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Crítica | Mr. Bean – O Filme (1997)

Um passeio esquecível do personagem desastrado mais adorado do mundo.

por Arthur Barbosa
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Após o grande sucesso da série Mr. Bean, o desastroso personagem-protagonista retorna para as telas estrelando o próprio longa-metragem, intitulado aqui, no Brasil, de Mr. Bean – O Filme. Nele, o nosso querido Sr. Feijão – interpretado, é claro, pelo icônico ator Rowan Atkinson é o pior funcionário – no cargo de vigia – da Royal National Gallery of London e, justamente por isso, os seus colegas de trabalho desejam afastá-lo do local, mesmo mentindo para os americanos que ele é um especialista em obras de arte. Desse modo, transportando a famosa pintura de óleo sobre tela chamada Whistler’s Mother (1871), do pintor norte-americano James McNeill Whistler, ele passa por situações inusitadas com o nome de Dr. Bean. Conhecido pelo silêncio, uma vez que no seriado usava as expressões faciais para se comunicar, Bean usa o discurso para falar sobre a obra citada: uma verdadeira ironia do destino ocorrida na cidade de Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos da América (EUA). 

Embora a maioria das cenas tivesse a intenção de arrancar gargalhadas dos telespectadores, já que o personagem é adorado pelo mundo afora, o filme causa vergonha alheia. Bizarro, exagerado, maluco: não fez sentido algum ele atravessar o Oceano Atlântico, pois a história poderia se passar tranquilamente em Londres, na Inglaterra, terra original do Mr. Bean. Não teve cenas dele dirigindo o seu carro, incluindo, por exemplo, a participação especial do seu fiel amigo e companheiro, o ursinho Teddy, o qual apareceu somente na última cena. Além disso, apesar de a produção ser datada de 1997, as piadas são ultrapassadas, gerando, assim, um humor extremamente sem graça. Por qual motivo teve uma espécie de nudez breve, juntamente a um humor sexual? Não fez sentido! Na verdade, não precisava nada disso, porque o próprio protagonista já bastava para gerar o humor. É uma verdadeira comédia pastelão mal produzida.

A produção não é nada convidativa, visto que o filme parece não ter uma história chamativa para prender a atenção do telespectador. Nem a presença da atriz Sandra Oh, a saudosa Dra. Cristina Yang de Grey’s Anatomy, consegue ter um destaque, da mesma forma que outros atores, como Peter MacNicol, Pamela Reed, John Mills, Harris Yulin, dentre outros, os quais tiveram uma atuação mediana e esquecível, isto é, personagens secundários pouco complexos. Somado a isso, Mr. Bean não só consegue desconfigurar a obra de arte mencionada, como também rouba a original e não se desculpa por ter destruído o material artístico. Agonia e angústia foram os sentimentos ao visualizar a bizarrice do comportamento dele, em uma imensa aflição, afinal de contas, a qualquer momento ele poderia ter sido pego em flagrante no ato criminoso, mesmo tendo a ideia “genial” de ter colocado laxante na bebida do seu colega de profissão. Diante disso, acredito que ele deva ser realmente um extraterrestre por ter tido a habilidade de “corrigir” a obra e ainda soltar um discurso durante a divulgação dela diante do comprador.

Portanto, Mr. Bean – O Filme é uma verdadeira mistura de vários aspectos, os quais não deram certo: profanidades; violências; objetos se espatifando e/ou explodindo; vômito; invasão de domicílio; gestos obscenos e desconfiguração da arte. O fato de as cenas conterem esses detalhes não promoveu nenhum sentido, porque foram usadas sem lógica, sem motivo. Se a intenção dos roteiristas foi fazer graça, eles foram infelizes nas escolhas um tanto excêntricas. Inclusive, os famosos grunhidos silenciosos e sons guturais fizeram falta, marcas físicas memoráveis do personagem desde o primeiro episódio da série-base. 

No final, por exemplo, o filme começa a perder o foco da história, recorrendo a esquetes aparentemente sem relação alguma com o contexto principal para preencher o tempo de execução, como nas cenas do hospital. Não é nada agradável a comparação de obras diferentes, justamente pelo fato de serem distintas, mas Mr. Bean – O Filme não tem o mesmo sentimento que a série. É uma história arrastada, isto é, sem graça, esquecível. Ficou a sensação de que os outros personagens estavam desconectados do protagonista. Espero que o próximo filme, As Férias de Mr. Bean, lançado 10 anos depois, em 2007, seja mais memorável e mais divertido.

Mr. Bean – O Filme | EUA – Inglaterra, 1997
Diretores: Mel Smith
Roteiristas: Rowan Atkinson, Richard Curtis, Robin Driscoll
Elenco: Rowan Atkinson, Peter MacNicol, John Mills, Pamela Reed, Harris Yulin, Sandra Oh, Tricia Vessey, Burt Reynolds, Larry Drake, Danny Goldring, Johnny Galecki, Chris Ellis, Andrew Lawrence, Peter Capaldi, June Brown, Peter Egan
Duração: 01h30 (90 minutos)

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