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Crítica | Dois Lados do Amor

por Gisele Santos
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Ah, look at all the lonely people“, já cantavam os Beatles na música Eleanor Rigby, que eu cantarolei mentalmente durante toda a exibição de O Desaparecimento de Eleanor Rigby no cinema. E sim, o filme do diretor Ned Benson é sobre a solidão que cada um de nós enfrenta, mesmo estando em um relacionamento amoroso, ou no caso do filme, um casamento fadado ao fracasso.

Benson é um diretor que merece nosso reconhecimento pelo fato de ter feito não apenas um, mas três filmes. Um deles trata o relacionamento do ponto de vista do homem (interpretado por James McAvoy), outro da perspectiva da mulher (vivida por Jessica Chastain) e um terceiro, que está no circuito comercial, que é a soma dos dois anteriores. Isso faz com que a versão “deles” seja contada de uma forma mais lenta, com alguns flashbacks que mostram como um casal apaixonado conseguiu chegar à sua separação.

O roteiro, também assinado por Benson, foi escrito há 10 anos e apresentado para a amiga Jessica Chastain, que se encantou com a proposta. Ao longo do tempo a narrativa foi tomando forma e surgiu a ideia de criar três longas independentes.

Já nos minutos iniciais somos apresentados a uma Eleanor angustiada e em busca de dar fim à sua vida. Ainda não se entende o motivo da tentativa de suicídio, mas a narrativa já pontua que uma tragédia faz parte das explicações para a separação dela e de Conor. Ao longo do filme, também somos apresentados aos personagens secundários (um elenco estelar com nomes como Viola Davis, William Hurt e a francesa Isabelle Huppert) que pontuam bons momentos na trama.

Assim que o espectador descobre o motivo da separação do casal (não vou estragar a surpresa, tá?) as peças deste quebra-cabeça emocional começam a se encaixar e, aos poucos, você percebe que está diante de um romance pouco convencional. Você consegue ver o amor entre os dois personagens, mas ao mesmo tempo se dá conta de que a sombra e a dor da tragédia estarão sempre presentes. Será que o amor é suficiente para lutar contra tantas adversidades?

Se O Desaparecimento de Eleanor Rigby pudesse ser comparado a algum filme atual, este poderia ser Namorados para Sempre, que foi vendido no Brasil como um filme romântico. Em ambos, o casal protagonista se ama, mas uma força maior os afasta. Aqui temos um enredo semelhante e também com excelentes atuações. Chastain mostra que é mesmo uma das melhores atrizes de sua geração e nos entrega uma Eleanor fria e incompreensível, que demoramos algum tempo para simpatizar.

O que talvez comprometa o filme seja a sua extensão. Duas horas é tempo demais para contar uma história tão triste, pesada e cheia de dor, como é a vida de Eleanor e Conor. Claro que a vida real é ainda pior, sabemos disso, mas a falta de um alívio cômico, ou mesmo cenas que passem um pouco de esperança para um relacionamento já tão desgastado. O diretor poderia ter deixado o filme um pouco mais leve e mais fresco. A dureza de O Desaparecimento de Eleanor Rigby não dá trégua e você sai do cinema com a sensação de que nem todo o relacionamento é sinônimo de amor. Muitos são carregados de sentimentos que só fazem sofrer e aumentar a solidão das pessoas, como cantou o quarteto inglês.

O Desaparecimento de Eleanor Rigby (The Disappearance of Eleanor Rigby: Them, EUA – 2014)
Direção: Ned Benson
Roteiro: Ned Benson
Elenco: James McAvoy, Jessica Chastain, Viola Davis, Bill Hader, Ciarán Hinds, Isabelle Huppert, William Hurt, Jess Weixler, Nikki M. James
Duração: 123 min.

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