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Crítica | O Clube das Winx – 1X01: Una fata a Gardenia

por Davi Lima
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O Clube das Winx

Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 4
Número de episódios: 104
Período de exibição: 28 de janeiro de 2004 a 23 de novembro 2009 (TV italiana).
Há reboot? Não, mas houve um revival em 2011 e uma série live-action inspirada pela animação lançada em 2021.

Do início ao fim, o primeiro episódio da série animada ítalo-estadunidense O Clube das Winx, produzida pela Rainbow S.p.A e pela Nickelodeon, corresponde a um misto de superação visual com a estética 2D com uma narrativa de descoberta heroica superficialmente limitada. Se o gráfico pode parecer estagnado para os ritmos modernos, pelos menos ousa em aplicar alguns pontos 3D e emular uma fotografia cinematográfica de profundidade num mundo visual bastante planificado. Em compensação, a história da protagonista Bloom, na sua ascendência com a magia, se limita pelo superficial desenvolvimento do seu contexto familiar diferenciado com relação à juventude “irreverente”. Logo, dita-se muito mais um início de programa como um grande cliffhanger geral para a série do que um piloto de estabelecimento.

Não é por uma incompreensão da diversidade artística na TV que se problematiza um primeiro episódio da série O Clube das Winx ser mais um grande gancho do que um provedor de noções contextuais mais profundas, e sim pela relação intrínseca, por vezes pouco perceptível, em como uma história é contada pela a sua animação nos meandros mais visuais, que contribuem para os efeitos emocionais do espectador. Um exemplo em como esse aspecto é ainda mais relevante para o estilo gráfico dessa série das Winx, pode ser observado em cenas que Bloom tenta exercitar magia com um lápis no chão do seu quarto, em como a fada Stella quando fala uma frase de efeito há uma espécie de close-up em seus olhos, e principalmente na última cena que o colégio de fadas em Alfea é apresentado em 3D, após um vislumbre inicial em 2D, durante o episódio. Ou seja, existe um esmero “fotográfico” bem intenso em como o criador da série e diretor do episódio Iginio Straffi, ilustrador italiano, pensa cada quadro desenhado para dramatizar a trama inicial de descoberta da dimensão mágica Magix, mas parece muito mais provocar essa descoberta confundindo objetividade narrativa com superficialidade.

Exatamente por esse cuidado visual e superação estética, com um 2D mais estático e planificado, é que a objetividade narrativa grita mais, tanto em necessidade como em atenção, em vista que as dimensões técnicas ilustradas chamam mais atenção para a continuidade de quadros por segundo e progressão dramática do episódio. Inicialmente a juventude de Bloom e a contextualização espacial de sua cidade Gardênia para seu quarto parece um auge de harmonia do que se quer contar e o que se quer mostrar na história. O quarto da protagonista de uma garota de 16 anos, seja por sua idade, ou por algum aspecto feminino inerente a um estereótipo inofensivo, caracteriza Bloom de maneira bem heterogênea, interessada por misticidade, e ao mesmo tempo soando “comum”. Semelhante a isso é a sua cidade, que não parece diferenciada, porém é apresentada com prédios até certo ponto futuristas, da mesma forma a família da protagonista parece ser em parte super protetora, mas também apoiadora que a filha saia sozinha pela cidade. Nesse sentido de circular pelas primeiras impressões um bom trabalho com as imagens contribuem muito, mas abrem mais brechas do que fechamentos, e o diretor Iginio Straffi parece confortável nisso.

Por isso há a relatividade entre objetividade e superficialidade no episódio. Diante da capacidade de um bom ilustrador contar muito com poucas imagens, empolga demais as cenas de ação extremamente estáticas, brilhos “fadásticos” na roupa de Stella e a junção da trilha sonora implementando ares de gamificação alinhada com uma espécie de reinterpretação italiana da importação Power Rangers dos EUA. Porém, a história paulatina de descoberta de Bloom não segue essa linha progressiva e objetiva de empolgação no desenvolvimento com o 2D de O Clube das Winx. Porque, na verdade, não há transformação da personagem, há realmente um guia jogável que ela observa a fada Stella apresentar uma introdução guiada por um RPG de fadas disfarçada de uma história de iniciação heroica, de uma jovem interessada em magia que descobre na floresta uma fada lutando contra trolls, após comer uma maçã num close-up maroto de interpretação de imagem. Além disso, a caracterização do quarto, dos pais, da cidade, tudo isso em alguma diferenciação fica reduzido a superfície de imaginação do espectador para que em algum momento isso sirva para a série, já que fica refém de uma avalanche comedida do anseio por saber mais de Magix.

Por fim, todas as apresentações bem pensadas visualmente, que contribuem para que em 20 minutos de episódio possa fluir, se fixam em impressões como um chamamento constante, pulando-se de etapas básicas de algum drama da protagonista, que pode-se até pensar que não existe. De fato ele está lá, mas na supressão de novidades e no retomar das impressões iniciais para finalizar o episódio a sensação é que, embora funcione como um bom gancho para a assistir a série, na verdade não se estabelece nada, como rajadas frágeis de magias que empolgam apenas para dizer que tem uma nova fase. A juventude de Bloom é mero aspecto impulsionador nesse primeiro episódio, assim como praticamente tudo que se mostra na boa narrativa objetiva das imagens e amplamente superficial pelo sugerir de dramas. Se por um lado o piloto é extremamente funcional para intrigar pela série, podendo ser uma proposta totalmente válida de produção narrativa, também parece defraudar o espectador pelo incutido aspecto serial, não apenas contínuo como parece exacerbar.

O Clube das Winx (Winx Club) – 1X01: Una fata a Gardenia – Itália, 28 de janeiro de 2004
Criação: Iginio Straffi
Direção: Iginio Straffi
Roteiro: Francesco Artibani, Petra Bagnardi, Bruno Enna, Moreno Sandretti
Elenco: Letizia Ciampa, Perla Liberatori, Massimiliano Alto
Elenco (Dublagem Brasileira): Fabíola Giardino, Ana Lúcia Menezes, Felipe Drummond
Duração: 22 min.

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