica | Morte Instantânea (Polaroid)

O terror das maldições genéricas.

por Felipe Oliveira
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Previsto para ser lançado em 2017, o longa baseado no curta-metragem Polaroid (2015) teve sua estreia barrada depois que o produtor Harvey Weinstein foi denunciado por uma série de crimes envolvendo assédio, abuso sexual e estupro. Desde então, produções que faziam parte de sua antiga companhia, a Weinstein Company, se meteram num grande limbo com poucas chances de encontrarem a luz do sol. No caso de Morte Instantânea, quase foi lançado pela Diamond Films, depois pela Netflix, até que teve a sorte de ser distribuído em home vídeo.

Assim como Mama, Quando as Luzes se Apagam e Babadook, a película das fotos amaldiçoadas segue a ideia de esticar uma narrativa que deu certo, agora numa versão que explore mais do tal universo. Mas, dos citados acima, o terceiro foi o que mais conseguiu articular um argumento eficiente ao transpor as escolhas urgentes de um curta para um longa; e o mesmo não se pôde afirmar sobre o filme de Lars Klevberg, que, apresentando uma mesmice teen, interligada a uma crítica social e um conceito visual ousado, não deixava de ser meramente oco.

A história seguia a tímida Bird Fitcher (Kathryn Prescott), reservada para as poucas amizades que possuía, mas mostrava uma enorme paixão e habilidade em tirar fotografias. Após ganhar uma rara câmera polaroid, ela descobre que o objeto carrega uma terrível maldição: cada pessoa que aparece nas imagens tem um fim obscuro e violento reservado. Parece familiar, não é? Mas muito diferente do conceito visto em Premonição 3, o curta adaptado pintou uma mitologia curiosa para definir a sua trama — porém, com menos gás do que acredita, as subtramas ficaram mais como sobras que não agregam.

Estendendo sua criação para uma nova narrativa, Klevberg demonstrou bem menos confiança do que seu trabalho no subestimado remake de Brinquedo Assassino. Então, ainda que fosse possível reconhecer nas linhas da intencionalidade da trama a ideia de apresentar uma maldição inspirada nos tropos “clássicos” do gênero, Klevberg afundava o que tivesse de interessante no conceito por escolhas estúpidas genéricas. Ao ter uma clara inspiração ao remake de O Chamado, é inevitável pensar que Morte Instantânea (Polaroid) seria bem mais aceito se tivesse lançado após Final Destination 3, o que faria como um derivado surfando na onda da safra do slasher sobrenatural, mas que tentava criar as próprias enquanto buscava atrair o mesmo público.

Porém, por ter chegado onze depois do apreciado terceiro capítulo — ao menos para os fãs — Klevberg já trazia morte para a adaptação fílmica de Polaroid, antes mesmo de ser lançada, ao querer espelhar a lógica da maldição numa crítica artificial a era dos dilemas sociais e virtuais. Logo, em um longa em que jovens aparecem desconectados do hábito febril do uso de smartphones, mas se mostram conformados em tirar selfies com um dispositivo polaroid, o posicionamento para os perigos da exposição na Internet e até a tendência de se apoiar nas redes sociais para relatar o que estão fazendo, termina sendo um argumento raso em um terror óbvio que desperdiça qualquer potencial de criatividade.

Por mais que tivesse uma ideia interessante pela frente, estávamos diante de um filme fraco, no final. Um ponto que exemplifica isso é a escolha de tratar a presença da entidade com ambientações isoladas, desertas, caracterizadas pela falta de iluminação e não usar isso como um recurso simbólico e sim frustrado pela convencionalidade de colocar os personagens, sem um mínimo de desenvolvimento, nesses espaços afetados – e bem, em Premonição, o sinal de que a morte estava presente era representado por uso de sombras em CGI ou águas, mas era visualmente bem utilizado. Seja como for, Morte Instantânea pôde ser aproveitado pela prontidão que entregava o inerente susto fácil e pela inusitada figura de um espírito vingativo, mas que estava longe de ser mais que isso, afinal, não havia muito o que se esperar de um roteiro frouxo sobre um slasher polarod.

Morte Instantânea (Polaroid – EUA – 2019)
Direção: Lars Klevberg
Roteiro: Blair Butler
Elenco: Kathryn Prescott, Tyler Young, Samantha Logan, Keenan Tracey, Priscilla Quintana
Duração: 88 minutos

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