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Crítica | Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X04: Is This Not Real Magic?

Vale dar spoilers?

por Ritter Fan
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  • Há spoilers, mas não de Família Soprano. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios. 

Depois de fazer com que Wong testemunhasse de forma a conseguir a condicional para Emil Blonsky, Jennifer Walters se vê novamente às voltas com o Mago Supremo que, agora, procura sua ajuda para impedir que Donny Blaze (Rhys Coiro – o uso desse nome, quase Johnny, só pode ter sido provocação com os fãs da Marvel que querem ver o Motoqueiro Fantasma no UCM, não?), um sujeito que treinou por uma semana em Kamar-Taj, use irresponsavelmente o pouco das Artes Místicas que sabe. É claro que Wong não precisava de uma advogada para isso, mas, por outro lado, se ninguém percebeu ainda, estamos em uma sitcom em que a lógica cartesiana – e normalmente chata pacas – não se aplica completamente. Paralelamente, a protagonista se vê às voltas com um aplicativo de relacionamento para apimentar sua quase que inexistente vida amorosa.

Óbvio que isso vai de cada um, mas confesso que nenhuma das duas histórias funcionou muito bem para mim em termos cômicos. O humor em The People vs. Emil Blonsky me pareceu mais vivo e menos dependente de repetição de gags como aqui, ainda que, interessantemente, Is This Not Real Magic? tenha sido o episódio tecnicamente mais eficiente e fluido, com uma conversa dinâmica entre as linhas narrativas paralelas, incluindo sequências de ação com a Mulher-Hulk dando sopapos em pequenos demônios libertados por Blaze para ajudar “Wongers” e um encerramento que soube finalmente introduzir um “novo assunto” sem que ele parecesse uma cena pós-crédito como foi o caso da Gangue da Demolição na semana passada.

O roteiro de Melissa Hunter acerta em usar Wong novamente e ao estabelecer a conexão do personagem com a festeira Madisynn (Patty Guggenheim), que Blaze manda para outra dimensão onde ela faz um pacto com um demônio (seria finalmente Mephisto, hein, hein, hein?). Diria que esse improvável pareamento é o maior acerto do episódio, o que inclui hilários spoilers de Família Soprano que, porém, lá no fundo, por simplesmente odiar spoilers, acabaram me irritando (mas sem afetar meu julgamento do capítulo, obviamente). O restante, seja a luta contra mini-demônios, seja o romance de Walters com um médico bonitão (que certamente contribuiu para o Vale da Estranheza que já abordei em críticas anteriores), foi apenas bobo e simpático, não exatamente engraçado, mesmo que de leve.

Mas o fato de a comédia em si não ter funcionado para mim como deveria ter funcionado não é um grande problema, pois a direção de Kat Coiro, que vem progressivamente mostrando mais cuidado, chegou no que parece ser o ponto de equilíbrio, com a diretora sabendo usar bem as duas histórias paralelas e evitando as correrias que vinham marcando a série. Percebe-se muito claramente os momentos de respiro ao longo da história, com a cineasta fazendo de tudo não só para dar espaço para as duas versões de Jennifer Walters, como também para os convidados especiais, outra característica interessante da série que Jessica Gao não tem vergonha alguma de usar em doses generosas.

Outra coisa que começa a tomar forma mais definitiva – ainda que bater o martelo seja perigoso pela forma de progressão das séries da Marvel Studios – é a estrutura de caso da semana em Mulher-Hulk. Não sou o maior fã disso em séries dramáticas (para usar um eufemismo), mas, em sitcons, o modelo tende a funcionar muito bem e eu sinceramente espero que continue assim, sem arcos narrativos ambiciosos que desaguem em alguma ameaça enorme para a heroína lidar daquela maneira genérica e corrida de sempre. Não que não possa haver um final boss qualquer lá para a frente, mas é importante que ele ou ela seja pé no chão e não algo que destoe do que vem sendo apresentado até agora, quase a metade da temporada.

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis continua sem desapontar em sua maneira leve e até boba de transmitir sua mensagem decididamente de cunho feminista que a personagem merece ter, algo que, no início, veio mais carregado de texto expositivo, mas que, agora, passou a ser trabalhado mais naturalmente no texto. É o tipo de série que até mesmo os mais turrões e intransigentes secretamente assistem e adoram, somente para, ato contínuo, usarem seu semblante sério, com dedo em riste, para reclamar da obra que “não assistem de jeito algum” e “que detestam”.

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X04: Is This Not Real Magic? (She-Hulk: Attorney at Law – EUA, 08 de setembro de 2022)
Criação: Jessica Gao
Direção: Kat Coiro
Roteiro: Melissa Hunter
Elenco: Tatiana Maslany, Ginger Gonzaga, Josh Segarra, Benedict Wong, Steve Coulter, Drew Matthews,
Leon Lamar, Patty Guggenheim, David Otunga, Rhys Coiro, Michel Curiel, Mark Linn-Baker
Duração: 36 min.

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