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Crítica | Mothra 2: A Batalha Submarina (1997)

por Luiz Santiago
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Segunda parte da trilogia do Renascimento de Mothra nos anos 1990 (uma tentativa de engatar mais filmes solo da mariposa gigante), A Batalha Submarina realmente não se dá ao trabalho de apresentar um plot minimamente interessante e tenta se sustentar (mais uma vez) em uma mensagem ecológica, colocada no roteiro de Suetani e Tanaka como uma lição de moral pregada aos adultos e às crianças. Se no primeiro filme isso estava marcado em terra firme, contra a derrubada de árvores e exploração indevida de minérios, neste segundo o enredo nos transporta para os oceanos e traz à tona um assunto realmente grave e cada vez mais persistente e incontornável em nossos dias, que é a grande quantidade de lixo, esgoto e material químico jogado no mar.

Mas a despeito de um tema importante em seu texto, Mothra 2 não sabe lidar um único momento com o produto crítico e nem mesmo com o elemento fantasioso ou de ficção científica que tem em mãos. O roteiro se atropela na forma de guiar os dois blocos, às vezes começando bem na apresentação de novos monstros ou de personagens já conhecidos do primeiro filme, mas em pouco tempo o próprio texto joga a boa narração da história por terra, enquanto a terrível montagem paralela faz o seguinte: 1) mostra cenas de personagens correndo e estacionando vários minutos no meio do caminho… enquanto a ação é cortada para um outro bloco e 2) estica até a explosão da paciência os motivos instigantes no enredo, seja uma mera cena de perseguição dos vilões humanos às crianças, seja a batalha anticlimática da Mothra Leo e mesmo da Rainbow Mothra contra o novo bicho desse Universo: o Dagahra.

Na linha central dessa história, Dagahra é despertado graças aos altos níveis de poluição nos oceanos e, juntamente com os seus agentes Barem (um tipo nojento e venenoso de estrela-do-mar), passa a atacar pessoas e cidades litorâneas do Japão, prenunciando um caos mundial. A gente aprende que Dagahra foi criando pela antiga civilização dos Nilai-Kanai, com o objetivo de limpar a poluição daquele povo (pensando bem, isso é realmente interessante, desde que o monstro não saia do controle, como é o caso do filme), mas desapareceu no mar juntamente com os seus criadores, sendo então despertado no século XX, atraído pelo imenso rastro de sujeita na águas. Se a gente parar para pensar, a premissa, como quase sempre nos filmes kaiju, é muito interessante. O problema acaba sendo a forma como o enredo e a direção desenvolvem isso. Em retrospeto para as produções da Toho, até conseguimos ver o flerte temático com o início de tudo, lá em Godzilla (1954), que dava conta do despertar do monstro devido aos altos níveis de liberação radioativa pelos homens. O princípio aqui é o mesmo, só que em uma esfera onde o espectador consegue se conectar ainda mais rápido, por ser algo com o qual vive no dia-a-dia e que observa cada vez que vai à praia, por exemplo.

A direção de Kunio Miyoshi não torna nada fácil nesse processo. E por mais que a montagem tenha um forte papel na terrível impressão estática de humanos e seres fantásticos (como Ghogo; as duas guardiãs do povo Elias; Belvera — agora com um novo dragão e um horrendo manejar do bicho toda vez que vai voar para longe –; e a princesa Yuna), a direção também não consegue muita coisa na composição dos quadros, na dinâmica cênica e especialmente na direção de atores. Isso somado a um grande número de diálogos estúpidos e um efeito especial pior que o outro, temos um cenário onde pouco sobra de diversão para o público. O texto cria essa nova ideia de uma civilização perdida, mas sua importância na história é alterada o tempo todo, cambaleando entre escolhas fantasiosas e realistas, com um resultado final que é pura chatice.

Minha única exceção aqui vai para os cinco minutinhos com a evolução da Rainbow Mothra para a Aqua Mothra, que parece uma mistura de mariposa, abelha-rainha e peixe. Gosto da cor, do design e das cenas de luta dessa versão da Mothra contra o Dagahra, especialmente porque a luta de fato acontece, enquanto a versão original passou um tempo interminável jogada em cima da cidade mitológica, sendo sugada pelas venenosas Barem. É pela Aqua Mothra, e unicamente por ela, que o filme vale a pena. Os mínimos momentos de diversão anteriores à sua entrada em cena não compensam todos os outros aspectos ruins da trama, que quase nada oferece para que a gente consiga equilibrar pontos positivos e negativos. O filme parte de um bom princípio mas acaba se resumindo à história de uma Atlântida genérica cheia de bichos estranhos.

Mothra 2: A Batalha Submarina (モスラ2 海底の大決戦 / Mosura 2: Kaitei no Daikessen / Rebirth of Mothra 2) — Japão, 1997
Direção: Kunio Miyoshi
Roteiro: Masumi Suetani, Tomoyuki Tanaka
Elenco: Megumi Kobayashi, Sayaka Yamaguchi, Aki Hano, Hikari Mitsushima, Masaki Otake, Shimada Maganao, Atsushi Okuno, Hajime Okayama, Maho Nonami, Mizuho Yoshida, Masahiro Noguchi, Kazushi Nemoto, Kentarô Sakai, Misako Konno, Masahiro Sato
Duração: 100 min.

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