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Crítica | Motoqueiro Fantasma: Estrada para a Danação

por Erik Blaz
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Há uma história que narram nas profundezas sombrias do inferno. De um motociclista revestido de couro, derretendo aço e queimando borracha ao acelerar nas vastas e negras planícies entre o Aqueronte e o Estige. Castigando o motor, extraindo cada lancinante grama de cavalo-vapor dos amargurados pistões. À caça da própria alma. A década de 70 trouxe grandes mudanças na área dos quadrinhos. Uma delas foi a revisão do Código de Censura. Isto nos concedeu inúmeros novos personagens e histórias com teor mais macabro e sobrenatural. O personagem em questão, surgiu nesta época e hoje, muitos o conhecem pelos seus (infelizmente) fracos filmes com o ator Nicolas Cage o interpretando.

Mas atualmente, no universo dos quadrinhos uma das mais notadas histórias do personagem é o arco Estrada para a Danação escrita por Garth Ennis (Preacher e Justiceiro: Bem-vindo de volta, Frank) em 2005. E nela, como de resumo, vemos finalmente o caveiroso preso no inferno, correndo noite após noite em busca dos portões infernais que lhe darão acesso à liberdade… Que lhe é tomada sempre pelas corjas demoníacas do inferno. Porém, uma luz surge no fim do túnel, um desconhecido anjo dá ao esperançoso Johhny Blaze uma proposta de sair do inferno, garantindo também o fim da maldição de se tornar sempre um fósforo ambulante. Ele só precisaria trazer um certo demônio (Kazann) de volta ao limbo, antes mesmo que outros dois caçadores o achem: Rute, uma impiedosa anja que não mede suas forças para achar Kazann, nem que para isso, faça da terra o próprio inferno e Hoss, um gordo caçador do inferno com um humor negro e no estilo texano de ser.

Garth Ennis conduz uma história cheia de humor negro com certa abordagem religiosa bem subversiva. O escritor cria pontos fracos e falhas humanas nos personagens bíblicos apresentados no conto, o que faz muito lembrar as histórias de Spawn (Image Comics) criado na década de 90 onde além do tom macabro, também faz certa referência ao psicológico de anjos e demônios, raças que pouco se preocupam com a humanidade, mas sim, entre eles e seus “cargos” em suas esferas espirituais.

Seria mesmo apenas uma “referência“? Acima, o leitor pode ver a comparação dos personagens que aparecem no arco do Motoqueiro Fantasma com os personagens das histórias de Spawn, criados por Todd McFarlene

Falando em referência, admito que antes de pesquisar sobre o ilustrador Clayton Crain, (que toma parte de todo o projeto da revista) observando seus desenhos, notei a proximidade do estilo artístico com Todd McFarlene (criador de Spawn). Além dos traços serem muito semelhantes, Crain realmente o vê como sua principal influência. Sua colorização é perfeita e dá uma sensação de 3D. Contudo, não há grandes surpresas no final do conto e a última luta deixa a desejar. O ápice da história encontra-se mais no começo e meio do conto.

É muito perceptível para quem já leu outras obras com esse tom de humor ácido o quanto de referências que são retiradas destes. Outro ponto negativo é a confusão que Ennis traz misturando elementos cristãos na história, pois o que era difícil entender, agora fica impossível: foi Mefisto ou Satã que fez o pacto com Johnny Blaze? Perguntas como essa soam como alarme em minha cabeça até o final da história, onde também não vemos a figura diabólica de nenhum dos dois seres.

A Estrada para a Danação eleva um pouco mais o Motoqueiro Fantasma, que estava meio esquecido nos quadrinhos; mas não traz muita novidade.

Motoqueiro Fantasma: Estrada Para a Danação (Ghost Rider Vol.5 #1 a 6: The Road to Damnation) — EUA, setembro de 2005 a fevereiro de 2006
No Brasil:
Panini (2012) e Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel #39 (Salvat, 2014)
Roteiro: Garth Ennis
Arte: Clayton Crain
Arte-final: Clayton Crain
Letras: Chris Eliopoulos
Capas: Clayton Crain
Editoria: Warren Simons, Axel Alonso
148 páginas

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