Home QuadrinhosArco Crítica | Mulher-Maravilha #267 – 268: O Fim do Cartel (1980)

Crítica | Mulher-Maravilha #267 – 268: O Fim do Cartel (1980)

por Luiz Santiago
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Sempre existe uma grande expectativa quando você pega para ler uma história em quadrinhos de personagens que gosta muito, não importa quem é o escritor à frente do projeto ou em que fase/Era dos quadrinhos e da linha do tempo desse personagem você está. Em minha longa jornada para ler e escrever sobre todo o material solo e em dupla já publicado do Homem Animal (excluindo crossovers e ações dele como integrante de Ligas e outras equipes, obviamente), eu me deparei com essa história onde o bichoso divide a capa e o protagonismo com outra de minhas personagens favoritas, a Mulher-Maravilha. A expectativa, claro, foi lá em cima. Afinal de contas, é uma história de 1980, já no início da última década da Era de Bronze… tinha que ter algo bom vindo daí, certo? É… sim, tinha. Mas não veio.

Formado pelas edições #267 e 268 da revista Wonder Woman Vol.1 (publicadas aqui no Brasil pela Abril, na Heróis em Ação de 1984), O Fim do Cartel é um arco — ou a parte final de um arco, a bem da verdade — que inicialmente se desenvolveu nas edições #262 a 264 da revista da Mulher-Maravilha, onde Diana luta contra… bem… O Cartel, uma organização misteriosa com planos de dominação do governo dos Estados Unidos e mais algumas outras ideias de vilões megalomaníacos que mais parecem fruto de coisas do início da Era de Prata do que do final. Como a continuidade é rala e o hiato no arco permite a leitura esparsada, o leitor pode pegar a trama tranquilamente a partir deste ponto, já que o roteiro é tão didático que nada irá se perder pelo caminho.

Basicamente: a Amazona prendeu um dos peões do Cartel conhecido como El Gaúcho. Usando o Laço da Verdade, ela consegue arrancar dele algumas informações, que a levavam para um local no Deserto de Mojave, onde um veldt artificial foi formado, com a maior pinta de savana africana, para encobrir um QG dos criminosos. Diana chega ao local em perseguição a um piloto, juntamente com Buddy Baker, que aparece na história como um mistério, causando má impressão inicial na Mulher-Maravilha, mas em pouco tempo as coisas se resolvem e eles fazem uma parceria que dura duas edições, justamente as que colocam fim ao cartel.

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Nesta capa vocês podem ver a ajuda imprescindível que o Homem Animal está dando para a Mulher-Maravilha.

Pouca coisa ajuda o desenvolvimento dessa história. O roteiro de Gerry Conway (que no futuro se redimiria com Buddy, escrevendo a interessante minissérie Os Últimos Dias do Homem Animal) tenta dar uma abordagem policial à saga, mas a presença do HA atrapalha consideravelmente o lado detetive da MM. O texto tenta ligar os dois de uma maneira simples, mas Buddy era um personagem de quinta categoria, em pouco tempo entrando para um grupo chamado Os Heróis Esquecidos (Forgotten Heroes, que apareceriam pela primeira vez na Action Comics Vol.1 #552, de 1984), e que estava há dez anos na praça — segundo temporalidade diegética, mas em termos de existência é um pouco mais, porque ele apareceu pela primeira vez na Strange Adventures Vol.1 #180, de 1965). Ou seja, a diferença de importância e até o tipo de conexão entre os dois heróis aqui é frágil e não há nada que ajude esse laço ser atado de maneira mais instigante, porque o cenário parece estranho para os mocinhos a cada página, descambando por completo na edição #268, chamada aqui no Brasil de Operação França.

Com um salto temporal em tudo incômodo, Buddy aparece passando protetor nas costas de Diana, em uma praia de Marselha. A ideia de contexto até que funciona a longo prazo, mas a luta em território francês não tem força alguma. Se o leitor percebera pontadas de bons elementos de ação em O Homem Que Andava Com as Feras, nesse Operação França a empolgação se perde, e não é por falta de cenas de ação, veja bem. É por falta de uma boa representação e desenvolvimento para elas, algo que a diagramação da revista não ajuda, travando a arte de Jose Delbo (finalizada por Vince Colletta), que é boa, tem interessantes ideias de dinamismo e alguns bons painéis, mas no todo, não engrena. A leitura do arco é válida porque mostra uma parceria rara do Homem Animal com outro grande herói da DC (fora de crossovers e equipes!), mas a qualidade da história realmente não é das melhores.

Wonder Woman Vol.1 #267 – 268: The Man Who Walked with Beasts / Battleground: France (EUA, maio – junho de 1980)
No Brasil:
 Heróis em Ação #4 e 5 (Editora Abril, 1984)
Roteiro: Gerry Conway
Arte: Jose Delbo
Arte-final: Vince Colletta
Cores: Jerry Serpe
Letras: Ben Oda
Editoria: Len Wein
Capa: Ross Andru, Dick Giordano
24 páginas

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