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Crítica | Mythic Quest – 3X06: The 12 Hours of Christmas

Espírito natalino talvez demais...

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as demais críticas.

Mythic Quest ganha seu episódio natalino com David, no comando da empresa, falhando miseravelmente em fomentar o espírito da época perante seus funcionários que precisam fazer plantão para manter os servidores do jogo funcionando em todos os fusos horários. Ironicamente, David Hornsby, que vive o personagem central do capítulo e que estreia na direção aqui logo em seguida ao trabalho de seu colega Danny Pudi em Playpen, repete na vida real o que seu Brittlesbee faz na MQ e também falha em dar vida ao roteiro de Humphrey Ker, ainda que não miseravelmente.

Confesso que tenho até dificuldade de lembrar quando – e se – assisti um episódio da série tão pouco engraçado ou de outra forma emotivo, daqueles que dá vontade de olhar o relógio para ver quanto tempo está faltando para acabar, o que, em uma sitcom de menos de meia hora, é um problema sério. Por outro lado, o fato de eu não lembrar de um episódio tão… sem graça quanto este nas duas temporadas e meia da série que foram ao ar até agora é, obviamente, um atestado da qualidade do conjunto da criação de Rob McElhenney, Charlie Day e Megan Ganz, o que faz de The 12 Hours of Christmas um mero soluço em uma obra de outra forma de se tirar o chapéu.

E não é sequer o caso de o episódio ser intragável ou imprestável, pois ele está longe disso. Para começo de conversa, o elenco mostra-se em perfeita sintonia aqui, com os conflitos entre David e seu Natal morno de um lado e Ian e Poppy tentando acender a chama motivacional de outro funcionando bem em termos dramatúrgicos. Ainda que, em linhas gerais, essa seja a linha narrativa menos interessante, incapaz de sequer arrancar sorrisos amarelos, há uma inocência inegável nela, algo raro de se ver na série, diria. É bem mais interessante, por exemplo, o périplo de Jo para entender o que é “amizade” com a assistente de David presenteando Poppy e Rachel, suas companheiras de (um único) brunch, com colares e esperando algo que nunca vem retorno a não ser no final, quando as duas programadoras usam o Playpen para transformar em jogo o catártico momento do uso do tanque de guerra para destruir carros que vimos em Crushing It.

No entanto, sem dúvida alguma o melhor núcleo do episódio é o liderado pelo sempre inescrutável Brad que, tendo colocado Rachel como diretora de monetização no episódio anterior, passa a arvorar-se como seu mentor, logo manipulando-a a oferecer um pacote natalino limitadíssimo e, por isso, caro, aos jogadores de Mythic Quest. Mas, ajudada por Dana, Rachel bate o pé e enfrenta seu chef… digo… assistente, retirando a limitação do número de pacotes e, claro, reduzindo o preço, logo fazendo a empresa faturar um milhão de dólares para frustração de Brad que vê seu feitiço virar-se contra ele. Pudi vem, a passos largos, construindo o mais complexo personagem fixo da série e o que vemos no episódio é mais um exemplo de como ele é fascinante. Se, em Playpen, notamos mais explicitamente que ele não parece ser mais exatamente um vilão, aqui percebemos que o que ele faz carrega ainda com bastante força os traços de quem ele era antes de ser preso. Não, ele não voltou a ser vilão, mas ele obviamente tem uma necessidade patológica de estar no poder, de manipular as pessoas ao seu redor e de se sentir superior a todos.

Claro que, no espírito do tema geral do episódio, quando Rachel pede para que ele “a salve”, o resultado é o melhor Natal da empresa, com direito a neve caindo magicamente do teto e bônus para todos os funcionários, basicamente fazendo tudo aquilo que David queria ter feito, mas que é inocente – ou talvez ignorante – demais para fazer. A bondade vilanesca(???) de Brad salva o dia e todo mundo acaba feliz em uma empresa novamente unida e próspera, com direito até mesmo a chilli no café da manhã (dá até aflição pensar em comer isso tão cedo…).

Infelizmente, porém, os bons momentos do episódio não o elevam ao nível costumeiro da série, deixando-o ali perigosamente na faixa do “bom” e, ainda por cima, com viés de baixa. É como se todo espírito natalino demasiadamente presente nos bastidores da produção tivesse contaminado o roteiro e a direção, resultando em um capítulo sem o sabor transgressor e crítico usual de Mythic Quest. Mas, como disse, tenho certeza de que isso foi apenas uma exceção à regra que acontece nas melhores séries.

Mythic Quest – 3X06: The 12 Hours of Christmas (EUA, 09 de dezembro de 2022)
Criação: Rob McElhenney, Charlie Day, Megan Ganz
Direção: David Hornsby
Roteiro: Humphrey Ker
Elenco: Rob McElhenney, Charlotte Nicdao, David Hornsby, Danny Pudi, Jessie Ennis, Imani Hakim, Ashly Burch, Naomi Ekperigin
Duração: 28 min.

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