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Crítica | O Massacre (1982)

Um maníaco e sua furadeira destroçam jovens universitárias incautas.

por Leonardo Campos
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Oriundo de um texto criado para ser uma paródia do slasher, com críticas substanciais ao desenvolvimento, em sua maioria, misógino deste subgênero do terror, O Massacre é também conhecido por aqui como Slumber Party Massacre na era do VHS, o seu título original. Em sua dose generosa de insanidade, a produção é uma divertida, mas arrastada e, nalguns momentos, insossa, narrativa básica sobre a presença de um psicopata sem máscara, munido de uma enorme furadeira, a trilhar um caminho com diversos cadáveres ao passo que persegue jovens universitárias incautas. Sem explicações excessivas que justifiquem a sua sede de sangue, tais como traumas psicanalíticos e demais elementos da memória que servem de combustível para a postura assassina, o filme subverte diversos clichês do subgênero e brinca com a matança panorâmica deste tipo de história, entregando ao público um manancial de cenas que flertam com sexo e transformação do corpo feminino em objeto para o voyeurismo.

Lançado em 1982, O Massacre traz um grupo de jovens garotas estudantes de Venice, região situada na Califórnia. Elas estão programadas para uma festa do pijama, ocasião ideal para bebida e diversão, haja vista a viagem dos pais de uma delas, deslocamento que deixa a casa livre para peripécias juvenis. Nos meios de comunicação, notícias sensacionalistas pululam e reforçam que a segurança da localidade se encontra comprometida, pois Russ Thorne (Michael Villella) fugiu do hospício e se encontra solto para realização de novos crimes para a sua extensa ficha. Rádio, televisão e jornais impressos, como o da abertura, entregue por um garoto de bicicleta, exploram a atmosfera temerosa, mas as jovens estudantes parecem muito preocupadas. Ele mata o responsável por um reparo de uma rede telefônica, traja seu uniforme, rouba a van e segue em sua saga de violência e morte.

Será neste ambiente de descuido que corpos serão anarquizados por este maníaco impiedoso que não precisa de muitos esforços para aniquilar uma considerável quantidade de vidas, corpos expostos pela eficiente maquiagem e efeitos especiais de Jane Scoutten. Acompanhamos a jornada de Trish (Michele Michaels), Kim (Debra Deliso), Jackie (Andree Honore), Diane (Gina Mari), Valerie (Robin Stille) e sua irmã Courtney (Jennifer Meyers). Nem todas conseguirão chegar ao final da jornada de O Massacre, mas muitas adentrarão na batalha, unidas em prol da eliminação do antagonista que ao menos neste primeiro filme, não possui características que o tornam sobrenatural. A produção é o primeiro de uma franquia que depois deste primeiro já mediano, continuou a saga da festa do pijama sem o mesmo frescor paródico do ponto de partida, caindo na habitual banalização de muitas sequências da época.

Sob a direção de Amy Holden Jones, diretora que assume o texto escrito em parceria com Rita Mae Brown, O Massacre é um slasher autocrítico que investe no comando de mulheres para refletir sobre o lugar destas personagens no bojo de um subgênero que geralmente as tratou, durante muito tempo, como figuras colocadas em lugares macabros de suplício. Dentro de suas limitações dramáticas, a parte estética consegue dar conta do que é preciso para o desdobramento narrativo dentro deste segmento. Destaque para os ângulos inclinados, plongee e contraplongee, nas cenas de enfrentamento entre o algoz e suas vítimas. Na trilha sonora, Ralph Jones entrega uma textura percussiva que tripudia do conteúdo exposto ao longo dos breves 80 minutos de história. Ademais, a icônica morte do entregador é um dos pontos máximos da produção, provavelmente inspiradora para diversas outras passagens do slasher no decorrer da história deste profícuo subgênero dos filmes de terror. Recentemente, uma refilmagem subverteu ainda mais as suas estruturas e dialogou com as problemáticas da contemporaneidade.

O Massacre (The Slumber Party Massacre, EUA – 1982)
Direção: Amy Holden Jones
Roteiro: Rita Mae Brown
Elenco: Michelle Michaels, Robin Stille, Michael Villella, Debra De Liso, Andree Honore, Gina Smika Hunter, Jennifer Meyers, Joseph Alan Johnson, David Millbern, Jim Boyce, Pamela Roylance, Brinke Stevens, Rigg Kennedy, Jean Vargas, Anna Patton, Howard Purgason, Pamela Canzano, Aaron Lipstadt, Francis Menendez, Amy Aquino
Duração: 80 min.

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