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Crítica | O Guerreiro Silencioso

por Rodrigo Pereira
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Existem filmes que possuem pelo menos duas horas e meia de duração e funcionam tão bem nos mais diversos aspectos cinematográficos que poderiam durar uma quantidade indefinível de horas a mais e ninguém reclamaria. Infelizmente, não é o caso dessa vagarosa e confusa obra do dinamarquês Nicolas Winding Refn, que faz Blade Runner 2049 parecer um juvenil no quesito lentidão.

Valhalla Rising (O Guerreiro Silencioso) segue One Eye (Mads Mikkelsen), um guerreiro mudo, cego de um olho e dono de uma descomunal força que é mantido como escravo por Barde (Alexander Morton) e obrigado a lutar contra outros homens rotineiramente. Sua única relação é com um menino (Maarten Stevenson), que é encarregado de levar água e comida para o guerreiro. Após conseguir se libertar, One Eye parte com o garoto sem rumo até encontrarem um grupo de guerreiros cristãos que os convencem de juntarem-se a eles numa jornada até Jerusalém, sob a promessa de farturas e riquezas.

Agora, de onde vem essa força tão grande desse guerreiro? Como um ser tão poderoso se tornou escravo? Quais as motivações para seu “dono” o fazer lutar diariamente? Por que vivem isolados em montanhas sem absolutamente nenhum sinal de vida civilizada? Por que há um grupo de mulheres nuas junto de guerreiros cristãos a caminho da Terra Santa? Essas são perguntas que provavelmente surgiriam a qualquer pessoa ao assistir o filme e que ficam sem respostas, pois o roteiro não oferece nada plausível para nenhum dos questionamentos.

E toda a trama é dividida em cinco atos que auxiliam um pouco o espectador a se localizar, mas mesmo assim são insuficientes para entender o verdadeiro significado que Refn pretende transmitir (se é que há algum). Somado a infindáveis caminhadas sem rumo por montanhas desabitadas, personagens se encarando por mais tempo que o necessário e pouquíssimas falas ao longo de noventa minutos, esse trabalho do cineasta dinamarquês tem um enorme potencial de deixar qualquer um com sono, mesmo após uma jarra de café.

Dentre os poucos acertos, pode-se destacar a estética em geral do filme, desde belas paisagens até pequenos planos com belas cores fortes, algo que já se tornou uma marca do diretor. A boa fotografia de Morten Søborg também merece reconhecimento, assim como as cenas de luta, que, apesar de curtas, são ótimas e transmitem grande brutalidade e realismo. A principal congratulação, porém, fica com o sempre ótimo Mads Mikkelsen, que mesmo sem dizer uma única palavra durante toda a película, passa de forma excelente todos os sentimentos de sua personagem através de expressões corporais e, principalmente, de seu olhar.

Com um roteiro muito defeituoso e um ritmo extremamente lento e cansativo, sem nada que o ampare melhor, Valhalla Rising tenta se apresentar como uma obra-prima contemporânea, mas não passa de um filme com uma fotografia bonita, extremamente problemático, cheio de problemas estruturais no roteiro e só não é ainda pior devido a excelente atuação de seu protagonista. Dentre os trabalhos de Refn, está muito mais próximo de O Demônio de Neon do que de Bronson e Drive, por exemplo.

O Guerreiro Silencioso (Valhalla Rising) — Dinamarca, Reino Unido, 2009
Direção:
Nicolas Winding Refn
Roteiro: Nicolas Winding Refn, Roy Jacobsen, Matthew Read
Elenco: Mads Mikkelsen, Alexander Morton, Stewart Porter, Maarten Stevenson, Matthew Zajac, Gordon Brown, Gary McCormack, Andrew Flanagan, James Ramsey, Gary Lewis, Jamie Sives, Ewan Stewart, Rony Bridges, Robert Harrison
Duração: 93 minutos

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