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Crítica | O Enigma Chinês

por Filipe Monteiro
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Passados dez anos após os intensos e inusitados momentos vividos durante um intercâmbio na cidade de Barcelona e a última parada em São Petersburgo, nos deparamos com os personagens já conhecidos de Albergue Espanhol e Bonecas Russas com novos conflitos típicos de que vive na faixa dos 40.

Xavier (Romain Duris) e Wendy (Kelly Reilly) agora são casados, pais de um casal e filhos e lutam para manter um casamento em crise. A situação sai do controle quando o rapaz aceita realizar uma doação de sêmen para a amiga Isabelle (Cécile de France) que junto à esposa sino-americana Ju (Sandrine Holt) sonha em ter o primeiro bebê.

Tudo acontece muito rápido. Xavier faz a doação sob a condição de “não ser um pai no sentido tradicional do termo”. Wendy termina o relacionamento com Xavier e decide se mudar com os filhos Tom (Pablo Mungnier-Jacob) e Mia (Margaux Mansart) para Nova Iorque, onde se casa com John (Peter Hermann), um americano que conheceu durante uma viagem que fez. Não considerando a possibilidade de ser um pai ausente e viver longe de seus filhos, Xavier decide arrumar as malas e embarcar no avião com destino à Big Apple.

O filme é um resgate à atmosfera presente em O Albergue Espanhol e mostra a evolução dos personagens centrais da trilogia. Pela primeira vez é possível se entregar por inteiro a Martine (Audrey Tautou), dessa vez mais madura, segura e incrivelmente doce. Wendy faz as vezes da mãe que busca o melhor para a sua família. Isabelle, sempre engraçada, tenta manter um relacionamento estável, mas não resiste às recaídas que encontra no caminho. Já Xavier, mesmo sendo um pai incrível, ainda busca respostas e caminhos na vida.

Klapisch nos transporta novamente ao irresistível quebra-cabeça que é a vida de Xavier. Em meio a devaneios e pensamentos que contam com a participação especial de filósofos alemães, é impossível ser indiferente aos anseios do protagonista. Quem assiste a Enigma Chinês torce incansavelmente para que Xavier dê uma guinada na vida, drible a insegurança e o azar que insiste em acompanhá-lo e termine bem.

A qualidade da fotografia se mantém muito boa. O mesmo acontece com a trilha sonora e a construção de todas as cenas. As imagens recorrentes tanto no filme como na trilogia em si contribuem para o tom que Kaplisch quer dar à narrativa. Não é mais possível, por exemplo, assistir ao encontro de Martine e Xavier e não antecipar a clássica cena em que os dois estejam juntos na cama.

O elenco não poderia ser melhor. Ao fim das contas têm-se no núcleo principal Xavier e as três mulheres que se relacionou das mais diferentes maneiras ao longo de toda a trilogia: Wendy, Isabelle e Martine. Uma das cenas mais emblemáticas de todo o filme é o encontro dos quatro no metrô de Nova Iorque. Na tentativa de formular um par compatível a Xavier, Wendy define o que no fundo todos que acompanharam a trajetória do protagonista já sabiam: “Xavier, você precisa de uma combinação de nós três”.

Não vou entrar nos detalhes do enredo do longa, tampouco no seu desfecho para não acabar com a graça de quem quer assistir. O que afirmo, com certeza, é que Enigma Chinês é a garantia de uma boa conclusão à história que começou há alguns anos. A impressão que temos é que o roteiro foi metricamente pensado para que tudo fosse encaixado no seu lugar com a mais exata dose de comédia, o que combina curiosamente com o seu título original.

Enigma Chinês (Casse-tetê chinois) – França, 2013
Direção: Cédric Klapisch
Roteiro: Cédric Klapisch
Elenco: Romain Duris, Audrey Tautou, Cécile de France, Kelly Reilly
Duração: 117 min.

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