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Crítica | Batman/Superman: O Cerco

por Luiz Santiago
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estrelas 3

Depois da diferença de caminhos narrativos utilizados por Greg Pak entre os arcos Mundos Cruzados e Fim de Jogo, o tom da revista Batman/Superman se mostrou bastante claro. As tramas não teriam uma linha fluída e sequencial de acontecimentos, ao contrário, elas mostrariam momentos diferentes do relacionamento desses dois heróis desde que se conheceram no universo dos Novos 52. Nenhum problema até aí. Só houve de fato um problema quando essas narrativas se colocaram tão distantes umas das outras a ponto de o leitor imaginar que são diversas minisséries compartilhando ocorrências de um mesmo universo. E isso não é nada bom.

Em O Cerco, o drama com a diaba e Satanus é deixado de lado e voltam à baila os conceitos legais de ficção científica da S.O.M.B.R.A. com coordenação de Ray Palmer, vistos pela primeira vez em Segunda Chance. O leitor claramente é tomado pelo senso de urgência da história, afinal, Kandor é parte importantíssima do cânone das histórias do Superman e qualquer coisa relacionada à cidade engarrafada chama a atenção. Aqui, porém, o foco é amplo demais e sem nenhuma conexão mais sólida com o momento anterior, o que diminui o que deveria ser uma visão densa do leitor, tornando-se um problema ético-moral de impacto raso.

batman superman o cerco

O vilão aqui é o Rei Fantasma (Xa-Du), cientista louco preso na Zona Fantasma, no passado, por Jor-El, pai do Superman. A forma como o plano de vingança contra o filho de Krypton se orquestra é, para dizer rapidamente, muito válida. A boa arte de Ardian Syaf e a excelente finalização das revistas #19, 20 e do Anual 2 nos contextualiza bem o cenário e serve de bom convite para que embarquemos na história. O problema está na na forma como isso se desenvolve.

Imaginem vocês um vilão que mata todos aqueles a quem o Superman mais ama ou que foram salvos por ele. Estamos falando de alguém preciso,  poderoso e que está em todos os lugares. Que oportunidade de outro para pegar esse conceito e criar um personagem diferente, alguém que desse a oportunidade para o roteirista ir para caminhos relativamente novos, mesmo trazendo a pequena Kandor para o centro das atenções.

Não são exatamente a cidade e a tia e avó do Superman com a cabeça bagunçada que decepcionam no roteiro, mas sim o motivo dessa perturbação mental ser tão bem apresentado e vendido com importância tão grande para no final se revelar alguém não exatamente fora de um vilão esperado. Um pouco patético, até.

Batman_Superman_Annual_2Nesse quesito, devo reconhecer que a história que se segue no Anual 2 dá mais coisas para considerarmos, pelo menos no início. O Rei Fantasma tem aqui um papel de “envenenar” vilões do Batman (certo, isso é ruim) para lutar contra o Superman. Mas diferente do que acontece nas edições #16 a 20, a história avança com um propósito instigante, uma missão com um Clark Kent vulnerável que tem a maior cara de The Walking Dead (os quadrinhos) pelo ambiente representado e atmosfera criada, inclusive, com uma arte de finalização aquarelada que tem impacto visual fortíssimo de abandono e sujeira, impressão que se torna mais intensa à medida que avançamos a leitura. Mesmo que o desfecho do anual seja apenas “ok”, o andamento da jornada é validado pela arte e cumpre parcialmente o que promete.

Resta-nos agora ver se todo o arco seguinte será pautado no que acontece ao final do Anual 2 ou se rapidamente se criará algo para fugir do tema e apresentar uma outra crônica. Eu torço pela primeira opção. Esses saltos que Greg Pak está fazendo a cada bloco de histórias começam a afetar a qualidade da saga.

Batman/Superman #16 a 20: O Cerco (EUA, 2015)
Roteiro: Greg Pak
Arte: Ardian Syaf / Tom Derenick, Tyler Kirkham, Ian Churchill, Ardian Syaf, Emanuela Lupacchino (Annual 2)
Arte-final: Sandra Hope, David Meikis, Jonathan Glapion, Jaime Mendoza, Mark Morales, Don Ho, Vicente Cifuentes / Vicente Cifuentes, Tyler Kirkham, Mark Morales, Jaime Mendoza, Ray McCarthy (Annual 2)
Cores: Ulises Arreola / Arif Prianto, Fahriza Kamaputra, Jessica Kholinne, Gloria Caeli (Annual 2)
Letras: Rob Leigh
Capas: Ardian Syaf, Danny Miki, Wil Quintana, Ulises Arreola, Jonathan Glapion, Sandra Hope
24 páginas (cada edição)

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