Home QuadrinhosMinissérie Crítica | O Fim do Universo Ultimate (Tie-In de Guerras Secretas – 2015)

Crítica | O Fim do Universo Ultimate (Tie-In de Guerras Secretas – 2015)

por Ritter Fan
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estrelas 3,5

Obs: Leia a crítica da saga aqui e dos demais tie-ins aqui.

O que são os tie-ins: Em Guerras Secretas, saga de 2015, o Doutor Destino – agora Deus Destino – recriou o mundo ou, como agora é conhecido, Mundo Bélico, a seu bel-prazer, dividindo-o em baronatos, cada um normalmente refletindo de alguma forma um evento ou uma saga passada da Marvel Comics. Com isso, a editora, que, durante o evento, cancelou suas edições regulares, trabalhou como minisséries – algumas mais auto-contidas que as outras – que davam novo enfoque à situação anterior já conhecida dos leitores, efetivamente criando uma saga formada de mini-sagas, com resultado bastante satisfatório, muitas vezes até superior do que as nove edições que formam o coração de Guerra Secretas.

Crítica

o_fim_do_universo_ultimate_guerras_secretas_capa_plano_criticoBrian Michael Bendis reunindo-se mais uma vez com Mark Bagley. Capa do primeiro número homenageando a capa do importantíssimo primeiro número de Ultimate Homem-Aranha só que com Miles Morales no lugar de Peter Parker. Heróis clássicos dos dois universos mais importantes da Marvel se digladiando (Terra-616 vs Terra 1610). Tudo pronto para começar o grande fim do sensacional Universo Ultimate que tirou a Marvel do marasmo editorial 15 anos antes.

E, de certa forma, a dupla que começou tudo terminou de forma eficiente o que erigiram por tanto tempo. Poderia ter sido muito melhor. Deveria ter sido muito melhor. Mais pompa e circunstância para um evento tão importante, mas, se considerarmos que Guerras Secretas e todas as suas dezenas de tie-ins têm como objetivo primordial justamente acabar o Universo Ultimate, ou melhor, fundi-lo ao Universo Marvel “Normal”, é possível concluir que esse fim de uma era foi mais do que digno.

A minissérie em si, infelizmente, no lugar de lidar com o fim do Universo Ultimate fora do Mundo Bélico criado por Deus Destino, algo que traria talvez mais autenticidade à história, reproduz os eventos imediatamente pré-Guerras Secretas em uma região composta por uma versão híbrida de Manhattan, metade na Terra-616 e metade na Terra-1610. Nesse local, os heróis de cada universo tentam entender o evento que parece estar sempre acontecendo, com heróis “duplicados” para todos os lados. Os pivôs da narrativa, como não poderiam deixar de ser, são as duas versões de Tony Stark: um sério e compenetrado condizente com sua versão do Universo Marvel e outro bêbado e irresponsável condizente com sua versão do Universo Ultimate. O choque dessas mentes deixa os Thors nervosos – já que tudo que desafia a lógica frágil do que foi criado por Deus Destino é heresia – e o conflito então se estabelece.

O problema é que a minissérie, apesar de contar com cinco edições, é lenta e arrastada, com eventos desimportantes acontecendo ao longo de três números, somente para que, então, Miles Morales do universo pré-Guerras Secretas aparece para catalisar grandes revelações aumentadas pela leitura mental feita por Emma Frost e Jean Grey e transmitida a todos os heróis de maneira não muito diferente do que Bendis faz com os poderes de Ulisses em Guerra Civil II. A demora para algo efetivo acontecer mostra que não havia estofo para uma história do tamanho da escrita por Bendis e os eventos pré-Morales estão lá apenas, muito provavelmente, por seu fator nostalgia, especialmente quando as duas versões do Hulk saem no tapa, destruindo tudo no processo.

E esta é a oportunidade que Bagley tem de mostrar sua excelente arte, com um controle absoluto e preciso da diagramação de páginas e distribuição equânime das dezenas de heróis ao longo da narrativa e de seus painéis, alguns deles duplos. Infelizmente, porém, o artista acaba ficando limitado ao texto pouco relevante de Bendis, que luta para esticar sua história o máximo possível, sem ter material para tanto.

Mas a tentativa é válida de toda forma. Pode não ser a melhor forma de se acabar com o Universo Ultimate, mas a grande verdade é que ele vinha cambaleante já há muito tempo, desde quando a Marvel resolveu absorver suas melhores qualidades para dentro de seu universo padrão e usá-lo como trampolim criativo para o Universo Cinematográfico Marvel. Foi uma escolha que esvaziou o Universo Ultimate tanto dos criativos que lá trabalhavam quanto de sua importância dentro da tapeçaria da editora. E, se pensarmos bem, considerando que a premissa básica para a existência da Terra-1610 era permitir que novos leitores migrassem para a Marvel sem se preocupar com décadas de continuidade narrativa, o mero fato de mais de uma década ter se passado desde o começo dessa empreitada editorial, criando considerável peso cronológico, já matava toda a lógica por trás da ideia.

Portanto, o fim do Universo Ultimate era algo que já vinha no horizonte há algum tempo e foi uma decisão francamente inevitável. A minissérie vem dar um adeus digno – mas longe de perfeito – a 15 anos de história e merece a atenção dos leitores mais saudosos.

O Fim do Universo Ultimate (Ultimate End, EUA – 2015/6)
Contendo: Ultimate End (2015/6) #1 a #5
Roteiro: Brian Michael Bendis
Arte: Mark Bagley
Arte-Final: Scott Hanna, Andrew Hennessy
Cores: Justin Ponsor
Letras: Cory Petit
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: julho de 2015 a fevereiro de 2016
Editora no Brasil: Panini Comics
Data de publicação no Brasil: novembro de 2016
Páginas: 132

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