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Crítica | O Louva-Deus Mortal (1957)

por Leonardo Campos
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Um louva-deus teria a capacidade de machucar alguém? O que sentir diante dessa criatura? Medo ou fascínio? São tantas as perguntas quando o assunto é um mundo gigantesco dos insetos e a associação com os medos e fobias humanas que muitas dessas perguntas podem ser relativas. É claro que só pela estrutura básica da criatura, o louva-deus seria incapaz de atacar um ser humano. Isso só no cinema. Apenas em O Louva-Deus Mortal, também conhecido como Fúria de Uma Região Perdida, produção dirigida por Nathan Juran, escrita por Martin Berkeley e lançada em 1957, mesmo ano de O Escorpião Negro, numa demonstração da profícua década de 1980 para os insetos, aracnídeos e animais assassinos. O temor diante do louva-deus, tal como manifestado por uma barata, formiga ou aranha é relativo, tanto para a psicanálise quanto para a teoria cognitivo-comportamental, pois ambos os campos observam de maneira distintas o fenômeno aparentemente irracional acerca desses nossos medos diante destes bichos.

Por sua estrutura, o louva-deus exerce determinado fascínio. Mas confesso, no entanto, desinteresse total por sua visita domiciliar. O lugar desta criatura, de fato, é na selva, longe das zonas urbanas, provavelmente destrutivas para a manutenção de sua espécie. Sempre que invisto em filmes do segmento, gosto de investigar um pouco algumas características do inseto ou animal para compreender o seu desenvolvimento nas narrativas ficcionais. Segundo alguns estudos basilares, o louva-deus pode ver animais camuflados, tem visão 3D e de longo alcance, é venerado na China e pode medir entre 8 e 17 centímetros de comprimento. Eles geralmente se posicionam de maneira majestosa, além de predar, a depender da situação, pássaros, lagartos, aranhas, cobras e até mesmo ratos. Em seu ciclo de vida, o macho pode ser devorado pela fêmea, as suas estratégias predatórias envolvem emboscadas e muitas vezes, ele toma a presa de assalto e sai voando, desnorteando-a. Em suma, uma incrível “força” da natureza.

Seus olhos enormes para o seu tamanho assustam e no desenvolvimento do filme de horror em questão, ele se tornou geneticamente modificado, óbvio. Com a direção de fotografia de Ellis W. Carter entre planos mais abertos, para contemplar as montagens e truques com a criatura em cena, e passagens bem fechadas para exaltar o horror dos personagens diante da ameaça gigantesca, O Louva-Deus Mortal conta com a dupla Fred Knoth e Cleo E. Baker nos efeitos especiais, setores que ganham a dimensão necessária para assustar e entreter dentro dos padrões da época quando associados com o design de som de Leslie Carey e Leon H. O filme parece todo gerido em duplas, pois tal como o som e os efeitos especiais, a trilha sonora conta com duas assinaturas: Irving Gertz e William Lava, setor que entrega uma textura percussiva mediana, sem uma composição memorável, algo justo, afinal, a produção B não traz nada de especial quando comparada aos demais do segmento na época. Para funcionar bem enquanto entretenimento, a produção dependeu também da edição em busca de sentido para o filme, trabalho de Chester Schaeffer, organizador do material bruto.

Na trama, encontramos basicamente a história de um louva-deus congelado desde a pré-história, acordado de seu sono e transformado num monstro gigantesco depois que uma explosão nuclear no Ártico promove o seu retorno. Ao despertar e se tornar mutante, a criatura trilha um caminho de horror e morte, algo que promove uma força-tarefa dos militares, cientistas e civis para a contenção desta ameaça voadora e mortal. O comandante Joe Parkman (Craig Stevens) é quem centraliza os momentos preambulares da ação investigativa, ao perceber que há algo de estranho no monitoramento de sua estação de trabalho. Depois dele chegam um paleontólogo e uma editora de revista, interessada em cobrir os acontecimentos. A mensagem, ao assistir a este e aos outros filmes do segmento, é a de reforço das promessas protecionistas do governo estadunidense em relação aos perigos da ideológica Guerra Fria. Soa como “não se preocupem, nós iremos proteger todos vocês”, haja vista a paranoia estabelecida pelos embates entre Estados Unidos e União Soviética, algo que delineou a história geopolítica do século XX.

O Louva-Deus Mortal — (The Deadly Mantis – Estados Unidos, 1957)
Direção: Nathan Juran
Roteiro: Martin Berkeley
Elenco: Craig Stevens, William Hopper, Donald Randolph, Alix Talton, Florenz Ames, Pat Conway, Paul Smith, Phil Harvey
Duração: 79 min.

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