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Crítica | O Exótico Hotel Marigold

por Ritter Fan
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estrelas 3,5

O Exótico Hotel Marigold é um daqueles filmes que melhor podem ser definidos pelo adjetivo “agradável”, merecendo mesmo o superlativo “agradabilíssimo”. É difícil encontrar alguém rabugento ou amargo o suficiente para sair de uma sessão de cinema dessa obra dizendo simplesmente que não gostou ou que o filme é uma porcaria. O sentimento de leveza e aquele sorriso no rosto são coisas que ficam, além, é claro, de uma admiração maior ainda pelo genial elenco britânico da fita.

Afinal de contas, ver ao mesmo tempo nas telas estrelas como Judi Dench (Evelyn Greenslade), Tom Wilkinson (Graham Dashwood), Bill Nighy (Douglas Ainslie), Penelope Wilton (Jean Ainslie), Maggie Smith (Muriel Donnelly), Ronald Pickup (Norman Cousins) e Celia Imrie (Madge Hardcastle) é algo raro e inusitado, uma espécie de reunião – como houve várias – de Jack Lemmon com Walter Matthau já no crepúsculo de suas vidas, só que em escala muito maior. Todos eles, de uma forma ou de outra, acabam, juntos, parando na Índia (mais especificamente Jaipur) tendo em vista a promessa de uma aposentadoria luxuosa no hotel título. Chegando lá, eles se deparam com um palacete caindo aos pedaços comandado por um agitado e ambicioso jovem, Soony Kapoor (Dev Patel, o menino de Quem Quer Ser Um Milionário? e, mais recentemente, Chappie).

Nenhum dos personagens tem conexão com a Índia, a não ser o Juiz Graham Dashwood, que decide se aposentar e voltar ao país onde foi criado. Ele tem um propósito, uma obsessão mas que apenas ficamos sabendo qual é mais para o final. Os demais personagens estão perdidos mas vão, aos poucos, encontrando uma razão para estar lá, seja profissional, amorosa ou só por estar feliz no Hotel Marigold. Não há grandes discussões filosóficas que fujam muito do adágio que diz que você deve aproveitar sua vida ao máximo em todas as circunstâncias. Com isso, mesmo os momentos tristes são enternecedores e fica fácil ver que esses momentos, na verdade, devem até ser comemorados.

Apesar de grandes atuações, algo que já se espera desse super-elenco, creio que valha especial atenção à performance de Maggie Smith (a professora Minerva McGonagall, da série Harry Potter, somente para citar um de seus papéis recentes de maior relevo). Atuando quase o tempo todo em cima de uma cadeira de rodas (ela vai para a Índia operar os quadris), seu personagem preconceituoso e rabugento é perfeito. Ela consegue passar com tanta clareza seus sentimentos – que nunca são aquilo que parecem à primeira vista – que genuinamente gostamos do personagem mesmo quando ela solta os maiores impropérios racistas.

Mas o filme têm também um defeito que se origina de sua maior qualidade: há muitos personagens com histórias independentes. Isso gera a necessidade do diretor John Madden (Shakespeare Apaixonado) fazer uma frenética dança das cadeiras, às vezes dando atenção demais a um determinado personagem em detrimento a outro. Assim, nem todas as estórias são bem desenvolvidas. Como o filme é baseado em um livro de Deborah Moggach (These Foolish Things), a estrutura de contar várias narrativas paralelas é clássica, mas funciona muito melhor por escrito do que na tela. No entanto, não é nada que estrague o prazer de ver O Exótico Hotel Marigold.

O que atrapalha mesmo é assistir ao trailer desse filme. Apesar de também simpático, ele foi montado de maneira a já estragar a grande maioria das piadas. Custa fazer um trailer um pouco menos mastigado e revelador?

O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel – EUA/ Reino Unido/ Emirados Árabes Unidos – 2011)
Direção: John Madden
Roteiro: Ol Parker (baseado no livro de Deborah Moggach)
Elenco: Judi Dench, Bill Nighy, Maggie Smith, Tom Wilkinson, Patrick Pearson, Penelope Wilton, Liza Tarbuck, Paul Bhattacharjee, Celia Imrie, Dev Patel.
Duração: 124 min.

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