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Crítica | O Homem Sem Sombra 2

por Leonardo Campos
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A fantasia da invisibilidade foi tão intensa em O Homem Sem Sombra que a sua continuação inevitável ganhou corpo, mas com diversos problemas, dentre eles, a falta de qualidade estética, o seu lançamento tardio e a forçada história cheia de remendos dramáticos para se justificar interessante, quando de fato não é. Quando digo que O Homem Sem Sombra 2 é uma sequência inevitável, me refiro ao sucesso financeiro do antecessor, algo que mexe com os ânimos de investidores que acreditam na retomada da história, transformada em franquia. A produção dirigida por Paul Verhoeven era uma narrativa amarrada, sem chances de ganhar continuidade, por isso nenhum sobrevivente ou personagem retorna, mencionados em pequenas e inexpressivas passagens, como a cena em que um homem segura um cartaz que diz “o bacon pode matar”, uma possível referência paródica ao filme lançado em 2000, revolucionários em seus efeitos visuais.

A paródia, por sinal, é umas das únicas justificativas para a existência desta versão 2.0 da invisibilidade, curiosamente inferior ao primeiro em seus aspectos estéticos. É de se esperar que uma produção assim, lançada mais de meia década após o seu antecessor, renove e alimente as nossas expectativas diante de outras possibilidades narrativas, mas não há nada disso. O que temos é a repetição menos eficiente da história de alguém que descobre o soro da invisibilidade e perde a compostura, tornando-se uma ameaça para a sociedade. Sob a direção de Claudio Fah, cineasta guiado pelo roteiro de Joel Saisson, inspirado nos personagens de Andrew W. Marlowe e Gary Scott Thompson, O Homem Sem Sombra 2 também não credita H. G. Wells e qualquer relação com o clássico literário O Homem Invisível. Algo previsível, como o filme em questão, lançado diretamente no mercado de DVD, muito rentável na época.

O conceito continua o mesmo. A mescla dos interesses governamentais com o desejo de cientistas brincando de ser Deus. O desenvolvimento de uma arma letal traz mais uma vez o soro da invisibilidade a transformar um homem com predisposição ao crime. O “monstro” dessa vez é Michael Griffin (Christian Slater). Ele se torna uma máquina de matar, interessado em perseguir Maggie Dalton (Laura Regan), única pessoa que sabe como proceder diante da reversão da invisibilidade do personagem. Ciente da máquina de matar que está à solta, ameaça com poderes além do normal, o chefe de polícia William Reisner (David Mcllwraith) escala dois detetives para defender a cientista em perigo: Lisa Martinez (Sarah Deakins) e Frank Turner (Peter Facinelli).

Num ataque já esperado de Griffin a agende Martinez morre e Turner se torna ainda mais interessado em eliminar a ameaça invisível. Para acrescentar adrenalina ao enredo, ele também se torna invisível, num embate entre duas forças em “duelo transparente”. Neste processo, Maggie, solitária, vai se interessar amorosamente com o agente, motivo secundário para que Turner elimine Griffin e faça a paz se reinstalar em suas vidas. Tudo isso é captado pela direção de fotografia de Peter Wunstorf, responsável pelos enquadramentos e movimentos desta história cheia de coreografias e com mortes off-screen. O design de produção de Bretan Harron atende aos requisitos do roteiro básico, sem grandes momentos na seara da visualidade, algo que também ressoa nos efeitos da equipe de Ben Grossmann, menos impactantes por conta do orçamento reduzido da produção.

A história em si, conduzida musicalmente pela trilha sonora de Marcus Trumpp, não é horrível. Funciona como filme de ação se não ficarmos presos aos elos comparativos com o filme antecessor. Ao longo de seus 91 minutos, o cineasta Claudio Fah empreende as forças necessárias para conseguir dar ritmo ao filme, mas todo o seu esforço não oferta muitos resultados positivos, pois não há roteiro e efeitos para uma história que seja mirabolante como a proposta pede. Ademais, Paul Verhoeven é curiosamente creditado como produtor executivo de O Homem Sem Sombra 2, mais uma trama sobre a tentação da impunidade, do homem diante das artimanhas do poder que o impede de agir com virtuosidade.

O Homem Sem Sombra 2 (Hollow Man 2) — Estados Unidos, 2006
Direção: Claudio Fäh
Roteiro: Joel Soisson, Gary Scott Thompson
Elenco: Christian Slater, Peter Facinelli, Laura Regan, William MacDonald, Sarah Deakins, Jessica Harmon, Sonya Salomaa, Colin Lawrence
Duração: 100 min.

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