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Crítica | O Garoto e o Gigante – 1X01 e 02: The Sonic Projector

Chewbacca tem um primo nas montanhas americanas.

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 02
Número de episódios: 28
Período de exibição: 10 de setembro de 1977 a 18 de agosto de 1979
Há continuação ou reboot?: Não.

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Quando criança, duas séries produzidas pela dupla Sid e Marty Krofft me marcaram. A primeira foi O Elo Perdido, pois ela tinha tudo o que eu mais queria ver na “enorme” TV da sala de não mais do que 18 polegadas, dinossauros e efeitos especiais de fazerem os olhos de uma criança brilharem. Dessa série, eu sabia e ainda sei todos os detalhes e, mesmo tendo revisto seu piloto não tem muito tempo, muito do charme se manteve. A outra… bem, a outra eu só me lembrava em flashes em minha mente que continham uma criatura peluda como o Chewbacca gritando algo como “baioooooba” e correndo em câmera lenta e com sonoplastia “biônica” ao lado de um garoto loiro com figurino de pele de animal e rosto de “gente velha”.

A coluna Plano Piloto, então, me fez pesquisar e descobrir que esses meus flashes de memória não eram pesadelos do capazes de fazer qualquer um acordar gritando e suando frio, mas sim a mais pura realidade, assim como o Star Wars Holiday Special, que por muitos anos achei que era invenção de minha mente fértil, é também realidade. O Garoto e o Gigante, também conhecido por aqui como Menino Selvagem e que tem como título original Bigfoot e Wildboy (Pé Grande e o Garoto Selvagem em tradução direta) existiu mesmo e todas as características que listei acima estão lá intactas, para meu mais absoluto pavor, especialmente ao notar que a pelagem do Pé Grande (Ray Young), lisinha e balançando ao vento na constante câmera lenta, parece aqueles anúncios de xampu Colorama ou Seda de priscas eras. E sim o tal Garoto Selvagem, que a narração de abertura informa que foi achado pelo Pé Grande há oito anos e criado por ele, de “garoto” não tem nada, pois Joseph Butcher já tinha 21 anos na época, mas com rostinho de pelo menos 30.

Estabelecido então que essa série não foi um devaneio meu, cabe dizer que ela teve vida curta, apenas 28 episódios, com os  16 primeiros, formando a primeira temporada, contabilizando, no final das contas, apenas oito episódios, já que são todos duplos, inclusive o piloto The Sonic Projector, objeto da presente crítica. Com duração total de meros 25 minutos é impressionante o quanto de cenas repetidas a série usa. Os saltos do gigante são sempre exatamente os mesmos, assim com suas corridas que são invariavelmente em câmera lenta e com o som “biônico” certamente para imitar o icônico som correspondente de O Homem de Seis Milhões de Dólares, grande sucesso da época. E o mesmo vale para o Garoto Selvagem com seu cabelinho sempre arrumado e completamente imberbe, como se todo dia de manhã ele acordasse em sua caverna, apertasse um botão como o Urso do Cabelo Duro e transformasse tudo em um salão de beleza em que ele ficava por horas a fio antes de partir para aventuras ao lado do garoto-propaganda do xampu Seda.

Ah, esqueci-me da história. Se é que posso chamar isso de história. Do nada, um professor (David Byrd) e seu assistente inútil Victor (Gary Cashdollar – olha esse sobrenome!!!), aparece na floresta em que a dupla do título vive para testar o tal “projetor sônico” que é capaz de destruir tudo com um apertar de botões. A dama em perigo Susie (Monika Ramirez) acaba sendo pega no fogo cruzado e seus amigos “selvagens” partem para o resgate e para lidar com a vilania aleatória do tal professor. A criatividade da história é em estabelecer uma ameaça que não precisa de nenhum efeito especial, já que “som” não precisa de imagem, pelo que todo o orçamento pode ficar nas perfeitas pedras de isopor que “esmagam” o Pé Grande e no aluguel do jipe que os vilões usam para carregar a geringonça.

Os valores de produção são tão baixos, mas tão baixos, que dá pena. Ver a reutilização infinita de cenas padrão é inegavelmente hilário, assim como a própria dupla principal e seu figurino peculiar ser o ponto alto do ridículo televisivo. Sim, é uma série feita para crianças nos anos 70, mas O Elo Perdido também era – e da mesma produtora – e apresentava muito outros elementos interessantes para colorir as aventuras, inclusive roteiros que no mínimo dos mínimos conseguem trazer alguma lógica razoável para as sequências de ação. O Garoto e o Gigante, porém, tem a vantagem de marcar justamente por ser paupérrimo. Mas marcar de um jeito ruim, claro…

O Garoto e o Gigante – 1X01 e 1X02: The Sonic Projector (Bigfoot and Wildboy – EUA, 10 de setembro de 1977)
Criação e desenvolvimento:
Joe Ruby, Ken Spears
Direção: Gordon Wiles
Roteiro: Donald R. Boyle
Elenco: Ray Young, Joseph Butcher, Monika Ramirez, Ned Romero, David Byrd, Gary Cashdollar
Duração: 25 min.

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