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Crítica | Nick Raider – Vol. 27: Uma Voz na Escuridão

Um assassino de cegos.

por Luiz Santiago
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Eu fui com certa apreensão para a leitura dessa história. Nick Raider foi a única série da Sergio Bonelli Editore da qual não gostei muito da história de estreia (nesse caso, A Vítima Sem Nome), e isso fez com que eu demorasse bastante tempo para retornar ao personagem, o que acabei fazendo somente após um lançamento muito bacana da Editora 85, compilando aventuras inéditas do investigador aqui no Brasil. No presente volume, temos uma apresentação rápida da problemática, onde o assassinato acontece (num modelo visual típico do método dos gialli) e a investigação começa logo em seguida. A vítima é um homem cego. Já a motivação para o crime, assim como a identidade do criminoso, são os mistérios perseguidos pela polícia e aquilo que faz o enredo andar.

Eu gostei muito mais do início da aventura do que de seu desenvolvimento e, especialmente, finalização. O roteiro, escrito por Giuseppe Ferrandino, dá bastante atenção para a linha de procedimentos tomados pela polícia de Nova York, e por ele podemos entender um pouco as relações entre Nick e seus colegas de Distrito. O homem assassinado é um escritor bastante recluso que não tem inimigos, e essa configuração faz com que a polícia fique um tempinho sem saber que rumo exatamente tomar. As primeiras perguntas são feitas e a investigação começa, com momentos que são realmente interessantes, mas que infelizmente não se desenvolvem num sentido dramático mais amplo.

Talvez eu esteja bastante mal-acostumado com outros procedimentos investigativos da Bonelli (principalmente nas tramas de Júlia Kendall), ou por ter um apreço e uma grande quantidade de anos da minha vida consumindo literatura policial, por isso ache o caminho aqui “normal demais“. Até relativamente fraco. É evidente que essa impressão pode ser injusta com a série, uma vez que, contando com esta, só li duas histórias do personagem. Todavia, diante desses dois enredos observando Nick em ação, notei um caminho de procura pelo assassino que não me agradou de todo. Como disse antes, algumas cenas são realmente muito legais, mas parecem estacionadas: o autor interrompe a linha de detalhes e até mesmo de incremento das motivações para o crime ou histórico dos indivíduos em torno do acontecido.

Gosto da forma como os assassinatos ocorrem e também do suspense criado em torno desses crimes. Mas à medida que a trama avança, fico com a impressão de que a intenção da série não é aprofundar-se em pormenores de pistas ou mesmo na psicologia dos personagens, ou elementos mais intrincados das situações (novamente: só li duas histórias de Nick Raider), mas trabalhar de maneira extremamente objetiva com os acontecimentos diretos e a reação das pessoas vitimadas por eles. Tendo a implicar com finais moralistas, mas penso que o dessa história funcionou bem para a proposta. Uma Voz na Escuridão não cresce tanto em qualidade, para mim, mas certamente é uma boa narrativa, capaz de divertir ao menos um pouco e nos deixar ansiosos pela revelação do infame criminoso.

Nick Raider – Vol.27: Uma Voz na Escuridão (Una voce nel buio) – Itália, agosto de 1990
No Brasil:
Editora 85 (2021)
Roteiro: Giuseppe Ferrandino
Arte: Federico Antinori
Capa: Giampiero Casertano
100 páginas

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