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Crítica | Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X07: The Retreat

Analisando Jen.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios. 

Se, depois de assistir The Retreat, o antepenúltimo episódio do que espero que seja apenas a primeira temporada de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, você não ficou com vontade de ver um spin-off estrelado pelo Abominável (Tim Roth) comandando uma equipe formada por Destruidor (Nick Gomez), Porco-Espinho (Jordan Aaron Ford), Homem-Touro (Nathan Hurd), El Águila (Joseph Castillo-Midyett) e Sarraceno (Terrence Clowe), a única coisa que eu posso dizer é que você precisa de um retiro espiritual para dar mais valor às coisas boas da vida. Não tem anúncio de retorno de Hugh Jackman ao papel de Wolverine ou de um filme dos Thunderbolts que seja mais relevante do que uma série – ou longa-metragem – com esse formidável grupo de perturbados vilões de categoria Z do Universo Marvel.

E, com esse começo, vocês já perceberam o que achei do episódio, não é mesmo? Só para resumir, é simplesmente o melhor da temporada até agora, com Tatiana Maslany mais uma vez arrasando em seu papel duplo depois que Jennifer Walters finalmente tem encontros com o promissor Josh que ela conhecera no episódio do casamento, que, porém, ao passar uma noite com ela, desaparece sem deixar vestígios, fazendo-a ficar aflita não exatamente por ele, mas por achar que está sendo rejeitada mais uma vez por ela não ter o tamanho, as curvas e o cabelo de seu alter-ego verde. O conflito interno – e também externo – da personagem é ao mesmo tempo cômico e trágico e a atriz sabe trafegar incrivelmente bem entre esses dois polos sem artificialidades e mesmo quando sua aparência 100% humana é trocada pela máscara da captura de performance.

O retorno de Emil Blonsky para a série até poderia ser visto como a repetição de um mesmo truque em uma única temporada, mas a grande verdade é que a história dele, pelo que podemos deduzir, é um dos panos de fundo da série que, de outra forma, é um apanhado de episódios quase que completamente independentes. E a premissa que leva a história até Blonsky mais uma vez é plausível, com Jen, triste pelo silêncio de Josh, recebendo uma ligação do oficial de condicional do ex-criminoso em razão de um defeito na tornozeleira eletrônica dele e o medo do oficial de encarar o Abominável sozinho. Chegando no retiro capitaneado por Blonsky, Jen tem seu Prius Prime destruído por uma luta entre o Homem-Touro e El Águila, com o primeiro acusando o segundo de ser um toureador (muito bem sacado isso, devo dizer) e é obrigada a ficar por lá por um dia inteiro sem comunicação com o mundo exterior, o que a leva a participar de uma sessão de terapia.

E essa terapia em grupo, prezados leitores, é ouro puro. Não consigo imaginar por um segundo sequer a hipótese de alguém ter achado isso chato, sem graça, cansativo ou qualquer adjetivação negativa. Colocar aquele bando de vilões porcarias das publicações da Marvel Comics fazendo auto análises sob a supervisão de Blonsky é uma das tiradas mais inspiradas do Universo Cinematográfico Marvel até agora, com momentos inesquecíveis como a relação de amor e ódio entre o Homem-Touro e El Águila, a recusa do Porco-Espinho em tirar o fedorento uniforme (parabéns à equipe de produção pelo design aqui!), a postura séria estilo “Blade” do Sarraceno, e o mea culpa, mea maxima culpa de um altamente compreensivo Destruidor. E isso sem contar com os chavões de livros de autoajuda do ex-Abominável, claro!

No entanto, o melhor é que nada do que vemos nessa sequência é gratuito ou tem uma função que se encerra em si mesma, ou seja, somente para fazer graça ou algo do gênero. Muito ao contrário, todo o objetivo do cuidadoso roteiro de Zeb Wells é “tratar” de Jen, de aproximá-la da Mulher-Hulk, de criar uma convergência sadia entre suas duas personas. Sem que Jennifer Walters se aceite como ela agora é, ela não pode esperar que ninguém faça o mesmo por ela, pelo menos não no campo amoroso, já que no campo da amizade ela tem a plena aceitação não só de sua família, mas também e talvez principalmente de Nikki. É claro que o sumiço de Josh machuca (independente de ele ser um agente do HulkKing), mas Jen não pode ser ou Jen ou Mulher-Hulk e a terapia, assim como toda a lógica dos episódios anteriores, parece levá-la finalmente a essa conclusão e todo esse processo é muito interessante de ser visto, resultando, como um leitor afirmou com muita perspicácia nos comentários de minha crítica anterior, em uma das mais interessantes – quiçá a mais interessante – personagem feminina do UCM.

Espero estar errado, mas diria que Mulher-Hulk: Defensora de Heróis chegou ao seu ponto mais alto, até porque este foi o último episódio dirigido por Anu Valia, que subiu o sarrafo da série quando pegou o bastão de Kat Coiro, que, por sua vez, retorna para os dois últimos episódios provavelmente para focar na trama vilanesca que, via Josh, finalmente obteve a amostra do sangue gama da protagonista, além de ter copiado todos os dados de seu telefone. Fica a torcida para que esse encerramento de temporada seja condizente com o escopo reduzido da série, sem deixá-la descambar para algo fora de esquadro e completamente exagerado. Afinal, a Mulher-Hulk mais do que merece um final digno!

P.s.: É sério, eu quero mesmo um spin-off desse grupo aí de vilõezinhos porcarias desajustados mais do que eu quero Hugh Jackman como o Carcaju novamente!

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X07: The Retreat (She-Hulk: Attorney at Law – EUA, 29 de setembro de 2022)
Criação: Jessica Gao
Direção: Anu Valia
Roteiro: Zeb Wells
Elenco: Tatiana Maslany, Ginger Gonzaga, Tim Roth, Nick Gomez, Justin Eaton, Trevor Salter, Nathan Hurd, Joseph Castillo-Midyett, Terrence Clowe, Jordan Aaron Ford, John Piruccello, David R. Sardi
Duração: 34 min.

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