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Crítica | Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X05: Mean, Green, and Straight Poured into These Jeans

Humilhação como defesa.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers, mas não de Família Soprano. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios. 

Mean, Green, and Straight Poured Into These Jeans é o primeiro episódio de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis que não conta com pontas ilustres ou uso de superpoderes, retirando da série, assim, tudo que a vinha caracterizando para além do discurso abertamente feminista que vinha irritando muita gente e, mesmo assim, o resultado foi mais do que sólido, potencialmente o melhor capítulo até agora. Isso só demonstra que a obra desenvolvida por Jessica Gao tem fôlego próprio e sabe capturar muito bem o espírito da super-heroína verde, prima do Hulk, com uma pegada decididamente leve, bem estruturada e que conta com Tatiana Maslany carregando o protagonismo nas costas sem parecer estar fazendo qualquer esforço.

Não passou despercebido o fato que, pela primeira vez, Kat Coiro não está na direção, abrindo espaço para Anu Valia colocar em tela a conjunção da fluidez que vimos em Is This Not Real Magic? e o humor no ponto de The People vs. Emil Blonsky, em um episódio de narrativa muito coesa, com histórias paralelas que verdadeiramente se confundem em uma só, que extrai o que de melhor a Mulher-Hulk tem, ou seja, o conflito interno de Jennifer Walters em encontrar o meio termo entre o que ela era e o que ela agora é. Ver a protagonista usar aquele tailleur que fica desconjuntado, mas razoavelmente aceitável quando ela está em sua forma grandalhona e que fica parecendo uma criança vestindo o figurino da mãe quando ela está em sua forma original, com Maslany basicamente fazendo troça de si mesma sem, por um segundo, porém, perder a compostura é humor fino da melhor qualidade que pode ser apreciado tanto por seu valor de face quanto pelas críticas ali embutidas e, claro, o próprio fato de que ele é perfeitamente conducente da história em si.

E esse humor – que não é de arrancar risadas de fazer a barriga doer, eu sei, mas essa sequer é a proposta, pois há diferentes tipos de comédia – continua ao longo de todo o episódio, com o roteiro de Dana Schwartz acertando em momentos inspiradíssimos como a leitura do perfil do aplicativo de encontros que a Mulher-Hulk usa por sua advogada Mallory Book (Renée Elise Goldsberry imediatamente perfeita no papel arquetípico de uma power lawyer) e a defesa dela que constitui basicamente em humilhar a heroína com seus encontros e outros detalhes de sua vida privada e que, muito interessantemente, constitui argumentação jurídica bem-construída e crível para o caso de direito marcário que envolve a irritante, mas também muito divertida “influencer” (essa “profissão” exige aspas sempre…) Titânia, que finalmente volta de verdade para a série como uma espertalhona que passa a se aproveitar do nome dado à persona verdade de Walters pelo público. Se o timing cômico já não fosse ótimo aqui, há que se levar em consideração a premissa em si, ou seja, a rivalidade entre duas personagens superpoderosas se dando exclusivamente no tribunal, sem que o roteiro fique tentado a resolver o assunto no braço. Inegavelmente uma raridade no gênero, mesmo que, mais para a frente, as duas efetivamente saiam no tapa novamente.

A história paralela dos figurinos de Jennifer Walter, que é bem costurada à narrativa principal, abre finalmente espaço tanto para Ginger Gonzaga quanto para Josh Segarra terem seus 15 minutos de fama formando uma dupla completamente exagerada, mas exatamente no tom que a série exige. E, claro, a introdução de Luke Jacobson (Griffin Matthews) como um afetadíssimo designer  de uniformes de super-heróis é outro acerto, ainda que, para muita gente, o que fique de toda a interação dele com Nikki, Pug e Jen seja o easter-egg que mostra o capacete amarelo do Demolidor que em breve deverá aparecer na série.

Mas o bom mesmo é que Mean, Green, and Straight Poured into These Jeans mostra que Mulher-Hulk: Defensora de Heróis não exatamente precisa de participações especiais para funcionar. Claro que é sempre interessante que uma série que faz parte de um universo mais amplo mostre que realmente faz parte desse universo e tenho para mim que Jessica Gao venha usando personagens do UCM de maneira inteligente (até agora), sem realmente colocar a Mulher-Hulk diante de ameaças gigantescas que descaracterizariam a natureza da série, mas é difícil afastar a conclusão de que o uso excessivo desses personagens acaba sendo uma muleta narrativa, uma saída fácil para atrair espectadores. Por isso é que o quinto episódio acaba sendo tão importante, pois ele mostra que a série consegue andar com suas próprias pernas, não tendo o menor pudor de jogar pela janela esses artifícios quando eles se mostram desnecessários e inorgânicos.

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X05: Mean, Green, and Straight Poured into These Jeans (She-Hulk: Attorney at Law – EUA, 15 de setembro de 2022)
Criação: Jessica Gao
Direção: Anu Valia
Roteiro: Dana Schwartz
Elenco: Tatiana Maslany, Ginger Gonzaga, Josh Segarra, Steve Coulter, Renée Elise Goldsberry, Griffin Matthews, Jameela Jamil, Nicholas Cirillo, David Otunga, Michel Curiel
Duração: 30 min.

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