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Crítica | Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X09: Whose Show Is This?

Esmagando a quarta parede!

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios. 

Que final esmagador! Do começo ao fim, Whose Show Is This? mostra que Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, a oitava série do Universo Cinematográfico Marvel e a última da Fase 4 (que, por sinal, acaba com Wakanda para Sempre), veio para divertir, debochar e deslumbrar, com pitadas de inovação aqui e ali, especialmente no que se refere à sua metalinguagem, com uma quebra de quarta parede que, se não é uma novidade – afinal, esse artifício existe no audiovisual pelo menos desde 1918 -, é muito inteligentemente usada para ao mesmo tempo servir de autocrítica e de crítica ao universo em que a série existe.

Desde seu cold open que brilhantemente refaz a abertura da célebre série de 1977 do Incrível Hulk (desconfio que até usando sequências da obra original), passando pela reunião dos bros de masculinidade frágil em uma espécie de grupo anti-“fêmeas” e chegando ao falso final apoteótico e sem sentido que é interrompido pela protagonista para ela então desancar o UCM e o próprio Kevin Feige, que é introduzido em sua versão robótica K.E.V.I.N. (seria pedir muito um especial só desse personagem?), com direito a corte seco e elipse narrativa com o Demolidor de brinde caindo do céu, tudo é uma diversão só, que faz troça de tudo e de todos, olhando para dentro e para fora. Em termos de quebra de quarta parede, o que Jessica Gao faz, aqui é, basicamente, uma aula magna (Deadpool 3 terá que cortar um dobrado agora!) que é, também, uma das mais memoráveis sequências de todo o Universo Cinematográfico Marvel. E não, não estou exagerando.

Toda a temporada teve como tema a conciliação entre as Jennifer Walters pré e pós-transformação, com a advogada lutando para entender quem ela passou a ser depois que o sangue de seu primo se misturou ao seu. Cada personagem convidado contribuiu para sua evolução e Tatiana Maslany, no papel, simplesmente mastigou o cenário, algo que ela novamente faz no episódio final com jovialidade contagiante, sensualidade natural e um joie de vivre maravilhoso. Há muito cuidado e leveza na construção da personagem e a atriz é o coração de tudo, seja em sua forma humana, seja em sua forma verde, mesmo que o CGI continue criando um inevitável Vale da Estranheza que, devo confessar, a essa altura do campeonato, nem é mais tão profundo assim. Chega a ser mais estranho ver o Demolidor chegando em cena em plena luz do dia do que ver a Mulher-Hulk interagindo com humanos fracotes.

E Whose Show Is This? faz da consciência de Jen de que ela é um personagem no UCM sua forma de chegar ao ponto alto da compreensão de quem ela realmente é e o que ela pode fazer para contribuir para seu mundo agora matizado pela cor verde da radiação gama. A entrada dela na sala de roteiristas para esculhambar a dita Fórmula Marvel – que, ironicamente, todo mundo reclama, mas não para de assistir e, mais ainda, quando ela é finalmente subvertida, a subversão não é reconhecida e as reclamações continuam de alguma outra forma -, algo que ela continua fazendo ao deparar-se com o Nexus de Interconectividade Visual de Conhecimento Aumentado, justamente a materialização da tal fórmula, desfazendo o que era para ser um final absolutamente ridículo e substituindo-o pelo citado corte seco e elipse temporal que nos teletransporta de volta para um Todd Phelps algemado em razão de sua campanha difamatória contra a Mulher-Hulk, um Emil Blonsky retornando para a prisão por violação dos termos de sua condicional e, claro, o Diabo da Cozinha do Inferno aparecendo da maneira mais aleatória – e hilária – possível. Alguns dirão que o episódio substituiu um final ridículo por outro final ridículo, o que é um preocupante atestado da mais completa incompreensão do que foi feito aqui e que, claro, não vou explicar porque eu não tenho o poder de quebrar a quarta parede e nem a habilidade de desenhar.

Esse final, portanto, consegue não só entregar um encerramento perfeitamente lógico em relação ao que vinha sendo mostrado, com a culminação do processo de desconstrução e reconstrução da protagonista, como traz de volta praticamente todos os mais importantes convidados especiais (o único que ficou meio fora de esquadro foi o Hulk retornando e trazendo seu filho Skaar – vivido em silêncio por Wil Deusner -, mas mesmo ele, dentro do contexto da zoeira, faz sentido) e mantém em primeiro plano sua vontade de provocar aqueles se sentem afetados pelo protagonismo feminino e que vestirão a proverbial carapuça, mas sem sequer reconhecer a nova peça do vestuário em sua cabeça. Mulher-Hulk: Defensora de Heróis pode até ter começado de maneira menos do que ideal, mas, ao longo de seus nove episódios, ela foi capaz de evoluir vertiginosamente e chegar ao seu fim como mais um exemplo de que nem só de fórmula vive a Marvel Studios. Que venha a segunda temporada! Ou o filme…

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X09: Whose Show Is This? (She-Hulk: Attorney at Law – EUA, 13 de outubro de 2022)
Criação: Jessica Gao
Direção: Kat Coiro
Roteiro: Jessica Gao
Elenco: Tatiana Maslany, Mark Ruffalo, Tim Roth, Ginger Gonzaga, Jameela Jamil, Renée Elise Goldsberry, Charlie Cox, Tess Malis Kincaid, Mark Linn-Baker, Josh Segarra, Jon Bass, Benedict Wong, Nick Gomez, Candice Rose, Michael H. Cole, Nicholas Cirillo, Drew Matthews, Wil Deusner
Duração: 34 min.

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