Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Nathan Never – Vols. 3 e 4: Operação Dragão e A Ilha da Morte

Crítica | Nathan Never – Vols. 3 e 4: Operação Dragão e A Ilha da Morte

por Luiz Santiago
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Esta é a primeira parte de uma aventura que se conclui com A Ilha da Morte, o álbum seguinte da série Nathan Never. Nesta primeira parte, começamos com uma matéria do City News, com o seguinte destaque: Os Segredos do Jeet Kwon Doo: a mais recente forma de arte marcial. Assim como em O Monolito Negro, existem dois eventos em andamento, um que aparentemente não tem conexão nenhuma com a história e outro que se mostrará a espinha dorsal da trama. Ocorre que a aventura aqui ganha muito mais força na construção de personagens e de situações, fazendo com que os impasses ligados à grande luta na Ilha do Dragão sejam paulatinamente abordados pelo roteiro, que traz boas consequências para alguns protagonistas já nesta primeira parte.

O problema em pauta aqui é que uma divisão do Exército encontrou um depósito de armas químicas e uma série de bacilos mortais fazem parte deste achado. Na surdina, os militares tentam retirar as armas do local onde se faziam experimentos científicos, mas a aeronave carregada com os vírus é sequestrada, o que coloca a Agência Alfa na mira dos militares pois, ao que parece, é a única que pode auxiliar em uma missão que, se estivéssemos falando de um quadrinho de super-heróis (ou vilões), certamente seria dada para o Esquadrão Suicida.

O escolhido aqui, obviamente, é Nathan Never, que deve participar de um torneio impossível, com a intenção de obter as informações necessárias em um ambiente onde nenhum governo tem autoridade para agir e onde a comunicação com qualquer lugar fora da ilha só pode ser feita de um local especial, controlado por Athos Than. Bons dramas paralelos são apesentados, todos paulatinamente direcionados para o torneio na Ilha do Dragão, para as habilidades de alguns atletas e para a já conhecida corrupção que existe no meio das lutas profissionais.

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Um pouco do passado de Nathan Never.

A arte aqui valoriza corretamente a exposição dos quadros de contexto, com acertados momentos de silêncio e colocação bastante sólida de personagens em seus contextos sociais. Talvez fosse mais interessante se tivéssemos uma participação mais forte de Nathan Never e sua equipe costurando a história, não apenas como um dos quadros narrativos que acabam sendo narrados de forma paralela, até que se juntam na jornada rumo à Ilha, onde Athos ordena a preparação de gala para os atletas. Muitas boas ações aqui esperando o momento certo incendiarem..

Utilizando o pseudônimo de Robert Clouse, Nathan Never chega à Ilha do Dragão para participar do torneio bienal oferecido no lugar por Athos Than, o criminoso bilionário que comprou a ilha para se ver livre de qualquer jurisdição e que agora tem a posse de baterias cheias de vírus mortais e segue avançando em pesquisas científicas com a intenção de criar homens-robô para compor o seu Exército de escravos.

Exceto pelo início, quando o torneio acontece e de maneira não tão orgânica vai se ligando à missão e à busca de Terry Ying pelo irmão Chen, toda a trama é escrita com uma grande nível de ação, misturando o gênero de investigação com um bom suspense, fazendo com que o leitor espere pelo pior e fique curioso sobre qual passo e qual obstáculo aparecerá na Ilha para impedir a dupla de mocinhos alcançarem seus objetivos. Como as caraterísticas do local foram dadas na edição passada, o autor se utiliza dessas informações para fazer a história fluir pelo máximo de curiosidade que conseguir arrancar do público, logrando um excelente resultado final. A arte também mantém o nível da aventura anterior, novamente fazendo uso correto dos quadros de contexto e utilizando do silêncio do roteiro para apresentar ações na calada da noite ou em segredo, dando muito mais veracidade e força ao que vemos nas páginas.

O desfecho é, em uma palavra, cinematográfico. Por mais que o ponto final do vilão seja clichê, assim como o status em que Nathan e Terry ficam, não se trata de um momento mal construído na história, muito pelo contrário. O enredo explora as caraterísticas necessárias para nos fazer crer naquelas situações e deixa que personagens melhorados ou com excelência em algumas áreas ganhem espaço e vantagem sobre outros. O final de A Ilha da Morte termina o arco da Ilha do Dragão com chave de ouro, uma saga que se marcou como as duas primeiras grandes histórias de Bepi VignaStefano Casini em um trabalho que mescla suspense, exotismo futurista e artes marciais.

Nathan Never #3 e 4: Operazione Drago / L’isola della morte (Itália, agosto e setembro de 1991)
Sergio Bonelli Editore
No Brasil: Editora Globo, janeiro e fevereiro de 1992
Roteiro: Bepi Vigna
Arte: Stefano Casini
Capas: Claudio Castellini
200 páginas

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