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Crítica | O Congresso Futurista

por Guilherme Coral
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estrelas 3,5

O advento da computação gráfica, que passou, a partir de Final Fantasy: The Spirits Within, a trazer personagens cada vez mais realistas para as telas de cinema. Logo a tecnologia do motion capture se tornou cada vez mais comum, sendo amplamente utilizada tanto na indústria cinematográfica quanto na dos videogames. Recentemente foram reinvindicados por esses atores que emprestam seus corpos e expressões os direitos de serem reconhecidos pela Academia como atores digitais, para que, então, pudessem ganhar prêmios por seus trabalhos em personagens como Gollum na trilogia O Senhor dos Anéis.

O Congresso Futurista utiliza esse contexto para construir sua trama, que gira em torno de Robin Wright (interpretada por ela mesma), uma atriz que, segundo o filme, obteve grande renome após A Princesa Prometida (The Princess Bride) e Forrest Gump, mas que, desde então, somente escolheu maus papéis. É claro que o longa apenas utiliza o passado da atriz para construir seu universo fictício, ao passo que Wright tem seu grande destaque em produções como House of Cards. Com essa onda de fracassos constantes em mente, seu agente (Harvey Keitel) aparece com uma última oportunidade para Robin: ser escaneada e se tornar uma personagem virtual. Dessa forma existiria uma atriz digital que poderia, então, participar de qualquer filme desejado pelos produtores da Miramount (qualquer semelhança com a Paramount não é mera coincidência). O único porém é que a verdadeira Robin Wright deveria abandonar sua carreira para sempre.

Utilizando esse argumento, o longa passa a realizar críticas aos produtores e estúdios que tem sua mente fixada no lucro, desconsiderando o lado artístico ou sequer humano do cinema. Para ilustrar isso de forma ainda mais evidente, após o primeiro terço do filme, embarcamos em uma jornada nada menos que psicodélica através das versões animadas dos personagens do filme – a referência ao uso abusivo de drogas é, a partir daqui, constante, ao,passo que a forma que os personagens se transportam para o mundo da animação é através da inalação de um líquido bastante suspeito.

É aqui que O diretor Ari Folman demonstra a criatividade de sua obra, utilizando diversos trações surrealistas que aproveitam as possibilidades de movimentação do desenho. Cada personagem mostrado possui um traçado diferente, que remete à própria história da animação – enquanto alguns se assemelham ao oriental Studio Ghibli outros poderiam ter sido tirados dos desenhos clássicos do Mickey. Tal diversidade também se demonstra nos cenários detalhados e estonteantes que garantem uma personalidade única ao filme.

Por outro lado, enquanto a animação prende o espectador, o roteiro acaba nos perdendo. A história tem um início bastante simples e até previsível, até o puro nonsense que não consegue soar nada menos que incrivelmente confuso. Além disso, os diálogos nos momentos live-action soam como se tirados de um filme B, funcionando somente nos trechos animados.

O Congresso Futurista é um filme ousado que faz uso do constante crescimento da indústria digital. Ele oscila entre a ficção científica, a fantasia e o surrealismo conseguindo se manter estável atravessar e sua estética bem trabalhada. Embora conte com um roteiro confuso ainda é uma experiência válida que merece ser assistida com a mente bastante aberta.

O Congresso Futurista (The Congress) – Israel/ Alemanha/ Polônia, Luxemburgo/ França/ Bélgica, 2013
Direção: Ari Folman
Roteiro: Ari Folman, baseado no livro de Stanislaw Lem
Elenco: Robin Wright, Harvey Keitel, Jon Hamm, Paul Giamatti, Kodi Smit-McPhee, Danny Huston, Sami Gayle, Michael Stahl-David, Michael Landes, Sarah Shahi.
Duração: 122 min.

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