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Crítica | O Guarda-Costas (Stay Hungry)

A simplicidade do "pumping iron".

por Kevin Rick
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O Guarda-Costas (Stay Hungry) conta a história de um grupo imobiliário que está comprando todas as propriedades em um distrito, com o último prédio do quarteirão sendo uma pequena academia que conta com um grupo curioso de personagens, incluindo o fisiculturista Joe Santo (Arnold Schwarzenegger) e a divertida funcionária Mary Tate (Sally Field). Craig Blake (Jeff Bridges) é enviado para persuadir o dono da academia a vender a propriedade para sua empresa, mas o personagem acaba se apegando às pessoas do local.

Eu não conseguia parar de lembrar de Carros assistindo a este filme. É aquela velha história do personagem um tanto esnobe que acaba se afeiçoando a uma vida mais simples e pacata, criando diferentes laços com amigos decentes e honestos. Nesse sentido, o arco do protagonista é batido e cheio de clichês, mas o roteiro é dramaticamente sincero ao colocá-lo em diversas situações para torná-lo mais humilde, mesclando momentos cômicos e dramáticos.

Os atores são essenciais para que a história funcione, com um Jeff Bridges sempre carismático de assistir, e uma Sally Field navegando uma personagem pura, romântica e verdadeira. O casal é um deleite em tela, ainda que o texto não traga melhores diálogos e material para os artistas trabalharem. No entanto, quem rouba a cena é Arnold Schwarzenegger em começo de carreira, no seu segundo papel de importância após Hércules em Nova York.

Posteriormente conhecido como uma das maiores estrelas de ação do mundo e também por papéis cômicos, Arnold nos mostra uma faceta surpreendente: um personagem muito humano e simpático. Eu gosto como o roteiro evita uma caricatura do grandão, seja o “cara forte com coração de ouro”, seja o personagem musculoso meio burro que diz frases engraçadas. Joe Santo é vulnerável, tem problemas, mas tem talentos, seja o fisiculturismo, seja tocar violinos (!), e Arnold realmente tem uma performance natural e autêntica. Fiquei surpreso com o Schwarza aqui, ainda que por muitas vezes ele pareça estar atuando como ele mesmo.

O grande problema do longa está na aparente sensação que a narrativa foi sendo montada à medida que filmavam a obra, com Bob Rafelson meio perdido no tom e na condução da história. A produção é cheia de momentos arbitrários, muitos deles excessivamente longos (demérito da péssima montagem), e também alguns blocos deslocados e simplesmente sem sentido. Algumas sequências são até divertidas nesse sentido, como os fisiculturistas correndo pela cidade ou algumas cenas sobre karatê, enquanto outras cenas são chatíssimas, como a abertura em voice-over ou a festa dos ricaços.

Muitas vezes O Guarda-Costas (Stay Hungry) parece um filme até feito nas “coxas”, com situações surgindo aleatoriamente na história e a falta de uma proposta narrativa, além de que, pelo lado dramático, o arco de Craig Blake é super genérico e quase sem progressão, considerando que a produção é uma colagem de situações. Ainda assim, há algo curiosamente amável na produção, seja a atmosfera simplista e sincera daquela academia e seus personagens de grande coração, seja o carisma de um elenco de grandes nomes, em especial um fisiculturista que se veste de Batman.

O Guarda-Costas (Stay Hungry) – EUA, 1976
Direção: Bob Rafelson
Roteiro: Charles Gaines, Bob Rafelson
Elenco: Jeff Bridges, Sally Field, Arnold Schwarzenegger
Duração: 102 min.

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